Um companheiro de lides
espíritas de nossa cidade
pede-nos que falemos algo
sobre a morfologia do corpo
espiritual, no que diz
respeito à aparência com que
os Espíritos, após sua
desencarnação, se
apresentam.
Duas obras espíritas que
todos respeitamos trazem
informações valiosas sobre o
assunto.
A primeira é o clássico
A Reencarnação,
conforme tradução feita por
Carlos Imbassahy, publicada
pela FEB. Nele, Gabriel
Delanne fornece-nos sobre o
tema as seguintes
informações:
1)
Nota-se pelas fotografias
dos fantasmas que eles têm
formas reais e possuem,
durante a materialização,
todos os caracteres dos
seres vivos.
2)
Referindo-se às
materializações de Katie
King, William Crookes afirma
que a aparição possui
coração e pulmões; mas o
mecanismo fisiológico de
Katie King é diferente do da
médium, Srta. Cook.
3)
Charles Richet comprovou que
a forma materializada possui
circulação, calor próprio e
músculos, e exala ácido
carbônico.
4)
O corpo fluídico é
semelhante, em todos os
pontos, e mesmo
anatomicamente, idêntico ao
corpo físico. É um ser de
três dimensões, com
morfologia terrestre. (A
Reencarnação, págs. 44 a
55.)
A outra obra, de
confecção mais recente, é
Evolução em dois Mundos,
psicografada pelos médiuns
Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira. No cap. IV da
2ª parte dessa obra, André
Luiz oferece-nos as
informações adiante
resumidas:
1)
As linhas morfológicas das
entidades desencarnadas, no
conjunto social a que se
integram, são comumente
aquelas que trouxeram do
mundo, a evoluírem, contudo,
constantemente para melhor
apresentação, toda vez que
esse conjunto social se
demore em esfera de
sentimentos elevados.
2)
A forma individual em si
obedece ao reflexo mental
dominante, notadamente no
que se reporta ao sexo,
mantendo-se a criatura com
os distintivos
psicossomáticos de homem ou
de mulher, segundo a vida
íntima, através da qual se
mostra com qualidades
espirituais acentuadamente
ativas ou passivas.
3)
Fácil observar, portanto,
que a desencarnação libera
todos os Espíritos de feição
masculina ou feminina que
estejam na reencarnação em
condição inversiva atendendo
a provação necessária ou a
tarefa específica,
porquanto, fora do arcabouço
físico, a mente se
exterioriza no veículo
espiritual com admirável
precisão de controle
espontâneo sobre as células
sutis que o constituem.
4)
Se o progresso mental não é
positivamente acentuado,
mantém o Espírito, nos
planos inferiores, por tempo
indefinível, a plástica que
lhe era própria entre os
homens, sendo certo que, nos
planos relativamente
superiores, sofre processos
de metamorfose, mais lentos
ou mais rápidos, conforme
suas disposições íntimas.
(Evolução em dois Mundos, 2ª
parte, cap. IV, pp. 176 e
177.)
Concluindo, é bom lembrar
que o assunto não era
estranho a Allan Kardec,
conforme podemos conferir no
artigo intitulado “As
mulheres têm alma?”,
publicado na Revista
Espírita de janeiro de 1866.
Segundo o codificador da
doutrina espírita, a
influência que o Espírito
encarnado sofre do organismo
não se apaga imediatamente
após a destruição do
invólucro material, assim
como não perdemos
instantaneamente os gostos e
hábitos terrenos. Pode
acontecer que determinado
Espírito percorra uma série
de existências no mesmo
sexo, o que faz que durante
muito tempo possa conservar,
na erraticidade, o caráter
de homem ou de mulher, cuja
marca nele ficou impressa.
Se essa influência se
repercute da vida corporal à
vida espiritual, o fato se
dá também quando o Espírito
passa da vida espiritual
para a corporal. Em uma nova
encarnação trará, portanto,
o caráter e as inclinações
que tinha como Espírito.
Mudando de sexo na nova
existência corpórea que
deverá cumprir, poderá
conservar os gostos, as
inclinações e o caráter
inerente ao sexo que acabou
de deixar. Assim se explicam
certas anomalias aparentes,
notadas no caráter de certos
homens e de certas mulheres.
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