LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
|
|
Lar, pequena praia...
Lar, nos dicionários da
Língua Portuguesa, é
confundido com a ideia
de família e,
figurativamente, como um
local para onde se
retorna, seja a casa, a
cidade ou o país de
origem... A Doutrina
Espírita, por sua vez,
amplia esse significado
na medida em que afirma
ser muito mais que uma
reunião de pessoas
aparentadas, que vivem,
em geral, na mesma casa.
São criaturas unidas por
laços de parentesco,
pelo sangue ou por
alianças, criando laços
sociais.
As questões 205, 205-a e
774 de O Livro dos
Espíritos esclarecem
que somente através da
reencarnação os laços
familiares podem ser
menos precários,
permitindo aumentar os
deveres da fraternidade
uma vez que essas
pessoas já estiveram
ligadas, anteriormente,
sobre bases da afeição
ou da inimizade. É pela
necessidade de progresso
que esses encontros
acontecem. Os laços
sociais são necessários
ao progresso e os laços
de família estreitam
tais laços.
O cadinho doméstico é
constante desafio para
cada um de seus membros,
tendo em vista que cada
um traz uma história de
existências pregressas
no bojo de seus
sentimentos que se
manifestam através de
suas ações, palavras e
pensamentos. Difícil
trabalho esse de buscar
a harmonia entre
indivíduos tão
distintos, ligados entre
si por passados às vezes
escabrosos, permeados de
cobranças, vitimizações,
abandonos e sofrimentos,
com medos e angústias de
um futuro desconhecido.
Entretanto, a
necessidade desses
encontros é fundamental
para que a vida, em seu
esplendor, prossiga
segundo um programa
reencarnatório pensado,
avaliado e fixado nessas
consciências, com a
finalidade de se cumprir
a lei do progresso,
através de ajustes das
consequências de
escolhas infelizes,
feitas em existências
anteriores.
Cansados de sofrer,
esses Espíritos, ainda
na Erraticidade, pedem,
imploram muitas vezes,
para retornarem à carne
ao lado desses
comparsas, desafetos, a
fim de remirem suas
dores morais. E aqui
estamos nós mergulhados
em águas revoltas do
presente, resgatando
débitos do passado, com
vistas a um futuro mais
sereno, ainda que
incerto.
Sem lutas não há
progresso. E o lar passa
a representar, assim, a
primeira escola de amor
na qual Deus nos
matriculou para
aprendermos valores
espirituais
indispensáveis ao nosso
crescimento moral, como
a paciência, a gratidão
e o amor
incondicional...
A cada batalha vencida
nessa pequena praia,
abrem-se, diante de nós,
inúmeras oportunidades
de navegação em águas
mais calmas e mais
profundas, em direção a
praias mais extensas, a
trabalhos com maiores
responsabilidades.
Aprendemos aqui no
restrito, para ensinar e
mais aprender no amplo.
Do simples para o
complexo. Da realidade
material para a
espiritual. E nesse
processo contínuo de
aprender, ensinar, mais
aprender e mais ensinar
iremos todos cumprindo
nossa destinação de
sermos felizes em
plenitude.
Pacientemente ou não,
vamos resolvendo nossas
mazelas junto a esses
irmãos que, como nós,
foram colocados como
companheiros nossos
nessa jornada de
aprimoramento.
Se por um lado nos
sentimos atados a eles,
com vontade de romper
esses laços, porque a
obrigação nos pesa, por
outro lado, eles também
se sentem assim muitas
vezes. Se com o outro
não é fácil a
convivência, viver
conosco deve ser mais
difícil ainda.
Assim, até que aceitemos
esses irmãos como
instrumentos de nosso
aprendizado pela prática
da caridade para com
todos eles,
respeitando-os nas suas
diferenças e limitações,
retornaremos junto deles
para continuarmos nosso
curso como alunos
rebeldes até a aprovação
final.