JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
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Deus criador, incriado e
superior, e Deus criador
criado e inferior
Li o livro do Jesuíta
espanhol José Antônio
Laburu: “Jesus Cristo é
Deus?”, Edições Loyola e
Ed. Cléofas. Laburu
considera que a grande
importância e o grande
triunfo do Cristianismo
se devem ao fato de
Jesus ser outro Deus,
quando o certo seria
atribuí-los ao Deus
único e verdadeiro, o
Pai.
O autor baseou sua tese
no dogma do Concílio
Ecumênico de Niceia
(325). O líder contra a
divinização de Jesus foi
Ário, daí, o arianismo.
Para se ter uma ideia de
quanto foi polêmico esse
concílio, basta dizer
que santo Atanásio, o
chefe dos divinizadores,
foi exilado cinco vezes,
havendo suspeita de que
ele tenha morrido
envenenado, ao retornar
de seu último exílio. E
o imperador Constantino,
defensor da divinização,
depois ficou vacilando,
ora a favor, ora contra.
E ele dominou mais esse
concílio do que o
próprio bispo romano da
época, Silvestre.
Deixemos a Bíblia
falar.
“Filho Unigênito do Pai”
(São João, 3:16). Essa
frase é uma das mais
usadas pelos
divinizadores de Jesus.
Seria ela uma
interpolação? Para o
teólogo e filólogo
francês Etiènne,
queimado em 1546, a
tradução certa seria
“Filho de Deus único”. E
diz são Paulo: “O
próprio espírito nos
testifica que somos
filhos de Deus” (Romanos
8, 16). E vejamos esta
outra: “Eu e o Pai somos
um” (São João, 10: 30).
Eles são um na sintonia,
e não nas identidades. E
nós podemos ser também
um com Deus e Jesus. “A
fim de que todos sejam
um; e como és tu, ó Pai,
em mim e eu em ti,
também sejam eles em
nós.” (São João 17: 21.)
“Naquele dia, vós
conhecereis que eu estou
em meu Pai e vós em mim
e eu em vós.” (São João,
14: 20.) Jesus e todos
nós somos deuses, sim,
mas relativos (São
João 10,34-35; 1 Samuel
28,13; e Salmo 82,6). E
Deus mesmo, absoluto e
único, é só o Pai nosso
e de Jesus. E é também o
único ser incontingente
de são Tomás de Aquino.
Outros textos bíblicos
que dispensam
comentários: “O Pai é
maior do que eu” (São
João, 14: 28); “Subo
para meu Pai e vosso
Pai, meu Deus e vosso
Deus” (São João 20: 17);
“Deus é um só” (Romanos
3: 30); “Há um só Deus
verdadeiro, e um só
Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo,
homem” (1 Timóteo 2: 5);
“Por que me chamas bom?
Ninguém é bom, senão um
só, que é Deus” (São
Lucas 18: 19).
E Jesus não ressuscitou,
foi ressuscitado por
Deus, que nos
ressuscitará também.
(Romanos 8: 11).
A importância de Jesus é
realmente o fato de Ele
ser o enviado de Deus
como portador do
evangelho para nós. E
essa importância para
nós, pois, do homem
Messias, se torna tanto
maior quanto maior é
Deus Pai, o Criador
incriado, o enviador do
enviado Jesus, Filho de
Deus, Criador também,
mas criado, apesar de
Primogênito das
criaturas (Colossenses
1:15).
Atentemos para o fato de
que o enviador é sempre
mais importante do que o
enviado, que é,
portanto, inferior.
Como se vê, os teólogos
fugiram muito da Bíblia
ao criarem a teologia
cristã. Acredite neles
quem quiser!