O papa, a corrupção
e as
drogas
O que destrói a
Humanidade é a política
sem princípios
[corrupção e desvios]; o
prazer sem compromisso
[drogas/sexo
descompromissado]... -
Mahatma
Gandhi
Vivemos o milênio do
consumismo e do ter.
Indo na cauda dessa
mentalidade, no Brasil e
no mundo, inteligências
brilhantes se envolvem
na corrupção nos
diversos meios sociais e
políticos.
“Arnaldo, o que tem a
ver isso com o novo papa
Francisco?”
Recentemente, ele
declarou que a corrupção
é como uma droga que
produz “dependência”.
Francisco afirmou que
“as pessoas
se comportam com a
corrupção como com as
drogas: pensam que podem
usá-las e deixá-las
quando quiserem”.
Paulo Coelho (o autor de
O alquimista,
com mais de 65 milhões
de cópias vendidas em
todo o mundo, livro que
figura entre os cinco
mais vendidos nos
últimos 50 anos – e o
livro brasileiro mais
vendido de todos os
tempos)
também deu uma
declaração semelhante à
do papa Francisco,
falando sobre as drogas
que ele e Raul Seixas
usaram:
“O grande perigo da
droga é que ela mata a
coisa mais importante
que você vai precisar na
vida: o seu poder de
decidir”.
Afirma ainda o escritor
carioca, membro da
Academia Brasileira de
Letras: “A única coisa
que você tem na sua vida
é o seu poder de
decisão. Você quer isso
ou quer aquilo? Seja
aberto, seja honesto.
Realmente, a droga é
fantástica, você vai
gostar. Mas cuidado,
porque você não vai
decidir mais nada”.
Volto a Francisco, o
papa argentino, que
assim analisa o processo
de iniciação na
corrupção:
“Começam com pouco: uma
pequena soma aqui, um
suborno lá... e entre
esta e aquela,
lentamente perdem a
liberdade”; a corrupção
produz “dependência e
gera pobreza, exploração
e sofrimento”.
Em saúde pública, a
pessoa é considerada
dependente quando tem
dificuldade de parar ou
diminuir o uso de drogas
por decisão própria,
mesmo querendo parar,
mesmo percebendo os
problemas relacionados
ao seu uso.
Pelo visto a dependência
da corrupção traz muitos
prazeres para os homens,
haja vista, para ficar
em exemplos próximos, os
gastos de determinados
políticos envolvidos com
os casos apurados pela
Operação Lava Jato.
Você sabe o que é
“fissura”? É uma vontade
incontrolável que a
pessoa sente de usar a
droga com frequência.
Parece que é o caso dos
políticos a que nos
referimos, porque estão
envolvidos em diversos
desvios – nunca param em
um só...
Dependência química não
tem cura, mas tem
recuperação. Será que a
dependência da corrupção
tem recuperação também?
Algumas características
de comportamento são
muitos semelhantes, para
não dizer idênticos, nos
adictos a drogas e a
corrupção:
1ª) a negação;
2ª) a manipulação;
3ª) a desonestidade.
A doença da adicção em
drogas é caracterizada
pela compulsão física,
obsessão mental pelo
desejo e egocentrismo (o
indivíduo só pensa nele
mesmo).
Nosso mundo interior tem
um juiz, a nossa
consciência, mas ela
pode ser obliterada
pelos interesses
imediatos e pelo meio,
que pode obscurecê-la.
Porém, um dia, ela vai
estar liberta da matéria
e vai falar mais alto.
Há uma crise geral no
Brasil que envolve a
questão social,
política, religiosa e
moral/ética. Sempre tive
em mente que os
políticos, homens
públicos e autoridades
nascem de nossas casas,
de nossas ruas, de
nossas cidades, e que
quando formos melhores
pais e educadores,
nossos políticos também
serão melhores – nossa
sociedade será melhor.
Porque a única mudança
possível é dentro de nós
mesmos – é nosso exemplo
no dia a dia.
Arnaldo Divo Rodrigues
de Camargo é editor das
editoras EME e Nova
Consciência