A leitora Maria Lúcia T.
Nascimento (Porto Alegre,
RS), em mensagem publicada
na seção de Cartas desta
edição, propõe-nos as
seguintes questões:
Surgiram em nosso grupo de
estudos dúvidas a respeito
da inteligência dos animais.
Numa das obras de André Luiz
lemos que os animais
superiores não são dotados
de pensamento contínuo, mas
sim de ideias-fragmentos.
Eis nossas dúvidas: 1) Quais
deles são nesse aspecto
considerados os mais
inteligentes? 2) Na vida, os
animais guiam-se basicamente
pela força do instinto ou,
no caso dos animais
superiores, os atos
inteligentes são dominantes?
No campo de estudos do
Espiritismo, a informação
que temos, no tocante à
primeira pergunta, é-nos
dada por André Luiz em sua
obra Evolução em Dois
Mundos, em que
encontramos o seguinte
esclarecimento:
Dentre todos os animais
superiores, abaixo do homem,
qual é o detentor de mais
dilatadas ideias-fragmentos?
“O assunto demanda longo
estudo técnico na esfera da
evolução, porque há
ideias-fragmentos de
determinado sentido mais
avançadas em certos animais
que em outros. Ainda assim,
nomearemos o cão e o macaco,
o gato e o elefante, o muar
e o cavalo como elementos de
vossa experiência usual mais
amplamente dotados de
riqueza mental, como
introdução ao pensamento
contínuo.”
(Obra citada, Segunda parte,
cap. 18 - Evolução e
destino.)
Quanto à segunda pergunta,
inúmeros autores – espíritas
e não espíritas – entendem
que na vida dos animais,
como na vida das criaturas
humanas, há atos instintivos
e atos inteligentes. Estes
últimos, evidentemente, se
ampliam à medida que o
indivíduo se enriquece
mentalmente, o que demanda
tempo e experiências
múltiplas a que todos nós,
homens e animais, estamos
sujeitos.
Focalizando especificamente
o caso dos animais, os
exemplos da utilização de
atos inteligentes são
inúmeros, como adiante
exemplificamos.
Darwin, por exemplo,
observou que nos cães
domésticos encontramos o
ladrido da impaciência, o da
cólera, o grunhido ou uivo
desesperado do prisioneiro,
o da alegria quando vai a
passeio, e finalmente o da
súplica.
Andorinhas costumam
deliberar antes de tomar um
roteiro.
Buffon diz que certas aves
reproduzem em sua vida
cotidiana o que costuma
ocorrer nos lares humanos
honestos. Observam a
castidade conjugal, cuidam
dos filhos e o casal
mostra-se valoroso até o
sacrifício quando se trata
de defender a prole. Quem
ignora o zelo da galinha na
defesa dos pintainhos? O
lobo, o gato selvagem, o
tigre, embora ferozes, têm
por suas crias o mais terno
afeto.
Darwin, Brahm e Leuret
mencionam a respeito
exemplos curiosos.
Segundo Leuret, determinado
macaco, cuja fêmea morrera,
cuidava solícito do filhote
esquálido e enfermo. De
noite, ele o tomava ao colo
para adormecê-lo e durante o
dia não o perdia de vista um
só instante.
Uma bugia (gênero de macacos
de cabeça semelhante à do
cão), notável por sua
bondade, chegava a furtar e
adotar cachorros e gatos
pequenos, que lhe faziam
companhia. Certa vez, um
gatinho adotado arranhou-a.
Admirada com o fato, ela
examinou-lhe as patas e, de
imediato, com os dentes,
aparou-lhe as garras.
Ball refere o caso de um cão
de fila salvo em um lago
congelado por um terra-nova,
espécie de cão muito
corpulento, originário da
Terra Nova, o qual, notando
seu desespero, decidiu
ajudá-lo.
Segundo Darwin, havia em
Utah um velho pelicano
completamente cego e aliás
muito gordo, que devia o seu
bem-estar ao tratamento e
assistência dos
companheiros.
Burton refere o caso curioso
de um papagaio que tomara a
seu cargo uma ave de outra
espécie, raquítica e
estropiada, e a defendia de
outros papagaios soltos no
jardim.
Gratiolet relata o caso de
um cavalo do antigo
regimento de Beauvilliers, o
qual, devido à idade, não
mais podia mastigar o feno e
a aveia. Dois outros animais
passaram, então, a cuidar
dele, retirando o feno da
manjedoura e pondo-o à sua
frente, depois de mastigado,
procedimento que repetiam
com a aveia, depois de bem
triturada.
As aves jardineiras da Nova
Guiné, pássaros da família
das paradíseas, não se
contentam com um simples
ninho, pois constroem, fora
da moradia ordinária,
verdadeiras casas de
recreio, que se tornam
atestados de bom gosto. Há
cabanas que atingem
dimensões consideráveis. Há
uma espécie que constrói sua
casinha colorida de frutos e
conchinhas e outras, como a
Amblyornis
inornata, que cercam
suas casas de um jardinzinho
artificial, feito com musgo
disposto em tabuleiros e
decorado com flores
constantemente renovadas,
bem como frutos de matizes
fortes, seixos e conchas
brilhantes.
Com tantos exemplos, vê-se
que os atos inteligentes são
comuns na vida dos seres que
chamamos, indevidamente, de
irracionais, os quais, como
é fácil perceber, indicam
que eles também se encontram
submetidos a um processo
evolutivo que é inerente à
criação e ao qual não
podemos deixar de dar a
nossa contribuição.
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