A varinha de condão
Na minha época de
infância existiam as
fadas, criaturas
encantadas que
deslizavam no ar com as
suas varinhas de condão.
Essas varinhas eram
mágicas. Tinham o poder
de tornar realidade o
sonho das pessoas
protegidas por esses
seres. Hoje já não sei
mais se existem. Talvez
tenham sido substituídas
pelos smartphones
que encurtam distâncias
e afastam as pessoas.
Estou lembrando isso a
título de uma exposição
de uma página que fiz em
um Centro espírita da
cidade onde moro.
Perguntei para as
pessoas presentes se
seria bom que na cidade
tivesse um Chico
Xavier. Creio que
não preciso descrever a
resposta.
Em seguida perguntei se
na cidade de Marília,
próxima de onde moro,
seria bom se tivesse um
doutor Bezerra de
Menezes. A resposta
foi a mesma.
Tornei a colocar se em
Bauru, que faz parte
dessa região do Estado
de São Paulo, seria
excelente se tivesse um
Emmanuel. A
reação foi semelhante.
Em seguida perguntei por
que não havia Espíritos
de tal evolução
reencarnados assim tão
amiúde. Não houve
resposta ou elas foram
monossilábicas, pouco
explicativas.
Perguntei, então, se o
brilhante ostentado nas
mãos de uma pessoa rica
tinha surgido como tal,
ou tinha se desenvolvido
através dos milênios no
interior das camadas
terrestres onde o carvão
passou a diamante e
este, lapidado,
transformou-se na
milionária pedra? Como
concordaram com o
raciocínio, continuei
explicando que o
processo de formação de
um Espírito superior
sofria um processo
semelhante. Esses
Espíritos não surgiam
através de um plim
plim da vara de
condão do Criador
como se Ele fosse a mais
poderosa de todas as
fadas. Por isso não era
possível existir um
Espírito superior em tão
curta distância nas
cidades citadas.
Entretanto, Deus tinha a
escola da perfeição
aberta dia e noite para
todo e qualquer
interessado no
vestibular das virtudes.
Quando senti que o
terreno estava
preparado, entrei com os
ensinamentos de Emmanuel
contidos no livro
Palavras De Vida Eterna,
no capítulo
denominado Chamamento
Divino, quando ele
ensina o seguinte:
Muita gente alega
incapacidade de
colaborar nos serviços
do bem, sob a égide do
Cristo, relacionando
impedimentos morais.
Continua ele: Há quem
se diga errado em
excesso; há quem se
afirme sob fardos de
remorsos e culpas; há
quem se declare portador
de graves defeitos, e
quem assevere haver
sofrido lamentáveis
acidentes da alma...
Para culminar a lição,
pondera o Benfeitor:
Se a realidade
espiritual te busca,
ofertando-te serviço no
levantamento das boas
obras, não te detenhas,
apresentando
deformidades e
frustrações.
Senti o clima como se
costuma dizer e por isso
perguntei aos presentes:
aqui alguém já se negou
a assumir pequenos
compromissos no Centro
para ajudar em alguma
área alegando-se
imperfeito para tal?
O silêncio respondeu
ruidosamente! Aproveitei
esse momento de análise
de consciência de cada
um para explicar o
porquê é difícil ter um
Chico Xavier em
cidades próximas, ou um
doutor Bezerra de
Menezes, ou um
Emmanuel. Exatamente
porque nos negamos a
começar, alegando os
mais variados defeitos
de que somos portadores.
Evidentemente que
podemos nos considerar
como os átomos de
carbono no interior do
solo das nossas
imperfeições.
Precisaremos dos
milênios que trabalharão
através das provas e
expiações o nosso ser
para um dia chegarmos ao
diamante
espiritual e, deste, ao
brilhante
lapidado que faz justiça
à perfeição absoluta do
Criador.
O quanto antes
começarmos, o planeta
Terra e demais orbes
habitados do Universo
infinito, cada vez mais,
poderão apresentar aos
viajantes cansados do
caminho um coração da
grandiosidade de um
Chico Xavier, do
doutor Bezerra,
de Emmanuel, ou
de tantos mais que
poderíamos ir citando
com segurança. O que não
devemos é ficar sentados
à beira da estrada
evolutiva contemplando
embevecidos os
sacrifícios dos
Espíritos missionários
que têm abençoado e
iluminado a Terra com a
sua presença, e quando
surgir a menor das
oportunidades de
trabalho que a
Providência Divina tenha
a bondade de nos
oferecer, nos
escondermos atrás de
nossas imperfeições para
fugirmos constantemente
aos compromissos que
acenam a todos os homens
de boa vontade.
Para culminar o
despertar das
consciências presentes,
deu uma cutucada final:
alguém aqui recusaria a
ser o ganhador de um
carro numa rifa, ou de
uma viagem de turismo,
ou de um prêmio polpudo
da loteria dos números?
Por que, então, quando
se trata de ganharmos os
valores que as traças
não corroem e os ladrões
não roubam, através do
trabalho em favor dos
mais desfavorecidos,
escondemo-nos atrás das
nossas imperfeições?
O dia das varinhas de
condão já se vai
longe, se é que um dia
existiram!