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O Espiritismo responde
Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
Em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, José Carlos Rodrigues, de Duque de Caxias (RJ), pergunta-nos qual é o significado da palavra mediunato.

Devidamente registrado no VOLP- Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario?sid=23 – mediunato é um termo criado pelos Espíritos para designar a missão providencial dos médiuns.

Em seu livro Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas, publicado em 1858 por Allan Kardec, este escreveu: 

Mediunato: missão providencial dos médiuns. Esta palavra foi criada pelos Espíritos. (Obra citada, Vocabulário, pág. 43, conforme tradução de Cairbar Schutel publicada pela Casa Editora O CLARIM.) 

Na Revista Espírita de maio de 1860, numa mensagem intitulada “Os médiuns”, Joanna d´Arc a utilizou no seguinte trecho: 

“Deus encarregou-me de uma missão para cumprir junto aos crentes que ele favorece com o mediunato. Quanto mais recebem graças do Mais Alto, mais correm perigos; e esses perigos são tanto maiores quanto nascem dos próprios favores que Deus lhes concede. As faculdades de que os médiuns gozam lhes atraem os elogios dos homens: as felicitações, as adulações, eis seu escolho. Os próprios médiuns, que deveriam ter presente na memória sua incapacidade primitiva, esquecem-no; fazem mais: o que eles não devem senão a Deus, atribuem ao seu próprio mérito. Que acontece então? Os bons Espíritos os abandonam; não tendo mais bússola para guiá-los, tornam-se joguetes de Espíritos enganadores. Quanto mais são capazes, mais são levados a se fazerem um mérito de sua faculdade, até que Deus, enfim, para puni-los, retira-lhes um dom que não pode mais que lhes ser fatal.” Joanna d´Arc (Espírito).

A mensagem foi reproduzida por Allan Kardec no cap. XXXI, item 12, d´O Livro dos Médiuns, publicado em 1861.

No livro Temas da Vida e da Morte, psicografado por Divaldo Franco, Manoel Philomeno de Miranda lembra-nos que a mediunidade tem, como fim providencial, a elevação espiritual da Humanidade e do planeta que habita. Como consequência, faculta o intercâmbio dos desencarnados com os homens, rompendo a cortina que aparentemente os separa, destruindo na base a negação e o cepticismo a que muitos se aferram. E, referindo-se ao tema suscitado pelo leitor, afirma que a mediunidade bem exercida leva o trabalhador ao mediunato, que tem, em Jesus, o Modelo, por haver sido, por excelência, o perfeito Médium de Deus, graças à sintonia ideal mantida com o Pai. (Livro citado, Obstáculos à mediunidade, pp. 125 e 126.)  

Concluindo nossos apontamentos, transcrevemos uma oportuna mensagem em que Vianna de Carvalho, por intermédio de Divaldo Franco, se refere ao termo mediunato – que segundo ele constitui a meta para a qual os médiuns devem canalizar todos os seus esforços: 

Honra à mediunidade

Vianna de Carvalho 

Sem recorrermos à intimidade das civilizações mais recuadas do Oriente e do Ocidente, detendo-nos apenas na cultura judaico-cristã, encontraremos a presença da mediunidade em todas as épocas assinalando os seus fastos com a presença de venerandas Entidades, que se encarregaram de orientar o destino dos seus governantes e do povo em geral.

Moisés, inspirado pelos Espíritos Guias da Humanidade recebe os Dez Mandamentos, que se transformaram em soberano código para os tempos do futuro até aos nossos dias, assinalando os comportamentos do homem e da mulher.

Em diversas ocasiões, na grande travessia do deserto, convive com os Mentores e transfere a percepção psíquica aos anciãos de Israel, enriquecendo-os com ectoplasma, a fim de que pudessem vivenciar a elevada experiência de ordem espiritual.

Dois jovens, Eldade e Medade, tomados pelas Vozes espirituais profetizam e provocam ciúmes, sendo, porém, apoiados por Moisés, que afirma gostaria que todo o povo pudesse fazer como eles, confirmando-lhes a faculdade mediúnica.

Todos os profetas mantiveram os mesmos vínculos com os Espíritos elevados, que os guiavam, avançando no tempo em momentosas precognições que se consumaram através de ricos detalhes, que os tornaram verdadeiros mensageiros do Mais Alto.

José, igualmente inspirado, interpretou o sonho do Faraó, e se tornou ministro no Egito, auxiliando-o enquanto viveu.

Daniel, mediunizado, traduziu a legenda estranha que apareceu na sala do rei Baltasar, da Babilônia, anunciando a destruição do reino, conforme se verificou logo depois.

A vinda de Jesus fez-se anunciada espiritualmente através dos séculos na condição de Messias, que viria instaurar um reino superior entre os homens da Terra, e todo o Seu ministério foi assinalado pelas contínuas comunicações com a Erraticidade.

Transfigurando-se, diante de Moisés e Elias, no monte Tabor, inaugurou o período das futuras reuniões espíritas de materialização. Logo depois, libertou o jovem epiléptico da ação tenebrosa de um Espírito imundo.

Não poucas vezes dialogou com os obsessores, concitando-os a libertar aqueles que lhes padeciam as injunções dolorosas.

Curou, à distância, o servo do centurião, detectando vida em pessoas consideradas mortas, como a filha da viúva de Naim e Lázaro, que trouxe de volta à lucidez da consciência, arrancando-os do estado profundo de catalepsia.

Não bastassem os inúmeros testemunhos da Sua mediunidade sublime, após a morte retornou inúmeras vezes, a fim de demonstrar a sobrevivência da vida ao decesso tumular, aparecendo em diferentes períodos da Humanidade a homens e mulheres valorosos, para que dessem prosseguimento aos ministérios abraçados, desse modo contribuindo com o progresso próprio e o da sociedade.

Médiuns extraordinários passaram pelos séculos convidando à reflexão e ao apostolado do bem, assinalando as suas existências com a abnegação e o devotamento, despertando mentes e corações para os deveres espirituais e o entendimento a respeito da transitoriedade da existência carnal.

Malsinados uns e perseguidos outros, celebrizados diversos e glorificados alguns que passaram santificados à posteridade, enquanto expressivo número teve a existência corporal encerrada pela intolerância religiosa nas fogueiras e vitimados por outras penas cruéis, deixaram o rastro luminoso, anunciando a imortalidade do Espírito, para que os seres humanos pudessem manter a esperança e a alegria nas lutas ásperas e nos testemunhos dolorosos.

Com Allan Kardec, o nobre Codificador do Espiritismo, a mediunidade abandonou as paisagens do mito e da acusação, deixando de ser graça especial concedida a alguns ou psicopatologia lamentável, para assumir o seu papel real de ponte entre as dimensões física e espiritual, facilitando o intercâmbio entre os seres, ao tempo em que dignificou a conduta moral terrestre.

A faculdade mediunidade se radica no organismo, independendo dos valores morais do indivíduo, sendo, portanto, desse ponto de vista, neutra. Nada obstante, os requisitos pessoais de cada um constituem significativo polo de atração para os Espíritos que, mediante a afinidade vibratória, passam a acompanhá-lo, interferindo em seus pensamentos, palavras e atos.

Em razão disso, a mediunidade impõe comportamento ético-moral dignificante, através do qual o instrumento se transforma, alterando a conduta para melhor, assim contribuindo em favor da renovação do grupo social e da humanidade em geral.

Na sua condição de faculdade orgânica, está presente em todos os seres humanos em diferentes graus de desenvolvimento, sendo em uns ostensiva, enquanto que noutros muito sutil, podendo ser desdobrada através de exercícios e estudos, que lhe dilatam as possibilidades de manifestação.

O estudo é-lhe, desse modo, fundamental, a fim de que sejam identificados os fenômenos de natureza anímica e liberados, facultando o intercâmbio lúcido e claro, sem interferência dos registros do inconsciente do próprio médium.

Ao mesmo tempo, a educação moral é de relevância, porque oferece os instrumentos indispensáveis à sublimação espiritual no processo de vivência dos recursos que se encontram em disponibilidade.

No passado, algo remoto, pítons, pitonisas, hierofantes, gurus, sibilas, arúspices, face ao atraso moral das sociedades em que viveram, não se preocupavam com os valores profundos da dignificação pessoal, embora em alguns santuários indianos, egípcios, gregos e romanos, houvesse uma seleção de qualidade em torno daqueles que apresentavam as faculdades mediúnicas, a fim de se tornarem dignos de credibilidade.

Graças a Allan Kardec, que pôde mensurar os requisitos morais dos médiuns, no que diz respeito à qualidade das comunicações espirituais, eles passaram à posição de metas que devem ser alcançadas, como indispensáveis à comunicação com os Espíritos superiores.

Nesse processo de crescimento ético do médium, a gratuidade no exercício das faculdades de que se faz portador é relevante, porque não tem o direito de locupletar-se do esforço do seu próximo, vendendo as informações que lhe são concedidas sem qualquer tipo de cobrança, para o bem de todas as criaturas.

A questão diz respeito, não apenas, à necessidade de serem gratuitas todas as suas atividades mediúnicas, ampliando-se o conceito, para que o médium evite as homenagens que agradam ao personalismo, que exaltam os sentimentos menos edificantes, os presentes com que são comprados indiretamente, aprisionando-os nos cofres dourados do poder transitório e dos recursos endinheirados daqueles que se acostumaram a tudo resolver através do mercantilismo...

Cabe ao médium manter-se em constante sintonia com os seus Guias espirituais, a fim de poder servir a todo instante e não somente em horas reservadas para o mister.

O fenômeno mediúnico dá-se amiúde, a cada momento, desde que o intercâmbio com os Espíritos, consciente ou inconscientemente, é contínuo, face à sincronização mental e moral existente entre os encarnados e os desencarnados.

A mediunidade, portanto, ascende de nível orgânico para emocional e comportamental, ensejando uma perfeita identificação com a recomendação de Jesus, quando propõe: - Sede perfeitos como o Pai celestial é perfeito.

Trabalhando a mediunidade gloriosa através da dedicação e do desinteresse pelas questões materiais e retribuições humanas – elogios, demonstrações de reconhecimento, honrarias terrestres, destaques na comunidade – o servidor torna-se credor da assistência dos Espíritos nobres que trabalham em favor da humanidade.

O sofrimento, a solidão, a incompreensão que experimenta, portanto, ainda são os caminhos e métodos mais valiosos para conduzir o medianeiro à interiorização, à vivência dos postulados do amor e da caridade, sintonizando melhor com os ideais do Bem e conseguindo, a passo e passo, a felicidade do mediunato, que lhe deve constituir meta a alcançar.

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 5 de junho de 2001, em Paris, França.)


 


 
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