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“Ferramentas do Saber”
aborda a Filosofia
Espírita
Os conceitos filosóficos
existentes
no
Espiritismo dão-nos
informações que nos
permitem viver de
forma
mais segura
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A USE Regional São Paulo
realizou, recentemente,
a Oficina “Ferramentas
do Saber: Filosofia
Espírita”,
coordenada por Paulo
Castanheira (advogado,
formado em letras e
integrante do
Departamento de
Orientação Doutrinária
da Regional SP).
Criado para facilitar o
estudo da Codificação,
considerada por alguns
de difícil entendimento,
o projeto “Ferramentas
do Saber” já ofereceu os
módulos “Técnicas para
aprimorar leitura e
interpretação de texto”,
bem como “Elaboração de
Palestras”, ambos por
esse órgão de
unificação.
Segundo Paulo
Castanheira, criador do
projeto, o enfoque na
filosofia é essencial,
haja vista que o próprio
Codificador sempre se
referiu à Doutrina
Espírita como Doutrina
Filosófica. Comprovando
essa afirmação, ele
destacou colocações
nesse sentido incluídas
por Kardec nas obras da
Codificação. Vejamos
algumas delas: em
Prolegômenos, de
O Livro dos Espíritos,
a afirmação de que “Este
livro (...) foi escrito
(...) para estabelecer
os fundamentos de uma
filosofia racional,
livre dos prejuízos do
espírito de sistema”.
No segundo livro
publicado por Kardec,
O que é o Espiritismo,
podemos ver a
afirmativa: “O
Espiritismo é, ao mesmo
tempo, uma ciência de
observação e uma
doutrina filosófica.
Como ciência prática ele
consiste nas relações
que se estabelecem entre
nós e os Espíritos; como
filosofia, compreende
todas as consequências
morais que resultam
dessas mesmas relações”.
Já na obra O Livro
dos Médiuns, Kardec
esclarece que “vem
progredindo bastante o
Espiritismo, desde
alguns anos, mas o seu
maior progresso se
verifica depois que
entrou no rumo
filosófico, porque
despertou a atenção de
pessoas esclarecidas”.
Para Castanheira, “se
Kardec se referiu à
Doutrina Espírita como
Doutrina Filosófica, os
espíritas, em especial
os que se dedicam a
divulgar o Espiritismo,
precisam ter
conhecimentos básicos
sobre o que é e para que
serve a filosofia”.
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Participantes
do
evento |
Um dos objetivos da
filosofia é pensar de
forma crítica todas as
áreas do saber
Entre as muitas
definições existentes,
podemos dizer que o
objetivo da filosofia é
pensar de forma crítica
toda as áreas do saber e
do agir humanos, levando
a refletir sobre a
realidade e descobrindo
seus significados.
Também foi esclarecido
que, dentro da
filosofia, há o
ceticismo (corrente de
pensamento que duvida de
toda e qualquer
possibilidade de se
chegar ao verdadeiro
conhecimento) e o
dogmatismo (não
confundir com o dogma
religioso, o dogmatismo
filosófico afirma que
somente com a razão
pode-se chegar ao
conhecimento
verdadeiro). Como
sabemos, a Doutrina
Espírita segue a segunda
opção sendo, por isso,
conhecida como “fé
raciocinada” – isso,
claro, desde que
respeitemos a coerência
doutrinária.
Considerando que a
oficina tem como
objetivo facilitar o
estudo doutrinário
diretamente nas obras
codificadas pelo grande
professor Rivail,
Castanheira demonstrou
quais questões contidas
em O Livro dos
Espíritos pertencem
ao campo da filosofia.
A primeira delas abre a
série de mais de mil
perguntas contidas na
monumental obra que deu
origem ao Espiritismo,
em 18 de abril de 1857:
Que é Deus - e não
quem é Deus, já que
esta última pergunta
confere ao Criador uma
figura humana, mais
precisamente de um ser
do sexo masculino.
Outras perguntas
relacionadas a Deus
também são de ordem
filosófica, assim como
as que tratam do que é o
espírito e qual a sua
natureza íntima e as que
explicam o que é a
matéria.
E quem nunca se
perguntou um dia sobre a
criação do Universo e da
alma ou sobre o destino
do ser humano após a
morte do corpo?
Questionamentos de ordem
moral, bem ou mal,
desigualdade de
condições sociais e
aptidões, igualdade
entre os sexos, justiça
e livre-arbítrio são
outros temas que compõem
o pensamento filosófico
espírita, totalmente
pautado na razão e no
bom senso.
Muitos espíritas
entendem que a parte
religiosa do Espiritismo
é a mais importante
A Oficina, obviamente,
não foi totalmente
expositiva, mas
estimulou os
participantes a refletir
e colocar suas ideias
sobre o vasto tema.
Sérgio Ramos de Faria
elogiou a iniciativa: “o
meio espírita precisa
falar mais sobre a
filosofia contida na
Doutrina Espírita, um
dos três aspectos que
compõem o Espiritismo.
Paulo Castanheira foi
muito feliz por tornar
compreensível um tema
que, para muitos, pode
ser mais difícil de
entender”, opinou o
participante, que
afirmou tratar-se de um
tema muito amplo e,
portanto, com
necessidade de novas
abordagens.
Muitos acreditam que a
parte moral/religiosa do
Espiritismo seja a mais
importante e, ainda, a
mais desejada pelo
público. Alegam,
inclusive, que o público
em geral não tem
interesse e/ou condições
de compreender outros
aspectos doutrinários,
por serem muito
difíceis. Com esse
pensamento, sem
perceber, acabam por
fragmentar o conteúdo
doutrinário e, pior,
deixam de oferecê-lo em
sua plenitude – isso sem
contar que julgam a
capacidade do próximo,
nivelando-a por baixo.
Uma pena, já que os
conceitos filosóficos
existentes na Doutrina
Espírita fornecem
informações que permitem
vivermos de maneira mais
completa e segura, por
oferecerem respostas
racionais sobre dúvidas
que costumam acompanhar
o ser humano ao longo de
sua trajetória. De posse
desse conhecimento
podemos conduzir nossa
existência de maneira
mais consciente e plena.
Não somos mais
coparticipantes,
assumimos a
responsabilidade para
conosco, para com as
pessoas que partilham
nossa caminhada, para
com a sociedade na qual
estamos inseridos – e
com a qual temos deveres
a cumprir.
Foi esse entendimento
que os presentes à
Oficina puderam captar.
“Eu adorei ter
participado porque pude
entender um pouco mais
sobre a importância da
filosofia espírita.
Espero por mais
iniciativas semelhantes”,
declarou Liana Mello,
uma das presentes à
iniciativa.
Nota da autora:
O material do projeto
está disponível no site
www.useregionalsp.org.br
para quem tiver
interesse em
conhecê-lo.
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