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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 497 - 1° de Janeiro de 2017

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 


A fogueira das vaidades 


O homem vive, na Terra, uma luta inglória, na tentativa de quem, entre eles, é o maior, o melhor, o mais poderoso. Como Narciso, ele se contempla diariamente no espelho e, no seu orgulho, surge a pergunta: "Existe alguém mais bonito, mais perfeito, do que eu?"

O amor a nós mesmos é um tema estudado no Espiritismo. É este amor que nos leva a superar todos os obstáculos, para atingir os nossos ideais; é este amor que nos leva ao trabalho, ao estudo, ao aprendizado, enfim, a tudo aquilo que nos coloque sempre na melhor posição possível, com relação aos semelhantes.

Este é o amor a si mesmo do Ser consciente, que exemplifica diariamente a lição de Jesus na Parábola dos Talentos; daquele que procura administrar da melhor maneira o aproveitamento dos talentos, sempre em benefício dos outros. Pois a finalidade maior da nossa encarnação na Terra é servir.

Já o amor do orgulhoso é bem diferente. Ele se acha o máximo, o insuperável, o que não divide nada com ninguém, porque acredita que tudo no mundo foi feito somente para ele ou para a quem a ele se assemelhe e tenha o mesmo grau de soberba e sovinice.

Sócrates disse que "tudo o que eu sei é que nada sei". Esta conscientização só o humilde possui. Jamais o orgulhoso admitirá que, por mais que ele saiba, saberá pouco; que, em relação à verdade universal, nosso conhecimento é relativo, diante do conhecimento absoluto.

Por isso Jesus, diante do entusiasmo dos discípulos na divulgação da Boa Nova, deu graças a Deus por ter revelado tanta grandiosidade aos pequeninos da Terra, ocultando aos orgulhosos, sábios e potentados.

Em Reflexões Doutrinárias - Lúmen Editorial -, diz Antônio Fernandes Rodrigues que "o homem simples (...), não estando prisioneiro das regras ortodoxas da ciência acadêmica, acredita naquilo que não vê, mas aceita porque é coerente, lógico, imprescindível. Ele sente a presença de Deus nas coisas materiais; no vegetal que cresce; na flor que desabrocha; no fruto que alimenta; na chuva que proporciona condições para que o verde cubra o solo, dando alimento a toda criação animal. (...)".

Quando o avanço do progresso intelectual não é acompanhado pelo avanço do progresso moral, o orgulho passa a dominar os sentidos. Contudo, Deus não tira a liberdade de ninguém e aguarda que cada um amadureça, quando então aceitará as leis divinas, que funcionam harmonicamente, sem desequilíbrios. 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita