JORGE HESSEN
jorge.hessen@yahoo.com.br
Brasília,
DF
(Brasil)
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“Déjà vu”,
um fenômeno
instigante
O fenômeno se
traduz por uma
estranha
impressão de já
ter vivenciado a
cena presente e
mesmo saber o
que se vai
passar em
seguida, ainda
que a situação
que esteja a ser
vivida seja
inédita.
Conhecido como
déjà vu, ou
paramnésia (como
também é
conhecido), tem
sido, ao longo
dos anos, objeto
das mais
díspares
tentativas de
interpretação.
Para Sigmund
Freud, as cenas
familiares
seriam
visualizadas nos
sonhos e depois
esquecidas e
que, segundo
ele, eram
resultado de
desejos
reprimidos ou de
memórias
relacionadas com
experiências
traumáticas.
Para Fabrice
Bartolomei,
neurologista
francês, a
paramnésia é
resultado de uma
fugaz disfunção
da zona do
córtex
entorrinal,
situado por
baixo do
hipocampo e que
se sabia já
implicada em
situações de "déjà
vu", comuns em
doentes
padecendo de
epilepsia
temporal.
Experiências,
conduzidas por
investigadores
do Leeds Memory
Group,
permitiram
recriar, em
laboratório e
através da
hipnose, as
sensações de "déjà
vu". Outros
dados explicam
que situações de
stress ou fadiga
possam
favorecer, nesse
contexto
disfuncional, o
aparecimento do
fenômeno, mas a
causa precisa
deste
"curto-circuito"
cerebral
permanece,
ainda, uma
incógnita.
Muitos de nós já
tivemos a
sensação de ter
vivido essa
situação que
acabamos de
relatar. Como já
ter estado em um
determinado
lugar ou já ter
vivido certa
situação
presente,
quando, na
realidade, isto
não era de
conhecimento
anterior? Em
alguns casos,
ocorre a
habilidade de,
até, predizer os
eventos que
acontecerão em
seguida, o que é
denominado
premonição.
Seria um bug
cerebral,
premonição ou
mera
coincidência? A
psiquiatria e a
Doutrina
espírita
explicam esta
questão de
formas
diferentes.
Sabe-se que
nossa memória,
às vezes, pode
falhar e nem
sempre
conseguimos
distinguir o que
é novo do que já
era conhecido.
"Eu já li este
livro?" - "Já
assisti a este
filme?" - "Já
estive neste
lugar antes?" -
"Eu conheço esse
sujeito?". Estas
são perguntas
corriqueiras de
nossa vida. No
entanto, essas
dúvidas não são
acompanhadas
daquele
sentimento de
estranheza que é
indispensável ao
verdadeiro déjà
vu. Para alguns
estudiosos,
quando a
sensação de
familiaridade
com as
situações,
lugares ou
pessoas
desconhecidas é
frequente e
intensa, pode,
até, ser um dos
sintomas da
epilepsia, na
área do cérebro
responsável pela
memória, mas
essa mesma
sensação pode
indicar outros
sintomas.
Déjà Vu é um
fenômeno anímico
muito comum,
embora de
complexa
definição
científica.
Pode ocorrer com
certa frequência
em indivíduos
com distúrbios
neuropatológicos,
como a
esquizofrenia e
a epilepsia. Mas
há, também,
outras
predisposições
maiores por
fatores não
patológicos,
como fadiga,
estresse,
traumas
emocionais,
excesso de
álcool e drogas.
Há, ainda, as
teorias da
psicodinâmica,
da reencarnação,
holografia,
distorção do
senso de tempo e
transferência
entre
hemisférios
cerebrais. São
tão complexas as
análises, que
especialistas
reagem contra a
limitação do
"vu", que
restringiria ao
mundo do que
pode ser
"visto", e já
utilizam formas
paralelas que
fariam
referência mais
específica aos
vários tipos de
situação: "déjà
véanus" ("já
vivido"), "déjà
lu" ("já
lido"), "déjà
entendu"
("já ouvido"), "déjà
visité" ("já
visitado") - o
que pode, um
dia, acarretar
um "déjà
mangé" ("já
comido") ou
um "déjà bu"
("já bebido").
Os
especialistas,
ainda, não
sabem,
concretamente,
como ocorre,
exatamente, a
sensação do
déjà vu em
pessoas não
epilépticas. A
que ocorre em
pessoas com a
doença, no
entanto, existem
algumas
hipóteses, como
a batizada, pelo
psicólogo Alan
Brown, de "duplo
processamento".
(1) Segundo o
psicólogo Alan
Brown, professor
da Universidade
Southern
Methodist, nos
Estados Unidos,
e autor do livro
"The Déjà Vu
Experience"
(a experiência
do déjà vu),
dois terços da
população
mundial relatam
ter tido, ao
menos, um
déjà vu na
vida.
Para os
conceitos
espíritas tudo o
que vemos e nos
emociona,
agradável ou
desagradavelmente,
nesta e nas
encarnações
pretéritas,
fica,
indelevelmente,
gravado em
alguma parte da
região talâmica
do cérebro
perispiritual,
e, em algumas
ocasiões, a
paramnésia
emerge na
consciência
desperta. Pode,
também, ser uma
manifestação
mediúnica se o
médium entra, em
dado momento, em
um transe
ligeiro, sutil,
e capta a
projeção de uma
forma-pensamento
emitida por um
Espírito
desencarnado;
essa é outra
possibilidade.
A tese da
reencarnação é
difundida há
milhares de
anos. No Egito,
um papiro antigo
diz: "o homem
retorna à vida
várias vezes,
mas não se
recorda de suas
pretéritas
existências,
exceto algumas
vezes em sonho.
No fim, todas
essas vidas
ser-lhe-ão
reveladas". (2)
Em que pese
serem as
experiências
déjà vu, segundo
o academicismo,
nada mais do que
incidentes
precógnitos
esquecidos, urge
considerar,
porém, que
existem
situações dessa
natureza que não
podem ser
explicadas dessa
maneira. Entre
elas, está em
alguém ir a uma
cidade ou a uma
casa, pela
primeira vez, e
tudo lhe parecer
muito íntimo, ao
ponto de prever,
com exatidão,
detalhes sobre a
casa ou a
cidade;
descreve,
inclusive, a
disposição dos
cômodos, dos
móveis, dos
objetos e outros
detalhes que
estão muito além
do âmbito da
precognição
normal. "Em
geral, as
experiências
precógnitas são
parciais e
enfatizam certos
pontos notáveis,
talvez alguns
detalhes, mas
nunca todo o
quadro. Quando o
número de
detalhes
lembrado
torna-se muito
grande, temos
que desconfiar,
sempre, de que
se trata de
lembranças de
uma encarnação
passada". (3)
Apesar de não
serem abundantes
as publicações e
depoimentos
sobre o assunto,
há teorias que
associam o déjà
vu a sonhos ou
desdobramento do
Espírito, onde o
Espírito teria,
realmente,
vivido esses
fatos, livre do
corpo, e/ou
surgiriam as
lembranças de
encarnações
passadas, como
disse acima, o
que levaria à
rememoração na
encarnação
presente. (4)
Hans Holzer
registra uma
história em que
ele descreve a
experiência déjà
vu: "durante a
Segunda Guerra
Mundial, um
soldado se viu
na Bélgica e,
enquanto seus
companheiros se
perguntavam como
entrar em
determinada
casa, em uma
cidadezinha
daquele país,
ele lhes mostrou
o caminho e
subiu a escada à
frente deles,
explicando,
enquanto subia,
onde ficava cada
cômodo. Quando,
depois disso,
perguntaram-lhe
se havia estado
ali antes, ele
negou, dizendo
que nunca havia
deixado seu lar
nos Estados
Unidos, e estava
dizendo a
verdade. Não
conseguia
explicar como,
de repente, se
vira dotado de
um conhecimento
que não possuía
em condições
normais". (5)
Cremos que a
experiência déjà
vu é muito
profunda e o
sentimento é de
estranheza.
Devemos
distinguir um
sintoma do
outro, pois,
cada caso é um
caso e nada
acontece por
acaso. Por ser
um fenômeno
profundamente
anímico, é
prudente
separarmos as
teorias da
reencarnação,
sonhos ou
desdobramentos,
das teorias de
desejos
inconscientes,
fantasias do
passado,
mecanismo de
autodefesa,
ilusão
epiléptica,
entre outras,
para melhor
discernimento do
que, realmente,
seja uma
paramnésia e o
que seja,
apenas, uma
fantasia de
nosso imaginário
fecundo.
Referências
bibliográficas:
(1) Disponível
em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u566377.shtml
(2) Papiro Anana"
(1320 A. C.)
(3) Revista
Cristã de
Espiritismo,
edição 35.
(4) idem.
(5) idem.