WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Salvador, BA (Brasil)
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Big Brother interno...
Logo começará o Big
Brother... Aliás, ainda
existe? Estou escrevendo
como se existisse. Eu
assisti a algumas
edições de forma bem
picada, acho que
acompanhei, legal mesmo,
o primeiro. Sempre me
chamou a atenção no
programa a concordância
que as pessoas têm com a
quebra de sua
intimidade. Câmeras para
todos os lados com a
anuência dos
participantes, até
porque quando se entra
ali sabe-se o que vai
acontecer. Algo pra mim
sagrado é a intimidade.
Intimidade vem do latim
“intimus”. Este “in” no
início da palavra quer
dizer “em”, ou seja,
intimidade significa “em
dentro”, algo que está
internamente em nós;
ideias, sonhos, visão de
vida, medos,
preconceitos.
Intimidade é, pois,
diferente de
privacidade, mas isto é
papo para um outro
texto. Sigamos com o Big
Brother e a quebra da
intimidade. Eu não
participaria deste
programa de forma
alguma, porquanto, como
disse acima, quero minha
intimidade revelada
apenas às pessoas que eu
escolher. Direito meu.
Como é direito do BBB
revelar sua intimidade
ao Brasil inteiro. Pois
bem, todo este papo foi
apenas para falar que
nossas intimidades não
estão assim tão
íntimas... Há um Big
Brother interno, um Big
Brother mais curioso que
o da televisão e,
diga-se, infalível... É
uma câmera que nos filma
a todos os instantes da
existência. Uma câmera
chamada consciência...
Outro dia comentava no
centro espírita que
podemos mentir para
todos: para a justiça,
aos pais, à escola, aos
empregados ou aos
patrões...
Podemos matar a avó
infinitas vezes,
inventar desculpas de
que estamos doentes,
dizer à esposa ou ao
marido que faremos hora
extra, falar que a dor
de dente pegou legal e
trocar mensagens às
escondidas no zap zap...
Só não temos condições
de mentir para a própria
consciência... Essa tal
de consciência vê tudo o
que a gente faz,
implacável, é como um
Big Brother interno, uma
câmera que filma
absolutamente todas as
nossas ações... Ela está
sempre à espreita,
acompanha-nos no frio ou
calor, se estivermos na
praia ou em montanhas,
no médico ou fazendo um
pipi no acostamento da
estrada...
A consciência é a voz,
nem sempre escutada, que
revela o que devemos
fazer. Sabe aquela voz
que ecoa intimamente a
dizer-nos: está
errado... devolva a
grana da Petrobrás...
deixe de legislar em
causa própria... não
jogue lixo na rua...
Pois é, esta é a
consciência, este é o
Big Brother interno.
Poucos a consultam,
muitos a ignoram, outros
tantos nem sabem que ela
existe.
Mas Allan Kardec tratou
deste ponto na questão
621 de O Livro dos
Espíritos. E os sábios
invisíveis informaram
que na consciência estão
escritas as leis de
Deus.
Interessante que logo
mais, na questão 625,
Kardec indaga sobre um
modelo perfeito, um
exemplo, alguém em quem
poderíamos nos inspirar,
e, tão curta como a
resposta 621, os
Espíritos informaram:
Jesus!
Percebe-se, aí, um link
entre Jesus e a
consciência. É Ele o
perfeito ouvinte da
consciência, tão
desperta, tão ampla, que
se sobrepõe a qualquer
influência da matéria.
Pois é... A consciência
está aí para sermos seus
bons ouvintes... Ela
está lá, firme e
forte... A consciência
está lá, observando-nos,
filmando-nos e, para
ela, não podemos
mentir...