ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
|
|
Jogos
eletrônicos e as
obsessões
coletivas
Não há como
deixar de
reconhecer que a
humanidade
terrena
conserva,
lamentavelmente
ainda, uma
estranha e
obsessiva
atração por
coisas que
exprimem, na
melhor das
hipóteses, valor
duvidoso. O seu
comportamento
imaturo e
inconsequente,
bem como o
excessivo apego
a determinados
objetos e
utensílios – na
atualidade,
particularmente
os eletrônicos
–, não lhe
permite
discernir, em
muitas ocasiões,
o que realmente
importa para
construir uma
existência mais
proveitosa em
aprendizados.
Nesse momento
marcado por
grandes impactos
emocionais e
enormes
incertezas
decorrentes da
invigilância dos
pensamentos e da
falta de fé que
vigora no orbe,
é notório que as
forças do mal
continuam
extremamente
ativas.
Dito de outra
forma, as trevas
estão empenhando
todo o seu
cabedal de
conhecimentos e
inteligência
para desvirtuar
os indivíduos
mais incautos de
abraçar os bons
propósitos,
causas e ideias.
Nesse sentido, é
considerável a
lista de
criações de
conteúdo
chocantes,
bizarros,
levianos e
intelectualmente
insipientes.
Obviamente, a
maioria dessas
aberrações visa
apenas e tão
somente
entorpecer as
mentes imaturas
ou pouco
dispostas aos
voos mais altos
das cogitações
humanas.
Portanto, há que
se reconhecer,
segundo
observamos no
enfrentamento do
dia a dia, que o
objetivo tem
sido alcançado
com acentuado
sucesso.
Em consequência,
os indivíduos
pertencentes a
esse numeroso
grupo acima
aludido deixam
de conjecturar
sobre assuntos
genuinamente
úteis ou de
desenvolver
hábitos
saudáveis à
autoiluminação.
Como bem abordou
um recente
editorial da
revista Presença
Espírita, “O
olvido do ser
espiritual é
cada vez
maior...”.
De fato, o ser
humano não
poderá se
autodesvendar se
não olhar com
atenção para o
seu interior.
Afinal, o
autoconhecimento
é um processo
que requer
esforços
intensos e
concentração
elevada.
Assim, como
poderemos
avançar na busca
da regeneração
planetária se as
criaturas
humanas
desperdiçam
tempo
valiosíssimo –
essa mercadoria
escassa, cabe
recordar – com
entretenimentos
infantis ou
hábitos
imprudentes?
Nesse
particular, a
tecnologia
também tem sido
empregada com
muita
proficiência
para fins nada
meritórios.
Aliás, a mais
recente criação
tecnológica, o
jogo para
smartphone e
tablet
Pokémon Go,
é um claro
exemplo disso.
Tal engenhoca se
transformou numa
genuína febre
mundial. Como
didaticamente
explicou um
artigo publicado
pela revista
Veja SP em 10 de
agosto passado,
“... a diversão
consiste em
caçar pelas ruas
personagens como
o boneco amarelo
Pikachu do
desenho animado
que fez sucesso
no fim dos anos
90”.
Dessa maneira,
as pessoas estão
saindo
praticamente
alucinadas à
caça do dito
personagem,
entre outros. O
objetivo traçado
pelo fabricante
é que os
usuários do
programa
capturem todos
os 151 pokémons.
A novidade tem
causado tal
estado de
histeria
coletiva que, em
Nova York,
conforme relata
o artigo, as
pessoas chegam
desesperadas ao
Central Park, e
abandonam os
seus carros
ligados, na
expectativa de
neutralizar os
personagens do
programa.
Em Hong Kong tem
se observado
atitudes
semelhantes. Um
repórter da
rádio Jovem Pan,
em São Paulo,
comentou há
poucos dias
atrás sobre o
comportamento
bizarro de
muitas pessoas
que estavam
andando pela
famosa Avenida
Paulista. Ele
afirmou que
muitos
transeuntes
estavam como que
enfeitiçados
pelo visor dos
seus telefones
sem dar atenção
para nada mais.
Em dado momento
da sua
intervenção
chegou até a
alertar sobre o
perigo de eles
sofrerem um
assalto já que
estavam
totalmente
distraídos, e os
bandidos, em
contraste, muito
atentos.
Ademais, são
cada vez mais
corriqueiros os
casos de quedas
e até
atropelamentos
devido à
distração das
pessoas com os
seus jogos.
Outra notícia
veiculada pela
mesma rádio
relatava o caso
de uma criança
residente no Rio
Grande do Sul
que, envolvida
com o brinquedo
e estando dentro
de um barco,
perdeu o
equilíbrio, caiu
no rio e
lamentavelmente
desencarnou por
afogamento. Até
mesmo algumas
paróquias estão
estimulando a
brincadeira –
exceção aos
horários dos
serviços
religiosos – a
fim de manter
uma maior
aproximação com
as novas
gerações.
Diante desses
fatos, é
concebível
imaginar as
gargalhadas
provenientes das
entidades
eminentemente
sagazes a
serviço das
trevas. Usam com
maestria os seus
talentos para
criar distrações
que se
transformam em
autênticas
obsessões
coletivas. Em
vez de longos e
articulados
processos
obsessivos,
agora as massas
humanas se
rendem com
enorme
facilidade aos
brinquedos
digitais por
eles certamente
inspirados.
Entretanto, há
quem vislumbre
possibilidades
mais, digamos,
úteis com jogos
dessa natureza
como, por
exemplo, um
recurso
educativo. Mas
por ora,
infelizmente, o
uso dessa
tecnologia tem
características
viciosas
semelhantes em
muitos aspectos
à drogadição.
Por outro lado,
é incontestável
que os
onipresentes
smartphones já
se transformaram
em objetos
indispensáveis à
vida humana. Mas
o seu uso
exagerado tem
causado
crescente
desconforto e
preocupação.
Não é incomum
observar, por
sinal, nas
avenidas das
grandes cidades
motoristas de
carro, veículos
de transporte,
entre outros,
trafegando em
baixíssima
velocidade –
isto é, muito
abaixo do
permitido – com
os olhares
focados nos seus
aparelhos. Há
igualmente os
que conseguem a
proeza de
dirigir em
velocidade
normal e, ao
mesmo tempo,
conversar/digitar
em seus
aparelhos.
Mas além de
desrespeitarem
as leis
vigentes, podem
ser causadores
de acidentes já
claramente
identificados
pelas pesquisas
e simulações.
Como predomina a
falta de senso e
equilíbrio, as
pessoas se
viciaram de tal
forma no uso
desses
gadgets, que
já não conseguem
mais se desligar
dos seus
aparelhos sequer
por algumas
horas. Não faz
muito tempo que
testemunhei
destacados
jornalistas
admitirem, com
absoluta
naturalidade,
que a primeira
coisa que fazem
ao acordar, bem
como antes de
dormir, é
simplesmente
olhar para os
seus celulares.
Pode-se prever,
portanto, que
cedo ou tarde
serão
necessárias
intervenções
terapêuticas
para que a
razoabilidade
comportamental
seja
reconquistada.
Enquanto isso
não ocorrer,
prevalecerá o
desinteresse
pelas coisas que
realmente
estimulam a
busca pelo
autoconhecimento,
a transformação
interior e o
necessário
entendimento da
realidade
espiritual que
nos cerca, como
sugerido no
início desse
texto.
Provavelmente
muitos
continuarão
alocando tempo
precioso para
divertimentos
infantis como se
a vida fosse
apenas uma
brincadeira.