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Brasil
Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, RS (Brasil)
 

  

Seja Feliz Hoje foi o tema do Encontro Fraterno com
Divaldo Franco
 

O evento reuniu este ano 656 participantes que lotaram o Salão
de Convenções Amaralina, no complexo Iberostar, na
Praia do Forte (BA)
 

No período de 3 a 6 de novembro de 2016 foi realizado mais um Encontro Fraterno com Divaldo Franco, com tema central: Seja Feliz Hoje. O evento aconteceu no complexo hoteleiro Iberostar Praia do Forte. Desde o período matinal, e se prolongando pela tarde, Divaldo Franco, anfitrião do evento, recebeu pessoalmente os participantes. A grande maioria chegou transportada por ônibus disponibilizados pela organização. Vinham de outros Estados, da capital soteropolitana, de cidades do interior da Bahia e do Exterior, outros chegam por meios próprios, independentemente, todos foram carinhosamente recebidos.

Os organizadores do evento e os funcionários do hotel não mediram esforços em propiciar bem-estar aos participantes, que se traduziu em conforto e tranquilidade, saudando-os com carinho. Havia um clima de confraternização, de reencontros para muitos, participantes de even-

tos anteriores, e de encontros para outros que ali se encontravam pela primeira vez. São dedicados amigos da Mansão do Caminho, presentes para aprender, mas também, benfeitores em apoio às obras assistenciais da veneranda instituição baiana. 

Abertura

3 de novembro – noite 

O Encontro Fraterno com Divaldo Franco está completando doze edições. Inicialmente foram realizados dois encontros, um em 1997 e outro em 1999. Mais tarde, a partir do ano de 2007, o evento vem sendo realizado anualmente. Este ano reuniu 656 participantes que lotaram o Salão de Convenções Amaralina, no complexo Iberostar.

Na abertura do evento, conduzida por Telma Sarraf, foi prestada uma homenagem ao 8º Congresso Espírita Mundial, levado a efeito em Lisboa, Portugal, no mês de outubro passado, reproduzindo-se o vídeo de encerramento daquele magnífico encontro que visou despertar reflexões profundas reverenciando a vida.

No início de todas as atividades foi reservado um espaço para o momento artístico, harmonizando os participantes e o ambiente. Os protagonistas, que encantaram e sensibilizaram corações, foram o barítono Maurício Virgens, o pianista Flávio Benedito e a soprano Vanda Otero. Suas belas vozes e magistrais interpretações fizeram com que o público, tomado de emoção, se levantasse aplaudindo-os demoradamente.

Como habitual nesses encontros, foi realizado o estudo do Evangelho, conduzido por Divaldo Franco, que, para dinamizar o estudo, convidou três participantes para tecerem comentários sobre o texto evangélico: João Rabelo, Ana Beira e Francisco Ferraz.

Divaldo, referindo-se ao evento, disse que é um reencontro com os corações amigos e que objetiva despertar a criatura para modificar a criança psicológica que ainda é. Passando à leitura do capítulo V, itens 1 a 3, de O Evangelho segundo o Espiritismo, com ênfase nos registros evangélicos de Mateus 11:28 a 30, e de João 14:15 a 17 e 26, e os judiciosos comentários de Allan Kardec, Divaldo convidou João Rabelo para apresentar suas considerações.

Após informar que cerca de quatro mil Espíritos estão sendo enviados ao Brasil para que recebam a elucidação sobre a mensagem do Cristo, consolando-os, Rabelo disse que esse é o momento para que a criatura se volte para dentro de si e faça com que o amor desabroche e contribua para que a humanidade encontre Jesus e sua paz. Francisco de Assis e Joanna de Ângelis, informou, convidam para que o homem viva momentos de introspecção, despertando o sentimento do amor. O convite do consolador é para agora, fazendo ao próximo o que Jesus ensinou: amá-lo. Finalizando enalteceu a manutenção do ânimo, da esperança, do exercício da consolação.

Ana Beira, com sua suave e doce voz, destacou inúmeras aflições que assolam a humanidade atual: a falta de paz, as guerras, as migrações forçadas, as enfermidades, a fome. Em contrapartida, frisou que muitos se dedicam a minorar as aflições, as enfermidades e todo o tipo de dores e sofrimentos. São os enviados do Cristo consolando. Lembrou que o convite de Jesus é para os que sofrem, porque deseja aliviar-lhes a dor, ofertando a Sua amorosidade, ensinando que o coração deve ser puro, que a humildade seja conquistada. O mundo necessita ter Jesus de volta, torná-Lo presente na vida hodierna, amando. O mundo de paz e de amor será construído com Jesus, vivenciando os Seus ensinamentos, amando incondicionalmente as criaturas de Deus.

Na continuidade, Francisco Ferraz, eloquente e profundo conhecedor da vida de Paulo de Tarso, narrou belíssima passagem do apóstolo dos gentios, destacando os ingentes esforços que os cristãos dos primeiros tempos realizaram, dando testemunhos de sua fé, da abnegação, aceitando as dores, que se traduziam em perseguições, lapidações e crucificações. Há necessidade, frisou, que cada um olhe para dentro de si e lembre-se de encontrar Jesus. É Ele que promove, ampara e consola os homens. As bem-aventuranças são hinos de amor e consolação que se destinam a amparar os aflitos de toda ordem.

Divaldo Franco, retomando a palavra, destacou que o Cristo Consolador alenta, informa e ampara todos os homens. O Consolador prometido veio para permanecer com a humanidade, restaurando os ensinamentos do Cristo em linguagem compreensível. Esse consolador foi apresentado aos homens através de vários pensadores, de diferentes épocas, culminando com o advento da Doutrina Espírita. As ciências humanas avançaram em conhecimento de forma vertiginosa, facilitando a vida, porém as existências da criatura encontram-se vazias, sem a identificação clara de um sentido para a vida. Jesus é para todos, ricos e pobres, Sua mensagem visa fazer com que a criatura desperte para o amor.

Traçando os objetivos do Encontro Fraterno, Divaldo salientou que ele se destina a propiciar o renascimento, o descobrimento do sentido psicológico da vida, a paz, estimulando que cada um possa tomar a si a tarefa de minorar o sofrimento alheio.  

Seja Feliz Hoje

4 de novembro - manhã 

Radiante, como quase todos os dias na Bahia, o 4 de novembro se apresentou para que o desfrutássemos sob as orientações de Divaldo Franco, ícone do movimento espírita nacional e internacional. Suas lúcidas palavras produzem envolvimento emocional, despertando a criatura que ainda dorme em si.

Nessa oportunidade foram lançados dois novos títulos da LEAL. O primeiro foi o livro infantil escrito e ilustrado por Luís Hu Rivas, intitulado Minha Amiga Joanna de Ângelis. As ilustrações são no estilo cartoon. O segundo, de autoria de Joanna de Ângelis e psicografado por Divaldo Franco, tem por título Seja Feliz Hoje. Marcando o lançamento do livro infantil, Luís Hu entregou para Divaldo dois quadros, também pintados no estilo cartoon. Um representa a Joanna de Ângelis baby, o outro, de igual estilo, estampa Francisco e Clara de Assis.

Divaldo, em sua verve aclarada, estimulou os participantes a manterem o bom ânimo, a alegria e o perdão. Dando ao encontro um caráter terapêutico, e utilizando-se também da técnica da risoterapia, deu introdução ao tema: A Criança Ferida. Apresentando a classificação do ser humano sob a ótica de Carl Gustav Jung, o médium e conferencista de Feira de Santana discorreu sobre as características do ser introvertido e do extrovertido, salientado que o ser humano é a soma de suas experiências passadas, conforme o psicólogo Emilio Mira y Lopes.

Descrevendo o quadro evolutivo dos seres sobre a face do planeta, Divaldo deixou claro o esforço em superar os obstáculos e sublimar ações, endereçando as criaturas para o Criador, destacando a importância da educação nesse processo, corrigindo os instintos, desenvolvendo a generosidade a ponto de amar o próximo. Todo ser imaturo é considerado por Jung como uma criança ferida. Ela está sempre desconfiada, magoada, solitária e crê-se infeliz.

Ilustrando o tema, Divaldo apresentou e comentou sobre o Mito de Narciso, deixando claro que cada um apresenta em suas atitudes um pouco desse mito. Possuir um certo encantamento por si é natural, isso se constitui em autoamor. Com o auxílio de diversos ensinamentos de Joanna de Ângelis, contidos em suas obras, o ilustre orador destacou a importância da educação desde a infância, desenvolvendo a autenticidade, as potencialidades, adquirindo equilíbrio emocional e físico. Os conflitos, os medos devem ser examinados, descobertos e trabalhados com carinho e coragem. 

Resgatando a criança que existe em nós

4 de novembro – tarde 

Nenhuma criatura humana se encontra na Terra sem atravessar, vez que outra, a noite escura da alma. (Divaldo Franco/Joanna de Ângelis – Atitudes Renovadas – capítulo 7) 

No período da tarde o casal Cláudio e Íris Sinoti, psicoterapeutas, realizaram um estudo sobre a obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Iniciando a atividade, Cláudio destacou que a obra visa contribuir para que cada um resgate a criança que existe dentro de si, com encanto, ética e beleza. A história, disse, começa com uma pane, assim, de que forma o ser humano trabalha as suas crises?

No passado, alguns personagens históricos retiraram-se para o deserto visando alcançar a plenificação, encontrando o oásis da sabedoria. O homem na crise adentra-se pelo deserto da sua intimidade, alguns infelicitam-se, negando-se a encontrar a fonte, outros desenvolvem habilidades que os capacitam viajar na direção da fonte do saber, encontrando a harmonia e a paz.

Em algum momento da jornada evolutiva o vínculo com a vida foi ferido. Encontrar-se com a criança interior é viver com capacidade de formar vínculos, responsabilidades, autoconstruindo-se. Quando a gente anda sempre em frente não pode mesmo ir longe. (Antoine de Saint-Exupéry).

Visitando os personagens e situações que compõem a obra de Saint-Exupéry, Cláudio foi conduzindo os presentes para uma autoanálise, propiciando a autoidentificação, propondo alternativas para o convívio sem conflitos com a criança interior através da reflexão, da análise sobre o cotidiano, renovando-se.

As sombras, destacou, quando não são cuidadas, trabalhadas, voltam-se contra a criatura. Sombra e luz se misturam na intimidade do ser e devem ser cuidadas diariamente, dando atenção às ações e que necessitam cuidados, aclaradas. É preciso resgatar a beleza que existe no mundo, pois que a beleza significa o lugar onde Deus se encontra, desenvolvendo a capacidade de olhar para todos os lados, identificando pontos positivos ou negativos.

Na medida em que o homem amadurece psiquicamente vai desenvolvendo condições de identificar a sua estrutura psicológica, experienciando situações, emoções e sentimentos, descobrindo a beleza da vida. Nessa busca do equilíbrio, quase sempre, por imaturidade, e por não poder controlar-se a si mesmo, procura exercer o controle sobre o outro, esquecendo-se que o amor e o poder se encontram em pratos opostos da balança.

Íris Sinoti, dando continuidade e mantendo a mesma base de análise, disse que a criança interior deve ser resgatada e levada para rever a vida e dar-lhe um significado, sob pena de enlouquecer, alojando-se na depressão. Por estar desconectado do que é importante para a vida, ajusta-se, subordina-se sem questionamentos a um mestre ou líder qualquer. Por outro lado, afirma Antoine de Saint-Exupéry, libertá-lo para que aprenda a ser mestre de si mesmo é uma empreitada muito mais difícil.

O homem, em geral, conhece tudo sobre os outros e ignora a si mesmo, como ensina James Hollis, psicólogo americano: ...mesmo enquanto o mundo exterior continua a reclamar nossos esforços, precisamos nos voltar para dentro de nós. Assim, para que cada um pudesse reflexionar sobre a sua própria conjuntura, Íris questionou: qual o papel do ser humano no planeta Terra, e o seu em particular? 

Apoiando-se em conceitos formulados por Joanna de Ângelis, por Eva Pierrakos, James Hollis e Carl Gustav Jung, Íris, a exemplo de Cláudio, foi conduzindo os presentes para o desenvolvimento da autorreflexão, oferecendo ferramentas para o aprimoramento psicológico. Finalizando esclareceu que cativar significa formar vínculos, desfazer barreiras, romper muralhas, e que o essencial é invisível aos olhos, mas que quando se utiliza o coração se pode ver bem a beleza que nos cerca e a vida que possuímos. 

A Criança Ferida

4 de novembro - noite 

“O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura. Quem posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo.” (Divaldo Franco/Joanna de Ângelis – O Ser Consciente – página 9)

No período noturno Divaldo se apresentou para dar continuidade ao tema que iniciara pela manhã: A Criança Ferida. Em seu magnífico trabalho, foi dissecando a educação da criança em termos de ideal, e que se encontra alicerçado nos mais judiciosos conceitos formulados por renomados pensadores, principalmente os de Joanna de Ângelis, como o seguinte, encontrado na obra Constelação Familiar, capítulo 10, psicografado por Divaldo Franco: “Ao invés de coibir-se a criança nas suas manifestações no lar, em nome da educação, deve-se estimulá-la a ser autêntica, evitando-se a dissimulação e a hipocrisia, por cujos mecanismos psicológicos agrada adultos, ocultando a sua realidade, a sua sensibilidade.”

Carl Gustav Jung, em Desenvolvimento da Personalidade, informa: “A criança se encontra de tal modo ligada e unida à atitude psíquica dos pais, que não é de causar espanto se a maioria das perturbações nervosas verificadas na infância devam sua origem a algo de perturbado na atmosfera psíquica dos pais.”

Elucidando os conceitos abordados através de histórias e vivências, e exaltando os bons exemplos, o intimorato conferencista espírita foi despertando o desabrochar de ideias, colocando cada um frente a uma circunstância da vida, propiciando reflexões sobre atitudes próprias ou alheias, favorecendo o amadurecimento psicológico, a formação da personalidade.

É conhecido e aceito que é no período infantil que se instalam os pródromos dos futuros conflitos que aturdem a criatura humana ao longo do seu desenvolvimento, caso falte a verdadeira afetividade e respeito pelo ser em formação. Toda criança tem a necessidade de ser amada, protegida, nutrida e orientada; com isso poderá desenvolver os sentimentos da afetividade, da harmonia, da saúde, do discernimento, conforme ensina Joanna de Ângelis em Autodescobrimento.

Finalizando após uma narrativa emocionante de superação de conflitos, causada pelo desamor, Divaldo destacou que o amor deve ser desenvolvido e fortalecido na presença dos que são indiferentes, desamados e conflitados, pois que é o bálsamo que cicatriza as feridas da alma, luarizando ao que ama e ao que é amado. 

Curando feridas, mágoas e ressentimentos

5 de novembro - manhã 

A felicidade se estabelece quando os dois níveis – físico e mental – harmonizam-se, ensejando o prazer emocional e transpessoal. (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

Em simetria com a bela manhã, que se fez um belo presente, a apresentação do tema – Curando feridas, mágoas e ressentimentos -, se constituiu em momento rico de bênçãos e conhecimento.

Atendendo ao escopo do Encontro, o de ser terapêutico, Divaldo Franco propôs uma pergunta: Se você não soubesse a idade que tem, que idade gostaria de ter? Ficando a resposta para ser construída por cada um ao longo do dia, o dinâmico e sereno conferencista apresentou algumas observações sobre a providência divina, nem sempre aceita ou compreendida pelos homens, principalmente pelos que são os seus protagonistas. Porém, ao olhar-se, distanciados dos fatos, aqueles que forem atentos observadores concluirão que tudo transcorreu dentro de uma lógica e dos propósitos de evolução.

Trabalhando os Quatro Gigantes da Alma propostos por Emilio Mira y Lopes (1896-1964), sociólogo, médico psiquiatra e psicólogo, autor da obra de mesmo nome, Divaldo Franco foi descortinando esses gigantes, apresentando-lhes os nomes, discorrendo sobre o seu surgimento e os efeitos na alma humana. São eles: o medo, a ira, o amor e o dever.

Apoiando-se principalmente nos estudos e nas análises do Professor Mira y Lopes, o Embaixador da Paz no Mundo falou sobre as fases pelas quais passou a manifestação do pensamento. A primeira, o pensamento arcaico, depois segue-se o período pré-mítico, e a do egotismo, e por último a da razão, da lógica.

Ao despertar para o amor, o homem se faz benevolente, desdobra-se para propiciar paz e harmonia aos seus semelhantes, onde a abnegação é constante, e por conseguinte viver a fase do dever, torna-se um prazer, mesmo que aos olhos dos observadores externos possa parecer penoso. O exemplo maior é Jesus, cujos ensinos levam as criaturas a receber o Cristo na intimidade do ser. Neste ponto, e para estes que possuem o Cristo interno, o amor se universaliza. Paulo de Tarso, ao cair em si, assim se expressou: “Já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim”. Assim, o apóstolo integrou-se com o pensamento de Jesus e, por consequência, de Deus.

Joanna de Ângelis, estudiosa do comportamento humano, propõe que as palavras culpa e pecado, com seus significados psicológicos e teológicos da atualidade, sejam substituídos pelo vocábulo responsabilidade, entendendo que responsável é todo aquele que já possui condições de reparar o prejuízo ou o dano moral ao semelhante.

Traçando o caminho que o homem palmilhou através de sua história, Divaldo desvela, com muita lógica, as fases da autoconstrução do homem na Terra, evoluindo material, espiritual, social e psicologicamente.

Incansável, Divaldo Franco passou a discorrer sobre as quatro estradas psicológicas que levarão a humanidade a alcançar a prática do amor incondicional, atendendo à Lei Divina. Fazendo uso dos pontos cardeais, para configurar Israel, Divaldo situou ao norte a cidade de Damasco, onde Saulo transformou-se em Paulo, o Apóstolo dos Gentios. Damasco, então, simboliza a conversão.

Ao sul está situada Jerusalém, cujo significado é o testemunho, sustentado através da inteireza moral. Viajando para o leste, a cidade símbolo é Jericó, caracterizada pela solidariedade. Indo na direção oposta, saindo de Jerusalém, para o oeste, a estrada conduzirá para Emaús, quando um peregrino especial – Jesus - acompanha na caminhada dois viajantes. O peregrino é então convidado a pernoitar, fazendo companhia aos dois, aceitando, depreende-se que o significado não pode ser outro a não ser o do acompanhamento.

Nesse traçado geográfico nota-se a figura da cruz, um símbolo que se tornou ponte entre a terra e o céu, ligando os homens a Deus. Conversão, testemunho, solidariedade e acompanhamento, eis os caminhos para o desenvolvimento do amor incondicional. Concluindo o módulo, Divaldo foi efusivamente aplaudido de pé. 

A Saga do Ciúme

5 de novembro - tarde 

Retomando as atividades no período da tarde, Cristiane Beira desenvolveu o tema A Saga do Ciúme. Ciúme, disse a psicoterapeuta, é uma das exteriorizações da criança ferida, ínsita no psiquismo da criatura humana, e que não se relaciona de forma saudável. Fazendo um percurso pela expressão psíquica, Cristiane discorreu sobre as intenções que movem a criatura a buscar o que lhe desperta a atenção, satisfazendo desejos, procurando conhecer o outro, principalmente os aspectos exteriores, esquecendo-se de identificar a essência do ser que se observa, os seus valores humanos, morais, éticos, espirituais e a saúde emocional.

No desenvolvimento e na aquisição de atitudes equilibradas será necessário que se desvende o universo que se chama homem, reconhecendo e acolhendo, por exemplo, a criança interna, realizando o autocontrole, alcançando a individuação, quando então, os diversos EU se condensam, fundindo-se na integralidade, passando a ser um, ser quem se é e não uma representação ou projeção, tornando-se inteiro, integral. Enquanto não alcançar essa integralidade, nele permanecerá a criança maltratada, ferida, magoada, ciumenta a lhe requerer atenção.

A individuação, em geral, é o processo de desenvolvimento de um modelo de pessoa autêntica, com moralidade, íntegra consigo e com o próximo. Para amar o próximo é fundamental que a criatura se ame, que desenvolva o autoamor, podendo assim dar de si o que já adquiriu, atendendo ao ensinamento de Jesus. É necessário saber amar-se, antes de amar o outro.

Compreender que o outro não existe é importante passo para o amadurecimento psicológico, passando a responsabilizar-se, integralmente, pelo que faz ou pelo que não fez, podendo ter feito. O outro é a projeção de quem analisa, observa.

As relações de submissão, de dominação se complicam pela existência de falta de afeto, de carências, falta de amor, dependência emocional, falta de consciência sobre as necessidades do outro. O ciúme é o cárcere da emoção e é de natureza ancestral. O ciúme distorce a realidade. Cada um, vivendo na intensidade que lhe é própria, percebe o outro de forma diferente, a seu modo. Ciúme e insegurança estão em estreito relacionamento.

Cada indivíduo deve esforçar-se para assumir o EU feliz, pleno, acolhendo a criança ferida, acalentando-a, recuperando-a, estabelecendo uma relação saudável consigo mesmo, evitando dar guarida ao ciúme.

Na sequência foram respondidas várias perguntas, oportunidade em que Divaldo Franco, Cristiane Beira e o casal Iris e Cláudio Sinoti abordaram pontos específicos, atendendo às necessidades de esclarecimentos pessoais de forma anônima, aprofundando o tema do Encontro.

Divaldo coordenou e interpretou as respostas anônimas à pergunta inicial desse excelente encontro: O que a criança que fui diria do adulto que me tornei?  Vencida essa fase, onde a diversidade de respostas se constituiu de rico momento devido à profundidade em que foram apresentadas, propiciou uma bela panorâmica sobre o estado de consciência, bem como de entendimento do conteúdo apresentado pelos expositores.

Ato contínuo, Divaldo, como mestre experimentado, conduziu a visualização terapêutica dirigida, uma viagem em busca do autoconhecimento. Finalizado o exercício, Divaldo solicitou que um dos presentes, de preferência que ele não o conhecesse, se apresentasse para expor as suas impressões. A cada fase da visualização exposta pelo convidado, Divaldo foi interpretando, traçando um perfil psicológico segundo as percepções do voluntário. Essa amostragem teve por objetivo, também, responder de forma genérica às percepções que cada um alcançou na visualização. 

Libertando a criança interior

6 de novembro - manhã 

A criatura não é o que se apresenta, nem como se encontra. Esse estado impermanente é trânsito para o que será. Em prazer ou em sofrimento, não se é isso, mas se está isso, conscientizando-se do continuum no qual se encontra mergulhado. (Divaldo Franco/Joanna de Ângelis – O Ser Consciente – capítulo 9)

O evento, que se encerrou no final da manhã do dia 6 de novembro, coroado de sucesso, foi acessado por 680 cidades de 49 países, somando cerca de 32.000 acessos. Estiveram representados, com números diversos de participantes, 22 Estados, o Distrito Federal e mais 6 países.

O tema para o dia foi: Libertando a criança interior. Inicialmente Divaldo Franco externou a sua alegria e disse que o encontro é motivo de gáudio, afirmando que a expectativa tornou-se realidade, acreditando que todos se sentiam felizes, pois que a felicidade é possível, e, por fim, demonstrando sua gratidão aos presentes. Sentia-se, também, gratificado em parabenizar a equipe de voluntários pelo esforço realizado ao longo de mais de nove meses de preparativos do Encontro, que se traduziu em um alto padrão de organização e atendimento ao público.

Dando seguimento ao tema do encontro, Divaldo Franco analisou o desenvolvimento do ser humano, seja no campo físico, seja no espiritual, afirmando que os tempos mudaram e lentamente o ser humano vai abandonando as cavernas sombrias da alma, caminhando em direção à luz, tornando-se lúcido, haja vista que, conscientizando-se sobre sua condição de perfectibilidade, esforça-se em não mais permanecer nessas sombras do psiquismo, elegendo como prioridade alcançar a autoiluminação, combatendo as feras interiores com as armas da sabedoria, sendo feliz agora, porque compreende que nasceu para ser feliz.

O amor predomina em o ser humano, substituindo o medo e a ira, abandonando a persona para tornar-se um ser integral, numinoso. O indivíduo consciente, embora viva em meio a conflitos diversos, procura, tanto quanto possível, manter-se tranquilo, buscando Jesus, viajando em direção ao Mestre, evitando permanecer na tristeza, construindo a felicidade. As ilusões do ego devem ser diluídas pelo sol da realidade, tornando-se, a criatura, rica de paz, de afetividade e de esperança, fazendo exteriorizar a beleza da alma, a alegria de viver, suavizando as imperfeições com os óleos do amor, vivendo sob as bênçãos de Deus.

Continuando a responder à proposição inicial do Encontro Fraterno - O que a criança que fui diria do adulto que me tornei? -, a equipe de psicoterapeutas formada pelo casal Cláudio e Íris Sinoti e Cristiane Beira, juntamente com Divaldo Franco, selecionaram algumas das respostas, fazendo interpretações perante o público, à luz da psicologia e da Doutrina Espírita. Como seria impossível analisar ao vivo todas as respostas, foi entregue na entrada do salão de eventos um envelope contendo sentenças retiradas de diversas obras e autores, analisando, assim, a resposta que cada um formulou.

Sob intensos aplausos, o evento, que já é lembrado com saudade, foi encerrado com muitos abraços, sorrisos e sentimento de esperança de dias melhores, de paz e plenitude, justamente pela certeza que cada um passou a nutrir, reformulando o seu modo de ver e viver a vida com responsabilidade sobre os seus próprios atos e o esforço em ser melhor ao tornar-se humilde, caridoso e fraterno com todos, amigos ou não.
 

Participantes e voluntários do evento


Nota do autor:
 

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita