GUARACI
DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG
(Brasil)
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A crise dos 8
anos
Segundo Emmanuel
no livro O
Consolador,
questão 109, até
os sete anos de
idade, o
Espírito
reencarnado se
encontra em fase
de adaptação à
nova vida, e,
por não existir
uma integração
perfeita entre
ele e a matéria
orgânica, é uma
individualidade
extremamente
suscetível de
receber as
influências
exteriores, a
fim de
consolidar os
princípios
renovadores para
trilhar um
caminho novo na
vida.
Jean Piaget
divide esse
período em
fases, começando
pela:
Sensório-Motor,
que vai do zero
aos 2 anos de
idade. Diz-nos o
eminente
educador suíço
do século
passado que, a
partir de
reflexos
neurológicos
básicos, o bebê
começa a
construir
esquemas de ação
para assimilar
mentalmente o
meio. A
inteligência é
prática. As
noções de espaço
e tempo são
construídas pela
ação. O contato
com o meio é
direto e
imediato, sem
representação ou
pensamento. Cita
como exemplo que
o bebê pega o
que está em sua
mão; "mama" o
que é posto em
sua boca; "vê" o
que está diante
de si.
Aprimorando
esses esquemas,
é capaz de ver
um objeto,
pegá-lo e
levá-lo à boca.
Na fase seguinte
ele denomina de
Pré-Operatório,
que vai dos 2
aos 7 anos,
também chamado
de estágio
da Inteligência
Simbólica.
Caracteriza-se,
principalmente,
pela
interiorização
de esquemas de
ação construídos
no estágio
anterior
(sensório-motor).
A criança deste
estágio, segundo
Piaget, é
egocêntrica,
centrada em si
mesma, e não
consegue se
colocar,
abstratamente,
no lugar do
outro. Não
aceita a ideia
do acaso e tudo
deve ter uma
explicação (é
fase dos
"porquês"). Já
pode agir por
simulação, "como
se". Possui
percepção global
sem discriminar
detalhes.
Deixa-se levar
pela aparência
sem relacionar
fatos. Cita como
exemplos que, se
mostrarem para a
criança, duas
bolinhas de
massa igual e
dar a uma delas
a forma de
salsicha, a
criança nega que
a quantidade de
massa continue
igual, pois as
formas são
diferentes. Não
relaciona as
situações.
Já a partir dos
7 anos aos 11 a
criança
desenvolve
noções de tempo,
espaço,
velocidade,
ordem,
casualidade, já
sendo capaz de
relacionar
diferentes
aspectos e
abstrair dados
da realidade.
Não se limita a
uma
representação
imediata, mas
ainda depende do
mundo concreto
para chegar à
abstração.
Desenvolve a
capacidade de
representar uma
ação no sentido
inverso de uma
anterior,
anulando a
transformação
observada. Este
período ele
denomina de
Operatório-Concreto
e oferece como
exemplo que, ao
despejar água de
dois copos em
outros, de
formatos
diferentes, para
que a criança
diga se as
quantidades
continuam
iguais, a
resposta é
afirmativa, uma
vez que a
criança já
diferencia
aspectos e é
capaz de
"refazer" a
ação.
Acontece que a
Psicologia
Infantil
identificou um
processo que
comumente
acontece com a
criança de 8
anos. Segundo
estudos, há um
enigma
psicológico
nessa fase. A
diversidade de
reações
cognitivas,
afetivas e
atitudinais são
tão grandes que
não se pode
estabelecer uma
regularidade.
Nessa fase a
criança pode
oscilar o seu
humor,
apresentar
súbitos
problemas de
aprendizagem,
podendo,
inclusive,
sofrer quedas e
pequenos
acidentes que
antes não eram
tão frequentes.
Acontece ainda
de a criança
ficar
introspectiva ou
abandonar
subitamente
antigas práticas
lúdicas. Esses
transtornos
podem chegar na
escola, pois
bons alunos
podem tornar-se
estudantes
sofríveis e em
geral pouco
dispostos a
comentarem sobre
o que está
acontecendo. A
atenção se
dispersa e são
comuns episódios
de insurreições
contra
professores.
Se a Psicologia
atual ainda não
conseguiu
decifrar a
questão, podemos
analisá-la sob a
ótica espírita
da seguinte
forma: sabemos
que a
Espiritualidade
nos confirma que
é nesse período
que a nova
encarnação se
completa e o
Espírito começa
a perceber sua
atual situação
de estar
reencarnado.
Dali a alguns
anos chegará o
fim da infância,
vindo, como
consequência, a
pré-adolescência
que implicará na
descoberta de
uma espécie de
reservatório de
pedidos ainda
sem destino,
extraviados, nem
deferidos, nem
indeferidos, um
viver, em
síntese, da
procura de
valores e
satisfações. E
isto não está
tão obscuro para
o Espírito
reencarnado. Ele
pressente que um
novo estágio
está se
aproximando e
deseja
conhecê-lo,
apalpando suas
periferias.
Assim, aos oito
anos, é como se
ele dissesse de
si para si: “Ei,
estou crescendo,
daqui a pouco
serei gente que
quer, que
decide, que vai
sem a escolta
dos pais. Eu
preciso me ver,
sentir e
aprumar-me”.
Como nos alerta
a Psicóloga
brasileira
Marilena
Teixeira Neto, “Nesta
fase, a criança
ainda não está
pronta para
pensar sobre
hipóteses.
Portanto, é
comum a mãe
dizer: “Não faça
isso ou vai
acontecer tal
coisa”. É
difícil para a
criança
entender, e,
muito comum, a
situação acabar
com a famosa
frase: “Eu não
disse”? E ainda
nos diz: “É
uma fase em que
a maioria dos
meninos é
rebelde com o
asseio. É melhor
fazer uma
triagem e ver o
que realmente é
importante. Se
não querem
pentear os
cabelos,
deixe-os, assim,
de vez em
quando. Escovar
os dentes, não
há escolha. É
ainda uma fase
aonde as
informações são
tão diversas e a
vontade de viver
e fazer coisas
diferentes são
tão intensas,
que não querem
dormir cedo. O
sono seria uma
perda de tempo.
É importante que
haja um pouco de
flexibilidade
dos pais nessa
fase”, conclui a
Psicóloga.
“A criança é o
dia de amanhã,
solicitando-nos
concurso
fraternal.
Planta crescente
– é a árvore do
futuro que
produzirá
segundo o nosso
auxílio à
sementeira. Luz
iniciante –
brilhará no
porvir, conforme
o combustível
que lhe
ofertarmos ao
coração. Barco
frágil –
realizará a
travessia do
oceano
encapelado da
Terra, de acordo
com as
instalações de
resistência com
que lhe
enriquecermos a
edificação”,
conforme
extraído do
livro Relicário
de Luz,
psicografia de
Chico Xavier –
FEB,2005 –
Espíritos
Diversos –
Capítulo “A
Criança”.
De acordo com as
informações
acima e nestes
tempos de
profundas
transformações
sociais,
entendemos que
toda a sociedade
e principalmente
os pais devem se
alinhar com os
ensinos da
espiritualidade
superior e,
notadamente,
sobre a educação
dos seus filhos.
Sabemos que são
Espíritos
antigos, vindos
de muitas
reencarnações e
de tempos muito
diferentes dos
atuais. No
início da
encarnação
necessitam de
amparo para uma
melhor adaptação
ao tempo em que
se encontram.
Foram preparados
antes de
renascerem, mas
da preparação à
ação há uma fase
de ajustes o que
vai ocorrer na
infância. Fomos
criados por Deus
de forma
singular com
Ele. Assim, cada
ser necessita de
tratamentos de
acordo com sua
singularidade e
a forma como a
desenvolve. É um
capítulo à parte
nos estudos da
educação
familiar e
formal que,
certamente, os
tempos vindouros
tratarão com
mais acuidade. O
que agora vige
na educação
formal é o
instruir para
avançar e
avançar para
conquistar
títulos e
espaços no
mercado. O
futuro, porém,
reserva outros
encaminhamentos.
As sociedades se
alinharão com
propostas não
materialistas e
os projetos de
ensinos se
ajustarão de
forma que educar
será antes de
tudo um ato de
amor. O
professor
espírita José
Herculano Pires
nos disse que:
“Só o amor
educa, só a
ternura faz as
almas crescerem
no bem”. Quem
sabe será a
frase a ser
estabelecida nos
portais dos
educandários e
nos corações dos
pais e
familiares?
A crise dos 8
anos pode
acontecer mais
ou menos
intensamente
para cada
criança. É
necessário,
pois,
identificar os
casos e se
colocar como um
vigilante ativo
desses infantes
que trazem em
seus corações
propostas para a
melhoria do
mundo, como
emissários de
novos tempos. E,
se não os
identificarmos
assim, serão
sempre os
rebeldes, fora
de controle,
visitantes
assíduos das
clínicas de
psicologia e
psiquiatria,
quando, nem
sempre delas
necessitarão. É
um avistar de
novas terras
para novos
tempos.
Estabeleçamos
nelas, pois,
nossas bandeiras
de luz pela
compreensão e
adesão aos
processos
divinos de
receber e
amparar, educar,
conduzir...