WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 498 - 8 de Janeiro de 2017

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 

 

A crise dos 8 anos


Segundo Emmanuel no livro O Consolador, questão 109, até os sete anos de idade, o Espírito reencarnado se encontra em fase de adaptação à nova vida, e, por não existir uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica, é uma individualidade extremamente suscetível de receber as influências exteriores, a fim de consolidar os princípios renovadores para trilhar um caminho novo na vida.

Jean Piaget divide esse período em fases, começando pela: Sensório-Motor, que vai do zero aos 2 anos de idade. Diz-nos o eminente educador suíço do século passado que, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento. Cita como exemplo que o bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo à boca.

Na fase seguinte ele denomina de Pré-Operatório, que vai dos 2 aos 7 anos, também chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). A criança deste estágio, segundo Piaget, é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro. Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "porquês"). Já pode agir por simulação, "como se". Possui percepção global sem discriminar detalhes. Deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos. Cita como exemplos que, se mostrarem para a criança, duas bolinhas de massa igual e dar a uma delas a forma de salsicha, a criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.

Já a partir dos 7 anos aos 11 a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada. Este período ele denomina de Operatório-Concreto e oferece como exemplo que, ao despejar água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais, a resposta é afirmativa, uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.

Acontece que a Psicologia Infantil identificou um processo que comumente acontece com a criança de 8 anos. Segundo estudos, há um enigma psicológico nessa fase. A diversidade de reações cognitivas, afetivas e atitudinais são tão grandes que não se pode estabelecer uma regularidade. Nessa fase a criança pode oscilar o seu humor, apresentar súbitos problemas de aprendizagem, podendo, inclusive, sofrer quedas e pequenos acidentes que antes não eram tão frequentes. Acontece ainda de a criança ficar introspectiva ou abandonar subitamente antigas práticas lúdicas. Esses transtornos podem chegar na escola, pois bons alunos podem tornar-se estudantes sofríveis e em geral pouco dispostos a comentarem sobre o que está acontecendo. A atenção se dispersa e são comuns episódios de insurreições contra professores.

Se a Psicologia atual ainda não conseguiu decifrar a questão, podemos analisá-la sob a ótica espírita da seguinte forma: sabemos que a Espiritualidade nos confirma que é nesse período que a nova encarnação se completa e o Espírito começa a perceber sua atual situação de estar reencarnado. Dali a alguns anos chegará o fim da infância, vindo, como consequência, a pré-adolescência que implicará na descoberta de uma espécie de reservatório de pedidos ainda sem destino, extraviados, nem deferidos, nem indeferidos, um viver, em síntese, da procura de valores e satisfações. E isto não está tão obscuro para o Espírito reencarnado. Ele pressente que um novo estágio está se aproximando e deseja conhecê-lo, apalpando suas periferias. Assim, aos oito anos, é como se ele dissesse de si para si: “Ei, estou crescendo, daqui a pouco serei gente que quer, que decide, que vai sem a escolta dos pais. Eu preciso me ver, sentir e aprumar-me”.

Como nos alerta a Psicóloga brasileira Marilena Teixeira Neto, “Nesta fase, a criança ainda não está pronta para pensar sobre hipóteses. Portanto, é comum a mãe dizer: “Não faça isso ou vai acontecer tal coisa”. É difícil para a criança entender, e, muito comum, a situação acabar com a famosa frase: “Eu não disse”? E ainda nos diz: “É uma fase em que a maioria dos meninos é rebelde com o asseio. É melhor fazer uma triagem e ver o que realmente é importante. Se não querem pentear os cabelos, deixe-os, assim, de vez em quando. Escovar os dentes, não há escolha. É ainda uma fase aonde as informações são tão diversas e a vontade de viver e fazer coisas diferentes são tão intensas, que não querem dormir cedo. O sono seria uma perda de tempo. É importante que haja um pouco de flexibilidade dos pais nessa fase”, conclui a Psicóloga.

“A criança é o dia de amanhã, solicitando-nos concurso fraternal. Planta crescente – é a árvore do futuro que produzirá segundo o nosso auxílio à sementeira. Luz iniciante – brilhará no porvir, conforme o combustível que lhe ofertarmos ao coração. Barco frágil – realizará a travessia do oceano encapelado da Terra, de acordo com as instalações de resistência com que lhe enriquecermos a edificação”, conforme extraído do livro Relicário de Luz, psicografia de Chico Xavier – FEB,2005 – Espíritos Diversos – Capítulo “A Criança”.

De acordo com as informações acima e nestes tempos de profundas transformações sociais, entendemos que toda a sociedade e principalmente os pais devem se alinhar com os ensinos da espiritualidade superior e, notadamente, sobre a educação dos seus filhos. Sabemos que são Espíritos antigos, vindos de muitas reencarnações e de tempos muito diferentes dos atuais. No início da encarnação necessitam de amparo para uma melhor adaptação ao tempo em que se encontram. Foram preparados antes de renascerem, mas da preparação à ação há uma fase de ajustes o que vai ocorrer na infância. Fomos criados por Deus de forma singular com Ele. Assim, cada ser necessita de tratamentos de acordo com sua singularidade e a forma como a desenvolve. É um capítulo à parte nos estudos da educação familiar e formal que, certamente, os tempos vindouros tratarão com mais acuidade. O que agora vige na educação formal é o instruir para avançar e avançar para conquistar títulos e espaços no mercado. O futuro, porém, reserva outros encaminhamentos. As sociedades se alinharão com propostas não materialistas e os projetos de ensinos se ajustarão de forma que educar será antes de tudo um ato de amor. O professor espírita José Herculano Pires nos disse que: “Só o amor educa, só a ternura faz as almas crescerem no bem”. Quem sabe será a frase a ser estabelecida nos portais dos educandários e nos corações dos pais e familiares?

A crise dos 8 anos pode acontecer mais ou menos intensamente para cada criança. É necessário, pois, identificar os casos e se colocar como um vigilante ativo desses infantes que trazem em seus corações propostas para a melhoria do mundo, como emissários de novos tempos. E, se não os identificarmos assim, serão sempre os rebeldes, fora de controle, visitantes assíduos das clínicas de psicologia e psiquiatria, quando, nem sempre delas necessitarão. É um avistar de novas terras para novos tempos. Estabeleçamos nelas, pois, nossas bandeiras de luz pela compreensão e adesão aos processos divinos de receber e amparar, educar, conduzir...



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita