ROGÉRIO MIGUEZ
rogmig55@gmail.com
São José dos Campos, SP
(Brasil)
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Progredir sempre, tal é
a lei
Após a transformação do
princípio espiritual ou
inteligente, em uma
unidade chamada
Espírito, que somos nós
mesmos, dá-se
prosseguimento a uma
trajetória ininterrupta
de evolução rumo à
perfeição possível de
ser alcançada dentro dos
planos da Criação
Divina.
Há dois grandes campos
de aprimoramento a serem
trilhados por todos nós:
o moral e o intelectual.
Todavia, este progresso
nem sempre ocorre
proporcionalmente, em
paralelo, determinando
um desequilíbrio nestes
setores, em geral, por
longo tempo.
Na época da simplicidade
e ignorância, ou seja,
nos primórdios de nossa
existência, Deus supriu,
através de sua bondade e
sabedoria, apoio
continuado por meio dos
anjos guardiões,
porquanto, ainda não
sabíamos nos conduzir e
de modo que pudéssemos
ir experimentando a vida
e adquirindo pouco a
pouco condições de nos
gerirmos pelo uso do
nosso próprio
livre-arbítrio, antes
inexistente.
No livro primeiro
do Pentateuco
Doutrinário1
há esta interessante
informação sobre este
progresso, entre outras:
785.
Qual o maior obstáculo
ao progresso?
“O orgulho e o egoísmo.
Refiro-me ao progresso
moral, porquanto o
intelectual se efetua
sempre. [...]”
Como se observa, é da
vontade do Pai existir
sempre a evolução, pode
não acontecer
simultaneamente nos dois
campos, mas o
intelectual ocorre
sempre. E por qual razão
isto se dá? Devido ao
fato de que quando
reencarnamos mais uma
vez, o mundo já mudou ou
mudará, já evoluiu um
tanto mais e, mesmo se
durante esta outra vida
não ocorrer nenhum
progresso moral, devido
ao nosso orgulho e
egoísmo, a própria
condição do mundo, com
novas conquistas
técnicas e científicas,
obriga o reencarnante a
aprender estas outras
tecnologias, e, neste
processo de aprendizado,
acontece o progresso
intelectual
inexoravelmente.
É de se notar, no lado
moral, existir a
possibilidade de não
haver progresso em uma
existência, sendo assim,
acontece o
estacionamento, contudo,
provisório e temporário,
enquanto o Espírito não
se decidir a retomar
novamente as rédeas da
própria vida e acelerar
o passo no aspecto da
moralidade.
A possibilidade de
estacionamento prevista
na ordem celeste é uma
condição de exceção,
porquanto, caso o
Espírito não se decida a
retomar a sua evolução
moral, as leis
celestiais o obrigarão,
providenciando primeiro
a reencarnação
compulsória do Espírito
calceta, e, pelo próprio
ritmo da existência, com
novas situações se
apresentando, este será
obrigado a de novo
progredir moralmente,
pois a dor o incomodará
e será o aguilhão e
estímulo inevitável
nesta retomada do
progresso.
Alguns, embora entendam
a possibilidade do
estacionamento, aceitam
ainda a regressão na
escala evolutiva, ou
seja, a possibilidade de
regredir moralmente a um
estágio anteriormente já
trilhado. Esta corrente
de pensadores,
geralmente, está mais
ligada à linha de
pensamento das
filosofias orientais,
através da famosa tese
da Metempsicose,
abordada por Allan
Kardec no texto a seguir
(op. cit.):
611.
O terem os seres vivos
uma origem comum no
princípio inteligente
não é a consagração da
doutrina da
metempsicose?
“Duas coisas podem ter a
mesma origem e
absolutamente não se
assemelharem mais tarde.
Quem reconheceria a
árvore, com suas folhas,
flores e frutos, no
gérmen informe que se
contém na semente donde
ela surge? Desde que o
princípio inteligente
atinge o grau necessário
para ser Espírito e
entrar no período da
humanização, já não
guarda relação com o seu
estado primitivo e já
não é a alma dos
animais, como a
árvore já não é a
semente [...].”
Há um encadeamento na
Criação entre todas as
coisas sendo este
processo de evolução
muito bem caracterizado,
indicando tudo ser
solidário. Entretanto,
pelo fato da existência
deste entrelaçamento,
não indica que possamos
retornar às origens,
conforme asseveram os
Espíritos nesta outra
questão (op.
cit.):
612.
Poderia encarnar num
animal o Espírito que
animou o corpo de um
homem?
“Isso seria retrogradar
e o Espírito não
retrograda. O rio não
remonta à sua nascente.”
Vê-se claramente no
texto a informação de
que se o rio não remonta
à sua nascente, indica
que lá já esteve, mas
isto não implica na
possibilidade de voltar
à origem, assim, a
metempsicose como
entendida por alguns não
se sustenta do ponto de
vista espírita.
Allan Kardec ainda no
compêndio magistral da
Doutrina, O Livro dos
Espíritos, comenta
sobre a metempsicose
confirmando a
impossibilidade da
existência desta
doutrina retrógada (op.
cit.):
222.
Não é novo, dizem
alguns, o dogma da
reencarnação;
ressuscitaram-no da
doutrina de Pitágoras.
Nunca dissemos ser de
invenção moderna a
Doutrina Espírita.
Constituindo uma lei da
Natureza, o Espiritismo
há de ter existido desde
a origem dos tempos e
sempre nos esforçamos
por demonstrar que dele
se descobrem sinais na
antiguidade mais remota.
Pitágoras, como se sabe,
não foi o autor do
sistema da metempsicose;
ele o colheu dos
filósofos indianos e dos
egípcios, que o tinham
desde tempos imemoriais.
[...] Contudo, entre a
metempsicose dos antigos
e a moderna doutrina da
reencarnação, há, como
também se sabe, profunda
diferença, assinalada
pelo fato de os
Espíritos rejeitarem, de
maneira absoluta, a
transmigração da alma do
homem para os animais e
reciprocamente.
É interessante notar
Allan Kardec negando a
teoria da metempsicose
como a entendem alguns
antes de ter registrado,
mais à frente, as
perguntas 611 e 612,
específicas sobre o
tema.
Para ajudar no
entendimento deste
processo evolutivo,
imaginemos a existência
de instrumentos de
medição de virtudes
(moral) e do intelecto:
o “Virtuômetro” e o “Intelectômetro”.
Imediatamente ao
renascer um Espírito,
suponhamos fosse medido
o seu grau de moralidade
e de intelectualidade em
uma escala de zero a
cem. Imaginemos este
Espírito indicando o
valor 10, a título de
exemplo, em paciência e
15 em inteligência,
talvez valores bem
típicos em um mundo como
o nosso. Ao sair da
Terra, desencarnando,
tomadas novamente as
medições, este Espírito
poderia apresentar
leituras pelos
instrumentos de 10 ou
mais de 10, na virtude
paciência, e certamente
mais de 15 em
inteligência, ou seja,
em moral pode-se
estacionar, mas não em
inteligência. E mais,
não poderia acusar
jamais leitura abaixo de
10 em paciência,
tampouco mesmo de 15 em
inteligência, isto
significaria retroceder
em qualquer dos dois
campos.
Como se conclui, na
trajetória evolutiva de
qualquer Espírito, é
possível estacionar do
ponto de vista moral,
mas jamais no campo da
ciência, por isso,
observa-se no mundo
atual este desequilíbrio
extremamente acentuado
entre as duas asas do
progresso, na conduta
dos habitantes: moral e
inteligência. Muitos
Espíritos aqui reunidos
se desenvolveram
bastante
intelectualmente,
entretanto, a asa da
moral não está bem
construída, determinando
que se assista esta
multidão de pecados e
incontáveis fatos
degradantes no seio
desta humanidade.
Dizemos desta
humanidade, pois há
“zilhões” de Espíritos
na fase hominal povoando
os incontáveis mundos do
Universo. No planeta
Terra se encontra uma
ínfima parcela destes
Espíritos, aqui reunidos
devido às suas
particulares afinidades.
Cabe destacar a
magnanimidade de Deus, o
Seu infinito amor pela
criação, impedindo, pelo
funcionamento natural de
Suas leis, a
possibilidade de
retroagirmos,
recomeçando ou
conquistando de novo o
que foi adquirido a
duras penas em vidas
passadas. Esta mecânica
das normas divinas nos
traz imensa
tranquilidade e
esperança em um mundo
melhor, em razão de
sabermos, termos a
certeza: Jamais
regrediremos, muito
menos estacionaremos
eternamente!
Referências:
1
KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos.
Trad. Guillon Ribeiro.
69. ed. Rio de Janeiro:
FEB Editora, 1987. q.
785.