Édo Mariani:
“Hugo Gonçalves
foi quem melhor
compreendeu,
sentiu
e viveu
os ensinamentos
de Cairbar”
Próximo de
completar 90
anos, o
conhecido
espírita
matonense
fala-nos sobre
sua vivência
espírita e seu
convívio com
Cairbar Schutel
e Hugo Gonçalves
|
Édo Mariani
(foto) é
natural de Matão
(SP), onde
reside. Nasceu
em 14 de abril
de 1927 e se
aproxima,
portanto, dos 90
anos de
existência
física. Técnico
em Contabilidade
e vinculado à
Comunidade
Espírita Cairbar
Schutel, sua
experiência de
vida traduz os
frutos do
conhecimento
espírita junto à
família e ao
trabalho
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do bem. Com
estreitos laços
que o ligaram
durante toda a
existência a
Hugo Gonçalves,
suas respostas
oferecem ampla
visão dessa
experiência rica
de vivência e
aprendizado
espírita. |
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De seu histórico
familiar
espírita, o que
mais lhe é
marcante?
O que mais
marcou a minha
vida familiar
espírita foi a
convicção de que
o conhecimento
do Espiritismo e
sua prática no
Lar nos
proporcionam
maiores
possibilidades
de educação
fraterna entre
pais e filhos e,
por conseguinte,
paz entre todos.
Quais as
lembranças de Cairbar Schutel?
Minhas
lembranças de Cairbar não são
muitas, pois
quando ele
desencarnou
ainda não havia
completado onze
anos. Nasci em
abril de 1927 e
seu desencarne
se deu em
30/01/1938.
Segundo a minha
visão de
criança, era um
homem de ótima
aparência
física,
elegante,
simpático,
amável para com
todos, sempre
bem-vestido,
geralmente de
branco, e
realçava sua
personalidade o
cavanhaque
sempre bem
cuidado e o uso
de gravata. Era
afável no
convívio com
todos, atraente,
postura humilde,
mas de atitudes
enérgicas,
bondoso e de
coração
magnânimo,
especialmente
para com a
pobreza. Cuidava
dos animais como
se fossem
humanos. Orador
de bom quilate,
sabia como
poucos se fazer
compreendido,
pois sua empatia
a todos
envolvia.
E da convivência
com Hugo
Gonçalves, o que
tem a dizer?
Hugo Gonçalves
na minha visão
foi quem melhor
compreendeu,
sentiu e viveu
os ensinamentos
de Cairbar. Foi
seu admirador
incondicional e
assimilou com
clareza as
marcas de
Cairbar. Para
nós foi um dos
galhos
resistentes da
frondosa árvore
plantada por
Schutel em Matão
e transportado
para a cidade de
Cambé (PR), onde
criou raízes,
cresceu
transformando-se
em outra árvore
de idênticas
características
e também
produziu sombra
para os
desvalidos,
flores e frutos
para todos. Todo
o Norte do
Paraná foi
beneficiado com
a sua constante
pregação sobre a
vida e os feitos
de Cairbar.
Fundou,
juntamente com
Luiz Piccinin,
seu grande
amigo, o jornal
O IMORTAL que
circula ainda
nos dias de
hoje. Foi em
Cambé que
recebeu a
insígnia
carinhosa de
“paizinho” pelo
seu devotado
trabalho como
diretor, por
muitos anos, do
Lar Infantil
Marília Barbosa.
Quando residente
em Matão, sempre
foi o tio
querido dos
sobrinhos. Para
nos incentivar
no interesse
pelo
Espiritismo,
ensaiava peças
de teatro que
eram
apresentadas na
casa do vovô
José Maria com a
presença de
todos os
familiares e
amigos. Foi quem
me levou ao
conhecimento do
Espiritismo e o
incentivador de
meus primeiros
trabalhos
apresentados nas
reuniões do
Centro Espírita
Amantes da
Pobreza, hoje O
CLARIM.
Sobre as
experiências do
Lar, o que tem a
dizer sobre
esses anos
todos?
Sempre fomos
apaixonados por
crianças e no
Lar Infantil
Cairbar Schutel,
fundado em 8 de
maio de 1955,
junto a
companheiros da
Mocidade
Espírita Cairbar
Schutel, tivemos
como vivenciar
esse trabalho,
que é muito
compensador.
Temos de todos,
colaboradores e
abrigadas,
lembranças
emocionantes.
Fizemos do Lar a
continuação de
nossa família.
Ali vivenciamos
dias felizes.
Nossos filhos
aprenderam a
aceitar as
meninas do Lar
como irmãs, pela
forma igual como
eram tratadas.
Até hoje se
tratam assim.
Ficou na amizade
e os unem fortes
laços de
fraternidade.
Fale-nos sobre
as atividades da
Comunidade
Espírita Cairbar
Schutel.
A Comunidade
Espírita Cairbar
Schutel é
entidade
sucessora da
Mocidade
Espírita Cairbar
Schutel. Não
houve mudanças
na orientação
doutrinária.
Atividades novas
foram criadas,
com novos
programas de
trabalho. Sempre
pautou sua
orientação
doutrinária nas
obras basilares
da codificação
espírita. Nos
programas de
estudo e
divulgação da
doutrina
conserva ainda
os traços do que
aprendemos com
os exemplos
pautados pelo
nosso
orientador,
mestre e patrono
espiritual,
Cairbar.
Sobre o Núcleo
Assistencial,
qual a
experiência mais
enriquecedora?
O Núcleo
Assistencial
Espírita
utiliza-se do
prédio onde se
localizou por
muitos anos o
Lar Espírita
Cairbar Schutel,
transferido para
novo endereço
por alteração em
seu regime de
trabalho com as
crianças.
Atualmente ali
se realizam
vários programas
assistenciais,
alguns de
parceria com o
SENAI. Para
todos os
participantes,
grupos de
voluntários da
Comunidade
ministram aulas
de educação,
moral e ética,
embasadas na
doutrina
espírita.
Qual a sensação
de um espírita
na proximidade
dos 90 anos de
existência
física?
Aproximando-me
dos 90 anos de
idade física,
recordando a
história dos
missionários do
Espiritismo,
desbravadores
dos primeiros
tempos, sinto-me
certo de que a
afirmação dos
Espíritos
Superiores,
cooperadores de
Kardec na
organização de O
LIVRO DOS
ESPÍRITOS, ao
responderem à
questão 798,
afirmaram que o
“Espiritismo se
tornará crença
geral”, vem se
cumprindo,
embora
paulatinamente,
pois o
Espiritismo
tende a marcar
nova era para a
humanidade com a
transformação da
Terra em Mundo
de Regeneração.
É do Brasil,
Coração do
Mundo, Pátria do
Evangelho, a
incumbência da
propagação do
Espiritismo para
a humanidade,
sedenta de um
roteiro de luz.
Aqui se realiza
o exemplo do
trabalho. A
criação de
Associações
Espíritas das
mais variadas
entidades de
classe levará os
princípios da
doutrina ao
conhecimento de
médicos,
juristas,
advogados,
militares,
psicólogos e
tantas outras
categorias de
profissionais,
ao
aprofundamento
da ciência
Espírita e,
concomitantemente,
a sua vivência
propiciará a
transformação do
Mundo.
Qual o fato mais
marcante de sua
existência?
O fato que
marcou minha
existência foi a
fundação da
Mocidade
Espírita Cairbar
Schutel que nos
proporcionou a
participação no
primeiro
congresso das
Mocidades
Espíritas,
realizado na
cidade do Rio de
Janeiro em 1948,
pela iniciativa
do professor
Leopoldo
Machado, grande
incentivador e
propagador da
criação de
Mocidades
Espíritas por
todo o Brasil.
À Mocidade
Espírita Cairbar
Schutel sucedeu
a COMUNIDADE
ESPÍRITA CAIRBAR
SCHUTEL, cuja
entidade nos
proporcionou
maior
conhecimento
doutrinário e
daí a convicção
para algumas
mudanças em
minha vida,
formando uma
família e, com a
ajuda de todos,
Dirce (esposa
que já retornou)
e filhos,
continuar o
incansável
trabalho nas
obras espíritas
dali originadas.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Nasci em Lar
Espírita. Meus
avós maternos
foram grandes
amigos de
Cairbar Schutel.
Minha querida
mãe foi
encaminhada para
o Espiritismo
logo na
infância. Ela
foi uma
admiradora das
atividades de
Cairbar e fazia
parte das datas
festivas que
eram comemoradas
pelo Centro
Espírita Amantes
da Pobreza, como
declamadora de
poesias
escolhidas e
ensaiadas pelo
próprio.
Seguindo a sua
dedicação à
Doutrina,
encaminhou os
filhos desde a
infância para o
Centro Espírita.
Por isso posso
dizer que fui
espírita desde a
infância.
Suas palavras
finais.
Só agradecer por
esta entrevista,
que me trouxe
recordações tão
gratas.