LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Parábolas de Jesus:
O
tesouro escondido e
A
pérola oculta
O tesouro
encontrado e a pérola
descoberta representam o
ápice do esforço de
transformação no bem
No capítulo 13 do
Evangelho de Mateus,
encontramos seis
parábolas que fazem
referência de forma
direta ao Reino de Deus.
São elas: do joio e do
trigo, do grão de
mostarda, do fermento,
da rede, do tesouro
escondido e da pérola
oculta ou de grande
valor.
No entendimento espírita
o Reino dos Céus ou o
Reino de Deus, como
também é nomeado, indica
um estado de alma, um
sentimento de plenitude
que não é um lugar
circunscrito no plano
físico ou no plano
espiritual.
Nas parábolas, alvo dos
nossos comentários,
Jesus enfatiza essa
felicidade, essa ventura
de quem encontra tais
riquezas representadas
pela pérola e pelo
tesouro. E do ponto de
vista Dele isso é tão
grandioso e tão pleno
que leva o homem que os
encontra a dispor de
todos os bens que
possua. Em ambas,
encontramos o predomínio
da transformação
espiritual pela
aquisição de virtudes.
Trata-se de um momento
decisivo na vida de cada
um de nós, porque
estaremos tratando da
modificação íntima,
definitiva, no bem, ou a
conquista do Reino de
Deus.
Trata-se da descoberta
da nossa consciência
espiritual, da nossa
ligação com Deus e das
nossas capacidades para
vencermos os obstáculos
que surgem ao nosso
progresso. O tesouro
encontrado e a pérola
descoberta representam o
ápice do esforço de
transformação no bem. E
o local onde foram
encontrados indica o
plano onde
desenvolveremos as
experiências necessárias
para esse crescimento,
ou seja, a existência
física ou os diferentes
planos espirituais. Por
isso ambos são
comparados, por Jesus,
ao Reino dos Céus. Mas,
para adquirir o Reino
dos Céus o homem precisa
se desfazer do Reino do
Mundo. Afirma Jesus que
o Reino não vem com
aparência exterior.
(...) “A realização
divina começará no
íntimo das criaturas,
constituindo gloriosa
luz do templo interno”.
¹
Qual o significado, nas
parábolas, da expressão
vender o que se tem e
comprar o campo ou a
pérola? Significa a
mudança do homem
material para o homem
espiritual – o apóstolo
Paulo de Tarso refere-se
a isso como do homem
velho para o homem novo.
É o desfazer-se dos bens
materiais, no sentido de
não se dar prioridade a
eles, pelos bens
espirituais, lembrando
que para esse homem
materializado, seu
tesouro e sua pérola são
os bens materiais que
conquistou ou que deseja
conquistar.
Cairbar Schutel ² coloca
questões interessantes
em relação a isso, que
precisam ser observadas.
Pergunta ele: por que o
homem trabalha na Terra?
Para que estuda? Por que
luta a ponto de matar
seus semelhantes?
Responde ele: “para
possuir tesouros”!
E por essa razão o
Mestre foi enfático ao
afirmar que o tesouro
imperecível é aquele que
a ferrugem e a traça não
corroem e os ladrões não
roubam. Quando o homem
terreno morre nada leva
consigo; mas, o homem
espiritual carrega tudo
que conquistou.
O homem materializado
não compreende a
Doutrina do Cristo, como
não aceita abandonar o
que conquistou pela
aquisição de algo
invisível, impalpável...
Ele vive para o reino do
mundo e não tem
interesse, por ora, no
Reino dos Céus. Não
compreende que aquele
desaparece com a morte
física e este permanece
com quem o possui.
Para Huberto Rohden,³
quando o homem descobre
o Reino dos Céus, não se
interessa mais pelos
reinos da Terra. Assim
como a pérola que só
revela seu esplendor
quando exposta ao sol, a
conquista da felicidade
plena só é revelada na
luz da vida diária. É
interessante lembrar o
ensinamento de Jesus que
nos convida a não
conservarmos a luz sob o
alqueire, mas colocá-la
sobre o velador,
iluminando caminhos,
dando direções...
O que tudo isso quer
dizer?! Quer dizer que o
homem, no nível
evolutivo em que se
encontra presentemente,
precisa sair da
superfície do ego (ser
material) e mergulhar na
misteriosa região do Eu
Divino (ser espiritual).
Essa passagem será, na
maioria das vezes,
dolorosa, mas o
resultado só acontecerá
quando e se realizar o
autoconhecimento.
“Antes de atingir a
qualidade do seu Ser,
corre o homem atrás da
quantidade do ter ou dos
teres. Mas, depois de
descobrir o seu Ser
qualitativo, torna-se
indiferente aos seus
teres quantitativos. E
quando as circunstâncias
o obrigam a possuir
certos objetos externos,
possui-os com estranha
leveza e serenidade. Não
se fanatiza por eles,
nem jamais é possuído
por aquilo que possui.
Todos os caminhos
estritos e todas as
portas apertadas
desaparecem em face do
jugo suave e do peso
leve de uma felicidade
sem limites.”³
Para o estimado
benfeitor espiritual
Emmanuel4
“tesouros são
talentos que trazemos,
independentemente da
fortuna terrestre, a fim
de ajudarmos aos outros,
valorizando a si mesmo.”
Diz ele que cada um de
nós, em nossas
atividades, mostramos
esse tesouro. Por
exemplo: um homem e uma
mulher tem no amor o
tesouro que constrói o
santuário do lar;
o professor amontoa
tesouros da cultura e
inteligência para
transmitir a quem quer
aprender; o escritor
respeitável estabelece
tesouros no livro nobre
que leva consolação e
assegura o progresso.
Assim também com o
compositor que cria um
tesouro na melodia que
compõem e encanta quem
ouve...
Continua dizendo que é
preciso saber o que
produzimos, a fim de
sabermos para onde nos
dirigimos. Fica claro,
agora, para nós, o
porquê da afirmação de
Jesus ao dizer: “onde
guardardes o vosso
tesouro, tereis retido o
coração".
Por essa razão,
entendemos que para a
redenção das criaturas,
de todos nós, está na
transformação dos
sentimentos. Quando são
dirigidos para o bem,
são bênçãos para a obra
de Deus. Mas, quando se
voltam para o mal,
impedem a concretização
dos propósitos divinos,
principalmente para nós
próprios. Torna-se cada
vez mais urgente
trabalharmos essa
ferrugem, porque Jesus
nos espera para nos
mostrar os tesouros
imperecíveis.
Todos nós temos ouvido
ou lido sobre a
necessidade de
transformação das nossas
predisposições íntimas.
Mas, como proceder?! O
conhecimento de si, já o
dissemos, é a chave do
processo espiritual. É
fundamental o
autoconhecimento para
sabermos: quem sou eu?
Qual é a minha obrigação
para comigo e para com a
sociedade na qual
trabalho?
Encontramos um caminho
em O Livro dos
Espíritos, questão
919 quando Kardec
pergunta aos Espíritos
superiores qual é o meio
prático mais eficaz que
tem o homem de se
melhorar nesta vida e
resistir à atração do
mal. E eles respondem:
“um sábio da
Antiguidade vo-lo disse:
conhece-te a ti mesmo”.
Como conseguir o
autoconhecimento? O que
fazer? Quando fazer?
Como fazer? A questão
919-a ajuda-nos nessa
busca. Mas, é
necessário, sem preguiça
e com vontade real de
aprender, tirar da
estante o livro basilar
da Doutrina Espírita e
ler, sem pressa, as
respostas de Santo
Agostinho.
Bibliografia:
1 – XAVIER, F. C. –
Caminho, Verdade e Vida
– ditado pelo Espírito
Emmanuel – 17ª ed. – FEB
– Rio de Janeiro/RJ –
lição 107.
2 – SCHUTEL, Cairbar –
Parábolas e Ensinos
de Jesus – 14ª ed.,
Casa Editora O Clarim –
Matão/SP – Parte 1, pp11
e 13.
3 – ROHDEN, Huberto –
Sabedoria das Parábolas
– 12ª ed.- Editora
Martin Claret – São
Paulo/SP – p. 95.
XAVIER, F. C. – Seara
dos Médiuns – ditado
pelo Espírito Emmanuel -
19ª ed., FEB –
Brasília/DF – cap.
“Tesouros Ocultos”.