JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
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O
velório
Com o advento do
Espiritismo, entre os
hábitos humanos que mais
tiveram de se modificar
encontra-se o momento do
velório.
Como devemos nos
comportar no momento do
velório de alguém?
“Morre a matéria,
liberta-se o espírito!”
Segundo a codificação,
esse raciocínio não
necessariamente está
correto. O Espiritismo
nos revela que, com a
morte do corpo, o
espírito começa o
processo da
desencarnação, que pode
demorar mais ou menos
tempo conforme o grau de
apego do desencarnante à
vida física, ou de seu
grau de evolução moral.
Quanto mais apegado,
mais materialista, mais
demorada a separação da
alma de seu corpo.
Quanto mais evoluído,
mais rapidamente se dá a
libertação, nos ensina a
doutrina.
Como não sabemos a
condição em que cada ser
se encontra nesse
relacionamento
individual com as leis
divinas, que são justas
e sábias, deveríamos,
como seres
espiritualizados, não
necessariamente
evoluídos, mas com
acesso às verdades
espirituais, respeitar
mais o momento do
velório, que pode ser
quase que um momento
cirúrgico, onde uma
equipe de Espíritos
responsáveis atua para
romper os últimos laços
que unem o espírito ao
corpo físico. Portanto,
esse momento deveria
exigir de nós o maior
respeito possível, e,
muito mais, nossa
contribuição fluídica a
favor do irmão que está
partindo através de
orações sinceras e
profundas, pensamentos
elevados e conversas
edificantes.
Que dizer então do
velório de gente famosa,
uma multidão de pessoas
que poderiam e deveriam
muito contribuir com um
minuto de gratidão
àquele ou àquela que se
vai?
Se nos alegraram a vida,
basta passarmos ao lado
de seu esquife mortuário
deixando nossa sincera
gratidão, por sua
participação positiva em
nossas existências. E
esses bastos minutos
seriam o suficiente para
nutrir de energias boas
o espírito que ali está
se desprendendo de seu
invólucro carnal.
Deveríamos, com a
compreensão espírita do
momento da
desencarnação, muito bem
exaradas por Allan
Kardec no livro “O Céu e
o Inferno”, no capítulo
“O Passamento”, nos
propor um novo tipo de
velório onde, junto do
corpo que será
sepultado, permanecessem
as pessoas intimamente
ligadas ao viajor da
vida eterna, que
estivessem em equilíbrio
e resignadas à vontade
divina, bem como aqueles
que tivessem muito a
oferecer pela nobreza de
seu caráter.
Quanto aos demais,
apresentem-se para dar
sua cota de participação
e contribuição com
pensamentos e vibrações
elevadas pelo tempo que
conseguirem se sustentar
nessas condições;
depois, passar, talvez,
para outro ambiente,
onde a conversação muda
de interesse.
O velório deveria ser
como uma visita a um
hospital em hora
delicada, onde na sala
cirúrgica ficassem
apenas as pessoas bem
preparadas ou
comprometidas com o
momento, pois, afinal de
contas, um processo
semelhante ao cirúrgico
está ocorrendo, quando
entidades sábias
procedem ao desligamento
do espírito que está
desencarnando.
É claro que essa
proposta é uma opinião
pessoal; talvez existam
maneiras ainda melhores
para a hora, mas o fato
é que não podemos nos
esquecer de que, por
desconhecermos a
condição espiritual de
quem parte, não podemos
prever quanto
necessitará de auxílio
nessa hora de
desligamento de seu
corpo físico.
O velório tem de ser
pensado antes e depois
das informações
espíritas. Com o
conhecimento que a
doutrina nos dá, não
podemos achar que ali se
encontre só um corpo, o
que pode ocorrer no caso
de almas nobres, mas
temos de lembrar que, se
a morte física já se
consumou, a
desencarnação do
Espírito pode ainda
estar em andamento.