Fraternalmente
Cármen Cinira
Perdoa a mágoa hostil
que te consome,
Porque, no centro da
alma dolorida,
Há de travar-se, com
rigor sem nome,
A batalha que aflige
mais que a fome,
Pela sublimação da
própria vida.
Enquanto vociferas
quando esgrimes,
Contra todos, supondo-te
o mais forte,
Desprezarás teus
próprios dons sublimes,
Multiplicando as
lágrimas e os crimes
Que te prendem aos
pântanos da morte.
Foge aos golpes escuros
do conflito,
Não te faças rebelde,
triste e louco;
Ao redor de teus sonhos
no Infinito,
Há sempre um mundo
amargurado e aflito,
Melhorando e subindo,
pouco a pouco.
Não dueles morrendo, em
vão, lá fora...
Trabalha, valoroso, dia
a dia,
Aceitando o aguilhão que
te aprimora
E acendendo, em ti
mesmo, a nova aurora
Da verdade, de amor e da
harmonia!
Transforma em luz a fé
que te domina,
Ensinando e servindo,
sem alarde,
Porque amanhã, chorando
o corpo em ruína,
Procurarás, debalde, a
luz divina,
Suplicando e gemendo
muito tarde.
Do livro Cartas do
Coração, obra
mediúnica psicografada
pelo médium Francisco
Cândido Xavier.