O Além e a Sobrevivência
do Ser
Léon
Denis
(Parte 18 e final)
Concluímos nesta edição
o
estudo do livro
O Além e a Sobrevivência
do Ser, de
autoria de Léon Denis,
com base na 8ª edição
publicada em português
pela Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que é normal
entre nós, encarnados, o
esquecimento das
existências anteriores?
Existem fortes razões
que justificam o
esquecimento das
existências anteriores
durante a nossa passagem
pela Terra. Na maioria
dos casos, a lembrança
seria um entrave ao
nosso progresso, uma
causa de inimizade entre
os homens. Perpetuaria,
entre as gerações, os
ódios, os ciúmes, os
conflitos de toda ordem.
A alma, depois de ter
bebido a água do Letes,
recomeça uma outra
carreira, mais livre de
construir a sua
existência em um novo e
melhor plano, liberta
dos preconceitos, das
rotinas, dos erros e dos
rancores passados.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
B. A crença na
reencarnação é comum a
todas as grandes
religiões?
Sim. Todas as grandes
religiões se hão baseado
na crença nas vidas
sucessivas: o
bramanismo, o budismo, o
druidismo, o islamismo e
também o cristianismo
primitivo. Segundo Léon
Denis, traços desta
doutrina se nos deparam
no Evangelho, e os
Padres gregos Orígenes,
Clemente de Alexandria e
a maior parte dos
cristãos dos primeiros
séculos a admitiam.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
C. Por que o
Catolicismo, que é a
religião cristã mais
conhecida, não ensina a
lei das vidas
sucessivas?
Segundo Léon Denis, o
Catolicismo julgou dever
deixar na sombra esse
ensino e substituí-lo
pela teoria de uma vida
única e pelo dogma das
penas eternas, como mais
eficazes para a salvação
das almas. Daí, acredita
ele, a atual impotência
da Igreja para dar
solução satisfatória ao
problema da vida e do
destino, uma das razões
do seu enfraquecimento e
da sua decadência.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
Texto
para leitura
226. A esses casos
acrescentarei um, citado
pelo Sr. H. Varigny, no
folhetim científico do
Journal des Débats,
de 11 de abril de 1912:
“Segundo um autor que
muito conviveu com os
Birmans e os estimulou,
consagrando-lhes um
livro de grande
interesse, o Sr.
Fielding Hall relatou o
fato seguinte, que não é
mais do que unum et
pluribus. Entre os
Birmans,
encontrar-se-iam
frequentemente crianças
que se recordavam de
vidas anteriores.
Infelizmente essa
lembrança se apaga e
desaparece com a idade.
Cinquenta anos antes,
duas crianças, um menino
e uma menina, nasceram
no mesmo dia e na mesma
aldeia. Para abreviar:
casaram-se e morreram na
mesma data, depois de
terem fundado uma
família e praticado
todas as virtudes.
Sobrevieram dias
agitados, diz a
história, cuja
lembrança, entretanto,
pouca utilidade tem para
esta narrativa. Basta
dizer-se que dois jovens
de sexos diferentes
foram obrigados a fugir
da aldeia, onde o
primeiro episódio se
passara, e foram
estabelecer-se alhures.
Tiveram dois filhos
gêmeos.
Aqui começa o segundo
episódio. Os dois
gêmeos, em lugar de se
tratarem pelos
respectivos nomes, se
designavam pelos nomes
(muito semelhantes) do
casal virtuoso que
morrera; por
conseguinte, uma das
crianças dava a outra um
nome feminino.
Os pais se admiraram
disso um pouco, porém
logo compreenderam o que
havia. Para eles o casal
virtuoso se reencarnara
nos meninos. Quiseram
tirar a prova. Levaram
ambos à aldeia onde
tinham nascido.
Reconheceram tudo:
estradas, casas,
pessoas, até as roupas
do casal, conservadas
sem que se saiba por que
razão. Um se lembrou de
haver emprestado certa
soma a determinada
pessoa, que ainda vivia
e confirmou o fato. Ao
Sr. Fielding Hall, que
viu os dois meninos
quando tinham seis anos,
parecia que um
apresentava aspecto um
tanto feminil: era o que
abrigava a alma da
mulher defunta.
Antes da reencarnação,
viveram, dizem os dois,
algum tempo sem corpo,
nos galhos das árvores,
mas suas reminiscências
se vão tornando cada vez
menos nítidas e se
apagam: as da vida
anterior, naturalmente.”
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte II.)
227. Conforme o
demonstramos em O
Problema do Ser,
capítulo XV – Os
meninos-prodígio e a
hereditariedade –, o
caráter individual não
se pode explicar
unicamente pelas leis do
atavismo e da
hereditariedade. Se se
encontram nos filhos, às
vezes fortemente
acentuadas, as
qualidades ou os
defeitos dos
ascendentes,
verificam-se também
traços distintivos, que
não podem provir senão
de aquisições pessoais,
anteriores ao
nascimento. (Estudo
sobre a Reencarnação ou
as Vidas Sucessivas –
Parte III.)
228. Os gêmeos são, não
raro, de caracteres
muito dessemelhantes e
os meninos-prodígio
possuem talentos que os
pais não acusam.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
229. Descartes, Leibniz
e Kant tiveram uma certa
intuição destes fatos,
sobretudo Descartes, na
sua teoria das ideias
inatas; mas só o
espiritualismo
experimental
contemporâneo pôde
lançar luz sobre tais
problemas. (Estudo
sobre a Reencarnação ou
as Vidas Sucessivas –
Parte III.)
230. A lei das
reencarnações é conforme
ao princípio de
evolução, aclara-o e
completa. Somente, em
vez de lhe procurar a
causa inicial na
matéria, a coloca no
espírito, livre e
responsável, que por si
mesmo constrói as formas
sucessivas que revestirá
para percorrer a escala
magnífica dos mundos.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
231. Na obra já citada
expus as razões que
tornam necessário e
justificam o
esquecimento das
existências anteriores
durante a nossa passagem
pela Terra. Na maioria
dos casos, a lembrança
seria um entrave ao
nosso progresso, uma
causa de inimizade entre
os homens. Perpetuaria,
entre as gerações, os
ódios, os ciúmes, os
conflitos de toda ordem.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
232. A alma, depois de
ter bebido a água
do Letes(1),
recomeça uma
outra carreira, mais
livre de construir a sua
existência em um novo e
melhor plano, liberta
dos preconceitos, das
rotinas, dos erros e dos
rancores passados.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
233. Todas as grandes
religiões se hão baseado
na crença nas vidas
sucessivas: o
bramanismo, o budismo, o
druidismo, o islamismo
(ver Surata II, v. 26 do
Alcorão; Surata VII, c.
55; Surata XVII, v. 52;
Surata XIV, v. 25). O
Cristianismo primitivo
não abriu exceção à
regra. Traços desta
doutrina se nos deparam
no Evangelho. (Estudo
sobre a Reencarnação ou
as Vidas Sucessivas –
Parte III.)
234. Os Padres gregos
Orígenes, Clemente de
Alexandria e a maior
parte dos cristãos dos
primeiros séculos a
admitiam (ver minha obra
Cristianismo e
Espiritismo, caps.
III e IV e Nota 5).
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
235. O Catolicismo
julgou dever deixar na
sombra esse ensino e
substituí-lo pela teoria
de uma vida única e pelo
dogma das penas eternas,
como mais eficazes para
a salvação das almas e
talvez mais ainda para a
dominação da Igreja.
Daí, acreditamos, a sua
atual impotência para
dar solução satisfatória
ao problema da vida e do
destino, uma das razões
do seu enfraquecimento e
da sua decadência.
(Estudo sobre a
Reencarnação ou as Vidas
Sucessivas – Parte III.)
(1)
O rio Letes localiza-se,
de acordo com a
mitologia clássica, no
inferno (Hades). Era
onde os mortos se
banhavam e esqueciam sua
existência anterior. Na
Comédia de Dante, Letes
é um rio do purgatório
onde as almas penitentes
se banham e se purificam
para que possam ter
acesso ao Paraíso.
– Fim –
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