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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 485 - 2 de Outubro de 2016

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)

 

 

 O velório


Com o advento do Espiritismo, entre os hábitos humanos que mais tiveram de se modificar encontra-se o momento do velório.

Como devemos nos comportar no momento do velório de alguém?

“Morre a matéria, liberta-se o espírito!” Segundo a codificação, esse raciocínio não necessariamente está correto. O Espiritismo nos revela que, com a morte do corpo, o espírito começa o processo da desencarnação, que pode demorar mais ou menos tempo conforme o grau de apego do desencarnante à vida física, ou de seu grau de evolução moral. Quanto mais apegado, mais materialista, mais demorada a separação da alma de seu corpo. Quanto mais evoluído, mais rapidamente se dá a libertação, nos ensina a doutrina.

Como não sabemos a condição em que cada ser se encontra nesse relacionamento individual com as leis divinas, que são justas e sábias, deveríamos, como seres espiritualizados, não necessariamente evoluídos, mas com acesso às verdades espirituais, respeitar mais o momento do velório, que pode ser quase que um momento cirúrgico, onde uma equipe de Espíritos responsáveis atua para romper os últimos laços que unem o espírito ao corpo físico. Portanto, esse momento deveria exigir de nós o maior respeito possível, e, muito mais, nossa contribuição fluídica a favor do irmão que está partindo através de orações sinceras e profundas, pensamentos elevados e conversas edificantes.

Que dizer então do velório de gente famosa, uma multidão de pessoas que poderiam e deveriam muito contribuir com um minuto de gratidão àquele ou àquela que se vai?

Se nos alegraram a vida, basta passarmos ao lado de seu esquife mortuário deixando nossa sincera gratidão, por sua participação positiva em nossas existências. E esses bastos minutos seriam o suficiente para nutrir de energias boas o espírito que ali está se desprendendo de seu invólucro carnal.

Deveríamos, com a compreensão espírita do momento da desencarnação, muito bem exaradas por Allan Kardec no livro “O Céu e o Inferno”, no capítulo “O Passamento”, nos propor um novo tipo de velório onde, junto do corpo que será sepultado, permanecessem as pessoas intimamente ligadas ao viajor da vida eterna, que estivessem em equilíbrio e resignadas à vontade divina, bem como aqueles que tivessem muito a oferecer pela nobreza de seu caráter.

Quanto aos demais, apresentem-se para dar sua cota de participação e contribuição com pensamentos e vibrações elevadas pelo tempo que conseguirem se sustentar nessas condições; depois, passar, talvez, para outro ambiente, onde a conversação muda de interesse.

O velório deveria ser como uma visita a um hospital em hora delicada, onde na sala cirúrgica ficassem apenas as pessoas bem preparadas ou comprometidas com o momento, pois, afinal de contas, um processo semelhante ao cirúrgico está ocorrendo, quando entidades sábias procedem ao desligamento do espírito que está desencarnando.

É claro que essa proposta é uma opinião pessoal; talvez existam maneiras ainda melhores para a hora, mas o fato é que não podemos nos esquecer de que, por desconhecermos a condição espiritual de quem parte, não podemos prever quanto necessitará de auxílio nessa hora de desligamento de seu corpo físico.

O velório tem de ser pensado antes e depois das informações espíritas. Com o conhecimento que a doutrina nos dá, não podemos achar que ali se encontre só um corpo, o que pode ocorrer no caso de almas nobres, mas temos de lembrar que, se a morte física já se consumou, a desencarnação do Espírito pode ainda estar em andamento.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita