Em mensagem datada de 23 de
março, publicada na seção de
Cartas desta edição, o
leitor Marcos Tadeu Tomazela
Lima escreveu-nos o
seguinte:
Baseado na conclusão da
Física quântica de que somos
todos irmãos, queria saber a
visão espírita de se matar
um pernilongo. É correto? O
que diz a Cosmoética
espírita kardecista? Não
estamos agindo mal?
O leitor citou um único
inseto – o pernilongo – mas
poderia ter mencionado
outros seres viventes que
nós humanos costumeiramente
procuramos erradicar de
nossas casas, como a
formiga, a barata, o rato, o
Aedes aegypti etc.
O tema destruição é tratado
no cap. VI d´O Livro dos
Espíritos, a principal
obra espírita, publicada
inicialmente por Allan
Kardec no dia 18/4/1857.
Fazem parte desse capítulo
as questões adiante
reproduzidas:
731. Por que, ao lado dos
meios de conservação,
colocou a Natureza os
agentes de destruição?
“É o remédio ao lado do mal.
Já dissemos: para manter o
equilíbrio e servir de
contrapeso.”
732. Será idêntica, em todos
os mundos, a necessidade de
destruição?
“Guarda proporções com o
estado mais ou menos
material dos mundos. Cessa,
quando o físico e o moral se
acham mais depurados. Muito
diversas são as condições de
existência nos mundos mais
adiantados do que o vosso.”
733. Entre os homens da
Terra existirá sempre a
necessidade da destruição?
“Essa necessidade se
enfraquece no homem, à
medida que o Espírito
sobrepuja a matéria. Assim é
que, como podeis observar, o
horror à destruição cresce
com o desenvolvimento
intelectual e moral.”
734. Em seu estado atual,
tem o homem direito
ilimitado de destruição
sobre os animais?
“Tal direito se acha
regulado pela necessidade,
que ele tem, de prover ao
seu sustento e à sua
segurança. O abuso
jamais constituiu direito.”
(Negritamos.)
735. Que se deve pensar da
destruição, quando
ultrapassa os limites que as
necessidades e a segurança
traçam? Da caça, por
exemplo, quando não objetiva
senão o prazer de destruir
sem utilidade?
“Predominância da
bestialidade sobre a
natureza espiritual. Toda
destruição que excede os
limites da necessidade é uma
violação da lei de Deus. Os
animais só destroem para
satisfação de suas
necessidades; enquanto que o
homem, dotado de
livre-arbítrio, destrói sem
necessidade. Terá que
prestar contas do abuso da
liberdade que lhe foi
concedida, pois isso
significa que cede aos maus
instintos.”
Prover ao seu sustento e
garantir a sua segurança –
eis os dois únicos casos em
que assiste ao homem o
direito de matar um ser
vivente pertencente ao reino
animal.
Ora, é exatamente essa a
situação mencionada na
pergunta do leitor, visto
que o combate aos insetos
capazes de transmitir doença
aos seres humanos
enquadra-se perfeitamente na
questão 734 d´O Livro dos
Espíritos.
Sobre o pernilongo,
especificamente, é bom que o
leitor tome conhecimento de
uma reportagem publicada
pela BBC Brasil sobre a
descoberta feita pela
bióloga Constância Ayres, da
Fiocruz Pernambuco, segundo
a qual o mosquito Culex
quinquefasciatus,
conhecido como muriçoca ou
pernilongo doméstico, pode
também transmitir o vírus
que causa microcefalia e
malformações em bebês. A
matéria é complementada por
uma entrevista à BBC Brasil
em que a bióloga fala sobre
sua pesquisa e as
implicações de sua
descoberta. Eis o link que
leva à matéria publicada: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36871848
Informações como essa
mostram que podemos e
devemos, sim, tomar as
medidas saneadoras
necessárias para evitar que
tais insetos, ao saírem do
seu habitat, sejam
veículos de doenças
perfeitamente evitáveis e
que, como ninguém ignora,
podem assumir a forma de uma
epidemia, com consequências
desastrosas para as pessoas
por ela atingidas.
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