TEMI MARY FACCIO
SIMIONATO
temi_mary@yahoo.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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A estrada de Emaús
Encontramos nos
capítulos finais dos
Evangelhos de Mateus,
Lucas, Marcos e João
registros das profecias
de Jesus, de Sua vinda
nos tempos anunciados e
também de Suas aparições
aos discípulos alguns
dias após Sua
crucificação. Em alguns
destes momentos, Jesus
mostrava-se em silêncio,
em outras, em breve
conversação ou, ainda,
em longo discurso com os
discípulos.
Destas aparições e
diálogos, há um que se
sobressai, e que está
contido no Evangelho de
Lucas, no capítulo vinte
e quatro, versículos
treze a trinta e cinco,
que relata o diálogo do
Mestre com dois
discípulos a caminho da
aldeia de Emaús.
Com o sol se pondo,
caminhavam dois homens
em sentido à aldeia de Emaús, relembrando as
terríveis cenas do
calvário, acontecimento
este que os haviam
deixado angustiados,
abatidos e
inconformados. Grande
parte deste caminho foi
percorrido em companhia
de um homem
desconhecido, com
aspecto de mísero
peregrino, que, sem
identificar-se,
esclareceu-os sobre as
verdades da Escritura
Sagrada, exaltando a
cruz e o sofrimento. Os
dois discípulos
ouviam-No experimentando
um doce bem-estar,
conforto e bom ânimo,
tendo-O como generoso e
amoroso.
A aparição de Jesus aos
discípulos na estrada de
Emaús representa
significado aprendizado
a todos nós que
aspiramos a obreiros da
seara do Senhor.
Espíritos imperfeitos
que somos, temos um
longo caminho a trilhar.
Muitas vezes iremos
percorrer o caminho de
Emaús: em dias de brisas
suaves, nossa alma
acolherá os ensinamentos
do Mestre, no entanto,
quando as tempestades
provacionais chegarem
para que fortaleçamos a
nossa fé, a descrença se
apropriará de nosso ser
e a fé tornar-se-á
vacilante. Há, ainda,
aqueles que dizem ser
seguidores do Evangelho,
entretanto, nas horas de
amargura, têm sua crença
incerta no socorro
celeste, mostrando
absoluto desinteresse
frente ao estudo e
aplicação da lei Divina,
colocando com prioridade
sua atenção aos apelos
da vida primária.
Percebendo, mas não
ouvindo.
Entendemos nossa
inconstância na fé,
quando o abatimento e a
perturbação se apossam
de nós. Na verdade, é
preciso que tenhamos
como objetivo atingir o
domínio sobre nós mesmos
na senda evolutiva,
guardando o coração
tranquilo e
imperturbável,
resguardando-nos na fé
que emoldura-nos os
passos. É necessário
lembrar que ao nos
perturbarmos,
rendemo-nos à
invigilância, e,
apavorando-nos, caímos
nos domínios das
sombras.
É importante
mantermo-nos firmes e
serenos em toda e
qualquer dificuldade,
não nos deixando abater
ante as lutas
cotidianas, tendo como
escudo amigo a fé e a
paz. Somos todos
aprendizes na estrada
simbólica de Emaús e,
neste caminho,
aprenderemos a
compreender o
significado das lutas,
das dores, das provas
que, quando bem
entendidas e
vivenciadas, nos levarão
à ascensão espiritual.
Os dois aprendizes não
conseguiram identificar
o Mestre nem pelas
palavras, nem pelo gesto
afetuoso, apenas,
identificando-O diante
da bênção e da partilha
do pão, assim,
dissipando todas as suas
dúvidas e crendo.
Será que o mesmo não
está acontecendo no
mundo, há milênios?
Muitas vezes confessamos
ter fé, contudo,
afastamo-nos por não
atingir de imediato as
vantagens e caprichos a
que aspiramos. E, assim,
atemorizamo-nos frente
aos sacrifícios
necessários que nos
levarão à iluminação
espiritual, e enquanto
não entendermos o
ambiente divino da cruz,
sempre se aproximará de
nós um desconhecido com
Sua voz firme, segura,
bondosa e com Seus
esclarecimentos claros e
doces, amparando-nos
enquanto não nos
sentirmos confiantes e
fortalecidos na fé.
O meigo Rabi da Galileia
sempre aproveitou o
mínimo para produzir o
máximo e, durante três
anos de seu apostolado,
acendeu luzes para
milênios, apenas com uma
pequena assembleia de
doze companheiros. Fez
de um grão de mostarda
maravilhoso símbolo do
reino de Deus e, de uma
cruz rústica, gravou a
maior lição da divindade
da história.
Como testemunhas de tudo
isso, com o conhecimento
que estamos angariando
pouco a pouco, torna-se
imprescindível ouvir
nossa consciência e, à
semelhança daqueles
discípulos da estrada de
Emaús, também
reconheceremos que Jesus
sempre esteve, está e
estará conosco em todos
os momentos,
auxiliando-nos a
desenvolver a fé pura,
mantendo-nos firmes no
Amor Maior, combatendo,
assim, a nossa miopia da
alma.
Na obra Roteiro,
página 39, o querido
benfeitor Espiritual
Emmanuel, através da
psicografia de Francisco
Cândido Xavier,
esclarece-nos: “Guardemos,
pois, no mundo a tarefa
da bênção que o senhor
assinala à nossa fé
sublime, a fim de que
sejamos hoje, agora e
amanhã, o altar do
entendimento em que a
vida de todos se refaça
mais límpida na romagem
da Terra para a luz do
porvir”.
Se Cristianismo é
esperança sublime, amor
celeste e fé
restauradora, é também
trabalho, sacrifício,
aperfeiçoamento
incessante. Comprovando
Suas lições divinas, o
Mestre viveu servindo e
morreu na cruz.
Louvado seja o senhor
por todas as lições que
nos concede. Todavia,
ainda continuaremos
longe da verdade se O
procurarmos apenas na
distribuição dos bens
fragmentários e
perecíveis.
A história dos
discípulos a caminho de
Emaús dá-nos a confiança
de que o Bom Pastor
segura e suavemente nos
conduz ao divino redil,
onde encontraremos o
Reino de Deus: “nenhuma
de minhas ovelhas se
perderá”. (Lucas,
15:3-7.)
Bibliografia:
XAVIER, F. C –
Caminho, Verdade e Vida
– ditado pelo
Espírito Emmanuel – 28ª
edição – FEB – Brasília
/ DF - 2011 – lições:
95, 161, 169.
XAVIER, F. C – Fonte
Viva – ditado pelo
Espírito Emmanuel – 36ª
edição – FEB – Brasília/
DF – 2011 – Lição 48.
XAVIER, F. C – Pão
Nosso – ditado pelo
Espírito Emmanuel – 29ª
edição – FEB – Brasília/
DF – 2010 – Lição 129.
SCHUTEL, Cairbar –
Parábolas e Ensinos de
Jesus – 13ª edição –
Casa editora O Clarim -
Matão / SP – 1993 – 2ª
parte - páginas: 264,
265.
RIBEIRO, S. Cesar
coordenação – O
Evangelho por Emmanuel
segundo Lucas – 1ª
edição – FEB – Brasília
/ DF – 2015 – página
314.