ÉDO MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão, SP
(Brasil)
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Habilidade
essencial
Em O Livro
dos Médiuns,
cap. XXIX, item
335, Allan
Kardec, o
Codificador do
Espiritismo,
ensina: “(...) a
caridade e a
tolerância são o
dever primário
que a Doutrina
(Espírita) impõe
aos seus
adeptos”.
Nestes tempos em
que a violência
e a intolerância
campeiam por
toda parte, vale
meditar sobre a
determinação de
Kardec sobre o
tema.
A grande maioria
dos seres
humanos possui
uma forte
tendência em
examinar
meticulosamente
os erros
alheios, hábito
adquirido
através das
vidas
sucessivas, e,
nessa habilidade
de avaliar a
conduta alheia,
somos “juízes e
psicanalistas”,
dotados de
vastas
possibilidades
de encontrar
causas e razões
para os
desatinos que
ocorrem fora da
esfera do nosso
“eu”.
O que é muito
lamentável é não
utilizarmos
nossas
habilidades de
avaliar os erros
alheios em
recurso para
reerguer e
auxiliar,
colaborando com
o aprimoramento
do próximo, no
lugar de só
destacar o
“lado” ruim e
amargo de sua
atitude e
costume.
Focar apenas
ângulos sombrios
do próximo é
atitude comum
para a maioria
dos homens nas
experiências da
vida presente.
Espera-se,
entretanto, de
nós outros,
aprendizes do
bem, maior
lucidez nas
nossas ações,
pois o grande
desafio da
atualidade é
saber manter-se
afetivamente
focado no “lado”
bom, nas
qualidades, nos
instantes
bem-sucedidos de
alguém,
conquanto
tenhamos vastas
possibilidades
de perceber-lhes
as imperfeições
e mazelas.
A essa qualidade
chamamos
indulgência.
No livro
Ideal Espírita,
psicografado por
Chico Xavier, de
autoria de
Espíritos
diversos, há uma
belíssima página
de André Luiz
com o título
"Indulgência",
onde encontramos
valiosos
ensinamentos.
Escreve ele:
“A luz da
alegria deve ser
o facho
continuamente
aceso na
atmosfera das
nossas
experiências.
Circunstâncias
diversas e
principalmente
as de
indisciplinas
podem alterar o
clima de paz, em
redor de nós, e
entre elas se
destaca a
palavra
impensada com
forja de
incompreensão, a
instalar
entrechoques.
Daí o nosso
dever básico de
vigiar a nós
mesmos na
conversação,
ampliando os
recursos de
entendimento nos
ouvidos alheios.
Sejamos
indulgentes. Se
erramos,
roguemos perdão.
Se outros
erraram,
perdoemos.
O mal que
desejarmos para
alguém, hoje,
suscitará o mal
para nós,
amanhã. A mágoa
não tem razão
justa e o perdão
anula os
problemas,
diminuindo
complicações e
perdas de tempo.
É assim que a
espontaneidade
no bem
estabelece a
caridade real.
Quem não
reconhece as
próprias
imperfeições,
demonstra
incoerência.
Quem perdoa
desconhece o
remorso. Ódio é
fogo invisível
na consciência.
O erro, por
isso, não pede
aversão, mas
entendimento. O
nosso erro
requer a bondade
alheia; erro de
outrem reclama a
clemência nossa.
A Humanidade
dispensa quem a
censure, mas
necessita de
quem a estime.
E ante o erro,
debalde se
multiplicam
justificações e
razões. Antes de
tudo, é preciso
refazer, porque
o retorno à
tarefa é a
consequência
inevitável de
toda fuga ao
dever.
Quanto mais
conhecemos a nós
mesmos, mais
amplo em nós o
imperativo de
perdoar.
Aprendamos com o
Evangelho, a
fonte
inexaurível da
Verdade.
Você, amostra da
Grande Prole de
Deus, carece do
amparo de todos,
e todos
solicitam-lhe
amparo. Saiba,
pois, refletir o
mundo em torno,
recordando que,
se o espelho
inerte e frio
retrata todos os
aspectos dignos
à sua volta, o
pintor,
consciente,
buscando criar
atividade
superior,
somente
exterioriza na
pureza da tela
os ângulos
nobres e
construtivos da
vida”.
É importante
reflexionar
sobre o tema
focado pelo
Espírito André
Luiz, o qual nos
convida a
esmerar no
desenvolvimento
de nossas
habilidades
essenciais: o
hábito de
apreciar e
valorizar as
boas qualidades
em detrimento
das más, nos
companheiros de
romagem
terrena.
Se analisarmos
os ensinamentos
e atos de Jesus,
o qual, como
sempre, é o
nosso modelo,
constataremos
que em momento
algum do seu
ministério de
Amor o
percebemos em
atitude de
destaque ao mal;
embora,
vigilante,
soubesse sempre
onde ele se
ocultava e
procurava
erradicá-lo sem
que o
evidenciasse,
como lembra o
Espírito Ermance
Dufaux em seu
livro Laços
de Afeto,
cuja leitura
recomendamos aos
nossos leitores.