Em mensagem publicada na
seção de Cartas desta
edição, José Carlos
Rodrigues, de Duque de
Caxias (RJ), pergunta-nos
qual é o significado da
palavra mediunato.
Devidamente registrado no
VOLP- Vocabulário
Ortográfico da Língua
Portuguesa -
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario?sid=23
– mediunato é um termo
criado pelos Espíritos para
designar a missão
providencial dos médiuns.
Em seu livro
Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas,
publicado em 1858 por Allan
Kardec, este escreveu:
Mediunato: missão providencial dos
médiuns. Esta palavra foi
criada pelos Espíritos.
(Obra citada, Vocabulário,
pág. 43, conforme tradução
de Cairbar Schutel publicada
pela Casa Editora O CLARIM.)
Na Revista Espírita de
maio de 1860, numa mensagem
intitulada “Os médiuns”,
Joanna d´Arc a utilizou no
seguinte trecho:
“Deus encarregou-me de uma
missão para cumprir junto
aos crentes que ele favorece
com o mediunato. Quanto mais
recebem graças do Mais Alto,
mais correm perigos; e esses
perigos são tanto maiores
quanto nascem dos próprios
favores que Deus lhes
concede. As faculdades de
que os médiuns gozam lhes
atraem os elogios dos
homens: as felicitações, as
adulações, eis seu escolho.
Os próprios médiuns, que
deveriam ter presente na
memória sua incapacidade
primitiva, esquecem-no;
fazem mais: o que eles não
devem senão a Deus, atribuem
ao seu próprio mérito. Que
acontece então? Os bons
Espíritos os abandonam; não
tendo mais bússola para
guiá-los, tornam-se joguetes
de Espíritos enganadores.
Quanto mais são capazes,
mais são levados a se
fazerem um mérito de sua
faculdade, até que Deus,
enfim, para puni-los,
retira-lhes um dom que não
pode mais que lhes ser
fatal.” Joanna d´Arc
(Espírito).
A mensagem foi
reproduzida por Allan Kardec
no cap. XXXI, item 12, d´O
Livro dos Médiuns,
publicado em 1861.
No livro Temas da Vida
e da Morte, psicografado
por Divaldo Franco, Manoel
Philomeno de Miranda
lembra-nos que a mediunidade
tem, como fim providencial,
a elevação espiritual da
Humanidade e do planeta que
habita. Como consequência,
faculta o intercâmbio dos
desencarnados com os homens,
rompendo a cortina que
aparentemente os separa,
destruindo na base a negação
e o cepticismo a que muitos
se aferram. E, referindo-se
ao tema suscitado pelo
leitor, afirma que a
mediunidade bem exercida
leva o trabalhador ao
mediunato, que tem, em
Jesus, o Modelo, por haver
sido, por excelência, o
perfeito Médium de Deus,
graças à sintonia ideal
mantida com o Pai. (Livro
citado, Obstáculos à
mediunidade, pp. 125 e
126.)
Concluindo nossos
apontamentos, transcrevemos
uma oportuna mensagem em que
Vianna de Carvalho, por
intermédio de Divaldo
Franco, se refere ao termo
mediunato – que segundo ele
constitui a meta para a qual
os médiuns devem canalizar
todos os seus esforços:
Honra à mediunidade
Vianna de Carvalho
Sem recorrermos à intimidade
das civilizações mais
recuadas do Oriente e do
Ocidente, detendo-nos apenas
na cultura judaico-cristã,
encontraremos a presença da
mediunidade em todas as
épocas assinalando os seus
fastos com a presença de
venerandas Entidades, que se
encarregaram de orientar o
destino dos seus governantes
e do povo em geral.
Moisés, inspirado pelos
Espíritos Guias da
Humanidade recebe os Dez
Mandamentos, que se
transformaram em soberano
código para os tempos do
futuro até aos nossos dias,
assinalando os
comportamentos do homem e da
mulher.
Em diversas ocasiões, na
grande travessia do deserto,
convive com os Mentores e
transfere a percepção
psíquica aos anciãos de
Israel, enriquecendo-os com
ectoplasma, a fim de que
pudessem vivenciar a elevada
experiência de ordem
espiritual.
Dois jovens, Eldade e Medade,
tomados pelas Vozes
espirituais profetizam e
provocam ciúmes, sendo,
porém, apoiados por Moisés,
que afirma gostaria que todo
o povo pudesse fazer como
eles, confirmando-lhes a
faculdade mediúnica.
Todos os profetas mantiveram
os mesmos vínculos com os
Espíritos elevados, que os
guiavam, avançando no tempo
em momentosas precognições
que se consumaram através de
ricos detalhes, que os
tornaram verdadeiros
mensageiros do Mais Alto.
José, igualmente inspirado,
interpretou o sonho do
Faraó, e se tornou ministro
no Egito, auxiliando-o
enquanto viveu.
Daniel, mediunizado,
traduziu a legenda estranha
que apareceu na sala do rei
Baltasar, da Babilônia,
anunciando a destruição do
reino, conforme se verificou
logo depois.
A vinda de Jesus fez-se
anunciada espiritualmente
através dos séculos na
condição de Messias, que
viria instaurar um reino
superior entre os homens da
Terra, e todo o Seu
ministério foi assinalado
pelas contínuas comunicações
com a Erraticidade.
Transfigurando-se, diante de
Moisés e Elias, no monte
Tabor, inaugurou o período
das futuras reuniões
espíritas de materialização.
Logo depois, libertou o
jovem epiléptico da ação
tenebrosa de um Espírito
imundo.
Não poucas vezes dialogou
com os obsessores,
concitando-os a libertar
aqueles que lhes padeciam as
injunções dolorosas.
Curou, à distância, o servo
do centurião, detectando
vida em pessoas consideradas
mortas, como a filha da
viúva de Naim e Lázaro, que
trouxe de volta à lucidez da
consciência, arrancando-os
do estado profundo de
catalepsia.
Não bastassem os inúmeros
testemunhos da Sua
mediunidade sublime, após a
morte retornou inúmeras
vezes, a fim de demonstrar a
sobrevivência da vida ao
decesso tumular, aparecendo
em diferentes períodos da
Humanidade a homens e
mulheres valorosos, para que
dessem prosseguimento aos
ministérios abraçados, desse
modo contribuindo com o
progresso próprio e o da
sociedade.
Médiuns extraordinários
passaram pelos séculos
convidando à reflexão e ao
apostolado do bem,
assinalando as suas
existências com a abnegação
e o devotamento, despertando
mentes e corações para os
deveres espirituais e o
entendimento a respeito da
transitoriedade da
existência carnal.
Malsinados uns e perseguidos
outros, celebrizados
diversos e glorificados
alguns que passaram
santificados à posteridade,
enquanto expressivo número
teve a existência corporal
encerrada pela intolerância
religiosa nas fogueiras e
vitimados por outras penas
cruéis, deixaram o rastro
luminoso, anunciando a
imortalidade do Espírito,
para que os seres humanos
pudessem manter a esperança
e a alegria nas lutas
ásperas e nos testemunhos
dolorosos.
Com Allan Kardec, o nobre
Codificador do Espiritismo,
a mediunidade abandonou as
paisagens do mito e da
acusação, deixando de ser
graça especial concedida a
alguns ou psicopatologia
lamentável, para assumir o
seu papel real de ponte
entre as dimensões física e
espiritual, facilitando o
intercâmbio entre os seres,
ao tempo em que dignificou a
conduta moral terrestre.
A faculdade mediunidade se
radica no organismo,
independendo dos valores
morais do indivíduo, sendo,
portanto, desse ponto de
vista, neutra. Nada
obstante, os requisitos
pessoais de cada um
constituem significativo
polo de atração para os
Espíritos que, mediante a
afinidade vibratória, passam
a acompanhá-lo, interferindo
em seus pensamentos,
palavras e atos.
Em razão disso, a
mediunidade impõe
comportamento ético-moral
dignificante, através do
qual o instrumento se
transforma, alterando a
conduta para melhor, assim
contribuindo em favor da
renovação do grupo social e
da humanidade em geral.
Na sua condição de faculdade
orgânica, está presente em
todos os seres humanos em
diferentes graus de
desenvolvimento, sendo em
uns ostensiva, enquanto que
noutros muito sutil, podendo
ser desdobrada através de
exercícios e estudos, que
lhe dilatam as
possibilidades de
manifestação.
O estudo é-lhe, desse modo,
fundamental, a fim de que
sejam identificados os
fenômenos de natureza
anímica e liberados,
facultando o intercâmbio
lúcido e claro, sem
interferência dos registros
do inconsciente do próprio
médium.
Ao mesmo tempo, a educação
moral é de relevância,
porque oferece os
instrumentos indispensáveis
à sublimação espiritual no
processo de vivência dos
recursos que se encontram em
disponibilidade.
No passado, algo remoto,
pítons, pitonisas,
hierofantes, gurus, sibilas,
arúspices, face ao atraso
moral das sociedades em que
viveram, não se preocupavam
com os valores profundos da
dignificação pessoal, embora
em alguns santuários
indianos, egípcios, gregos e
romanos, houvesse uma
seleção de qualidade em
torno daqueles que
apresentavam as faculdades
mediúnicas, a fim de se
tornarem dignos de
credibilidade.
Graças a Allan Kardec, que
pôde mensurar os requisitos
morais dos médiuns, no que
diz respeito à qualidade das
comunicações espirituais,
eles passaram à posição de
metas que devem ser
alcançadas, como
indispensáveis à comunicação
com os Espíritos superiores.
Nesse processo de
crescimento ético do médium,
a gratuidade no exercício
das faculdades de que se faz
portador é relevante, porque
não tem o direito de
locupletar-se do esforço do
seu próximo, vendendo as
informações que lhe são
concedidas sem qualquer tipo
de cobrança, para o bem de
todas as criaturas.
A questão diz respeito, não
apenas, à necessidade de
serem gratuitas todas as
suas atividades mediúnicas,
ampliando-se o conceito,
para que o médium evite as
homenagens que agradam ao
personalismo, que exaltam os
sentimentos menos
edificantes, os presentes
com que são comprados
indiretamente,
aprisionando-os nos cofres
dourados do poder
transitório e dos recursos
endinheirados daqueles que
se acostumaram a tudo
resolver através do
mercantilismo...
Cabe ao médium manter-se em
constante sintonia com os
seus Guias espirituais, a
fim de poder servir a todo
instante e não somente em
horas reservadas para o
mister.
O fenômeno mediúnico dá-se
amiúde, a cada momento,
desde que o intercâmbio com
os Espíritos, consciente ou
inconscientemente, é
contínuo, face à
sincronização mental e moral
existente entre os
encarnados e os
desencarnados.
A mediunidade, portanto,
ascende de nível orgânico
para emocional e
comportamental, ensejando
uma perfeita identificação
com a recomendação de Jesus,
quando propõe: - Sede
perfeitos como o Pai
celestial é perfeito.
Trabalhando a mediunidade
gloriosa através da
dedicação e do desinteresse
pelas questões materiais e
retribuições humanas –
elogios, demonstrações de
reconhecimento, honrarias
terrestres, destaques na
comunidade – o servidor
torna-se credor da
assistência dos Espíritos
nobres que trabalham em
favor da humanidade.
O sofrimento, a solidão, a
incompreensão que
experimenta, portanto, ainda
são os caminhos e métodos
mais valiosos para conduzir
o medianeiro à
interiorização, à vivência
dos postulados do amor e da
caridade, sintonizando
melhor com os ideais do Bem
e conseguindo, a passo e
passo, a felicidade do
mediunato, que lhe deve
constituir meta a alcançar.
(Página psicografada pelo médium
Divaldo P. Franco, no dia 5
de junho de 2001, em Paris,
França.)
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