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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016

WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, SP (Brasil)

 

 
A timidez dos bons
e a ousadia dos maus
 
- Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?  "Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando o quiserem, assumirão a preponderância.” (Questão 932, de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.)

 

No contexto social em que vivemos, ante os dissabores que a sociedade tem colhido, como decorrência dos desajustes no âmago dos relacionamentos humanos, sugere o Espírito da Verdade, a Allan Kardec, àqueles que já despertaram para os reais valores da vida, que assumam a preponderância, isto é, que deixem a zona de conforto em que vivem, neutralizando a timidez e aguçando a ousadia.

Ser ousado, aguerrido, atrevido mesmo, não significa insuflar a violência, mas ter a coragem e o arrojo de defender, com bravura e interesse, aquilo que é nobre, digno e ético.

Não se pode deixar o mal prosperar nos espaços deixados pela timidez que domina os homens de bem. A criatura humana, além de ser boa, ainda é indispensável que seja justa. Calar quando se deve falar, esconder quando se deve apresentar, omitir quando se deve participar, obviamente são práticas que em nada contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana.

Os maus são ousados, pois que não temem pela reputação, pela probidade, nem se preocupam com a indignação ou opinião das pessoas, são maus e pronto. Fazem barulho, assustam, destroem, e, no momento da perversidade, anestesiados pelo desequilíbrio,  a consciência de nada os acusam, por isso são atrevidos e atuam nos espaços onde os bons deveriam estar, ostentando a bandeira da decência, da honestidade e da fraternidade.

Os bons precisam estar presentes em todos os segmentos sociais; na escola do filho, na associação de bairro, no grêmio estudantil, na associação filantrópica e assistencial, na política, na organização trabalhista, na organização patronal, nas decisões que interessam à comunidade em que vivem... enfim,  têm que participar, pois se não se apresentarem para a ocupação dos espaços que são seus, sem dúvida, virão os maus e, sem cerimônia, ocuparão as cadeiras vazias e farão o estrago que já é do conhecimento geral.

Então, não basta criticar, reclamar, gritar por um mundo mais decente, ordeiro e próspero, imperioso se torna a participação para que tais conquistas cheguem mais depressa e sem tanto sofrimento.

Para tanto, não será preciso ser expoente da cultura, da força, da intelectualidade, da fortuna, da virtude, do desprendimento, da caridade, mas sim, será preciso, e muito, de boa vontade e uma hercúlea dose de esforços. Isso, obviamente, está ao alcance de todos... basta querer.

Sem nenhuma violência, quando os maus perceberam que os espaços estão sendo preenchidos pela ousadia e coragem dos bons, baterão em retirada, por falta de opção e oportunidade, daí em diante será erguido, com segurança, o edifício da paz e da serenidade que tanto desejamos.

Observemos, então, qual o espaço que nos pertence, na ordem do progresso, e ocupemos a nossa cadeira... para servir, obviamente.



 


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