Num janeiro
chuvoso - como
são todos os
janeiros -,
estavam dois
senhores
sentados em um
dos bancos do
calçadão que
fica em frente à
editora, quando
um disse ao
outro: era uma
imensa onda de
água e lama,
tinha um cara
apavorado em
cima de um
carro,
aterrorizado
diante do perigo
iminente. O
outro riu e
disse, talvez
ele esperasse
que Jesus lhe
dissesse como
disse a Simão
Pedro: lança tua
rede e pesca!...
Os dois riram e
a conversa
prosseguiu.
Aquela cena me
acompanhou por
muito tempo.
Lembrei-me
daquela passagem
em que Pedro,
cansado depois
de uma noite de
pesca frustrada,
já que ele e
seus
companheiros
haviam passado a
noite
trabalhando e
não tinham
pescado peixe
algum, sentiu-se
descrente de
tudo.
Acabamos de
deixar para trás
2016, um ano
difícil para
muitos dos
brasileiros,
estamos, como
Pedro,
descrentes de
nossas
habilidades de
gerar provimento
para nossas
necessidades,
não encontramos
motivos para nos
alegrar, nossas
redes como a de
Pedro não foram
capazes de
vencer os
obstáculos da
escassez. Nossos
conhecimentos e
experiências não
foram
suficientes para
nos tornar
capazes de
vencer nossas
dificuldades.
2016 foi um ano
de derrota,
nossa força deu
lugar à
fraqueza, a
esperança deu
lugar à
decepção, a
certeza deu
lugar à dúvida.
Então pensei em
Jesus,
que sabendo das
dificuldades
enfrentadas por
Pedro, sabendo
que o mar estava
bravo, disse:
“faze-te ao mar
alto, e lançai
as vossas redes
para pescar”.
(Lucas, 5:4).
Assim como
Pedro,
lançamo-nos em
2017 vacilantes,
cansados,
inseguros,
cabisbaixos,
porém, quando me
lembro da ordem
de Jesus:
“faze-te ao mar
alto, e lançai
as vossas redes
para pescar”,
quase consigo
vislumbrar o
barco de Pedro
voltando da
pesca tão cheio,
que não cabia
nele nem mais um
peixe por
pequenino que
fosse.
Meu coração se
enche de alegria
e de esperanças,
pois Jesus
conhece a
situação do
nosso mar,
conhece a nossa
rede, conhece
nosso caráter e,
apesar disto,
nos diz: “faze-te
ao mar alto, e
lançai as vossas
redes para
pescar”. Ele nos
garante, como
garantiu a Simão
Pedro, que se
nos movermos com
direção certa,
se acreditarmos
sem ser cegos,
se trabalharmos
sem
esmorecimento,
se formos
críticos sem ser
céticos, se
confiarmos em
nosso barco com
a certeza da
ordem recebida,
poderemos trazer
nossa rede com
peixes, talvez
não na
abundância que
desejaríamos,
mas na
quantidade certa
que
necessitamos.
Meu convite para
2017 é que
surfemos sobre
nossa onda de
água e lama sem
menosprezarmos
sua essência,
sem escondermos
sua origem, sem
fingirmos que
ela não existe,
mas com firmeza.
Com a firmeza
daquele que sabe
que é filho de
Deus, que não é
perfeito, mas
que quer
melhorar,
corrigir seu
engano, que tem
uma parcela de
responsabilidade
na produção
desta água e
lama, mas que
sentiu na pele a
consequência,
aprendeu com
seus tropeços e
que a hora é de
reconstruir,
recomeçar,
lançar nossa
rede.