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Estudo das Obras de Allan Kardec  Inglês  Espanhol

Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com

Londrina,
Paraná (Brasil)
 

 

Obras Póstumas

Allan Kardec 

(Parte 39)
 

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro Obras Póstumas, publicado depois da desencarnação de Allan Kardec, mas composto com textos de sua autoria. O presente estudo baseia-se na tradução feita pelo Dr. Guillon Ribeiro, publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.

Questões para debate 

214. O projeto prevê a criação de centros gerais, do tipo federativo, nos diferentes países? 

215. A constituição orgânica do Espiritismo seria submetida a revisões periódicas? 

216. A ambiguidade do termo espírita foi discutida por Kardec no texto sob exame?  

217. Foi com base nessa ambiguidade que surgiu a ideia da utilização do título Espírita professo? 

Respostas às questões propostas 

214. O projeto prevê a criação de centros gerais, do tipo federativo, nos diferentes países? 

Sim. Além da comissão central poderiam formar-se, e se formariam inevitavelmente, centros gerais em diferentes países, sem outro laço senão a comunhão de crenças e a solidariedade moral, sem subordinação de um ao outro, sem que o da França, por exemplo, tenha a pretensão de se impor aos espíritas americanos e vice-versa. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Constituição do Espiritismo.) 

215. A constituição orgânica do Espiritismo seria submetida a revisões periódicas? 

Sim. Essa revisão deveria ocorrer, segundo Kardec, a cada 25 anos. Esse lapso de tempo, sem ser muito longo, é suficiente para permitir apreciar as novas necessidades e não levar perturbações com modificações muito frequentes. A revisão competirá aos congressos ordinários, transformados para esse efeito em congressos orgânicos, e prosseguirá indefinidamente de maneira a mantê-los, sem interrupção, ao nível das necessidades e do progresso das ideias. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Constituição do Espiritismo.) 

216. A ambiguidade do termo espírita foi discutida por Kardec no texto sob exame? 

Sim. Diz ele que o título de Espírita - e mesmo de Espírita convicto - não indica, de nenhum modo, a medida da crença. Uma assembleia na qual se convocassem todos aqueles que se dizem Espíritas apresentaria um amálgama de opiniões divergentes que não saberiam se assimilar e não desembocariam em nada de sério. Essa falta de precisão, inevitável no início e durante o período de elaboração, frequentemente causou equívocos lamentáveis, naquilo que fez atribuir à Doutrina o que não era senão o abuso ou um desvio. Foi em consequência dessa falsa aplicação, que é diariamente feita da qualidade de Espírita, que a crítica pôde encontrar matéria para a zombaria. Que um indivíduo se diga espírita ou pretenda fazer do Espiritismo o que os prestidigitadores pretendem fazer da física, fosse ele um saltimbanco, é, aos seus olhos, o representante da Doutrina.

Tem-se feito, é verdade, uma distinção entre os bons e os maus, os verdadeiros e os falsos Espíritas, os Espíritas mais ou menos esclarecidos, mais ou menos convencidos, os Espíritas de coração etc. Mas essas designações, sempre vagas, nada têm de autênticas, nada que as caracterizem quando não se conhecem os indivíduos e quando não se teve ocasião de julgá-los por suas obras. Pode-se, pois, ser enganado pelas aparências. Disso resulta que a qualidade de Espírita, não permitindo senão uma aplicação incompleta, não é uma recomendação absoluta; essa incerteza lança nos espíritos uma espécie de desconfiança que impede estabelecer entre os adeptos um laço sério de confraternidade.

Em face disso - aduziu Kardec -, tendo-se fixado, entre todos, os pontos fundamentais da Doutrina e os deveres que incumbem a todo adepto sério, a qualidade de Espírita poderia ter um caráter definido que não tinha antes. Um formulário de profissão de fé seria estabelecido, e a adesão, por escrito, a esse programa, seria um testemunho autêntico da maneira de encarar o Espiritismo. Essa adesão, constatando a uniformidade dos princípios, seria, além disso, o laço que uniria os adeptos numa grande família, sem distinção de nacionalidades, sob o império de uma mesma fé, de uma mesma comunhão de pensamentos, de vistas e de aspirações. A crença no Espiritismo não seria mais uma simples aquiescência, frequentemente parcial, a uma ideia vaga, mas uma adesão motivada, feita com conhecimento de causa, constatada por um título oficial entregue ao adepto. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Constituição do Espiritismo.) 

N.R.: A ambiguidade do termo espírita persiste ainda hoje e até se ampliou no caso brasileiro, como se viu anos atrás na polêmica acerca do Censo 2010. Há, em nosso meio, quem sugira o uso do vocábulo kardecista para evitar tal ambiguidade, embora todos saibamos que o uso dos vocábulos kardecista e kardecismo foi repudiado pelo próprio Kardec. 

217. Foi com base nessa ambiguidade que surgiu a ideia da utilização do título Espírita professo? 

Sim. Para evitar os inconvenientes da falta de precisão da qualidade de Espíritas, os signatários da profissão de fé tomariam – de acordo com a proposta do Codificador – o título de Espíritas professos. Essa qualificação, repousando sobre uma base precisa e definida, não daria lugar a nenhum equívoco e permitiria aos adeptos que professem os mesmos princípios e caminhem no mesmo caminho reconhecerem-se sem outra formalidade senão a declaração de sua qualidade, e, havendo necessidade, a produção de seu título.

Segundo as palavras de Kardec, um formulário de profissão de fé, circunscrito e nitidamente definido, seria o caminho traçado; o título de Espírita professo seria a palavra de união. (Obras Póstumas – Segunda Parte – Constituição do Espiritismo.)

 

 


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