Espiritismo
para crianças |
|
por Célia Xavier de
Camargo |
A experiência
Certo dia, o professor conversava com os alunos quando
um deles lhe disse, desanimado: — Professor Joel, eu
não entendi a razão de ter tirado nota tão baixa! Achei
que tinha respondido direitinho, mas me dei mal. Fiquei
muito triste!...
— Lucas, você não pensou direito ao responder as
perguntas. Se tivesse pensado melhor, teria acertado.
Vocês precisavam refletir na pergunta e, depois,
encontrar a melhor resposta, entendeu? — o professor
informou ouvindo a reclamação do garoto. — Mais ou
menos, professor. Acho que não entendi o que o senhor
queria! — Isso mesmo, Lucas. A questão era para vocês
pensarem e responderem da melhor maneira possível. Os
alunos trocaram um olhar como sem entender. O mestre
fitou-os e propôs: — Que tal se nós fizermos uma
experiência? Os alunos concordaram com a sugestão.
Então, o professor balançou a cabeça e enfiou as mãos
nos bolsos das calças e tirou as notas de dinheiro que
trazia. Depois, separou as cinco que eram iguais em
importância. — Bom! Vamos ver quem quer participar
da experiência. Preciso de cinco alunos. Vários
alunos levantaram a mão, e o professor escolheu cinco
entre eles. Depois, explicou: — Vou entregar uma nota
de 10,00 reais a cada um dos alunos participantes. Na
próxima semana, vocês deverão me devolver os 10,00 reais
e mais o que conseguirem apurar com o trabalho de vocês,
certo? Os garotos concordaram e toda a classe bateu
palmas. O mestre informou: — Vocês, os demais alunos,
serão os juízes, apurando quem trabalhou melhor com a
importância que recebeu. Então, bom final de semana para
todos!
Os alunos deixaram a sala pensando. O que
fazer com os 10,00 reais?!... Mas isso era problema para
os alunos que estavam participando da brincadeira. O
1º, Roberto, era um menino muito pobre. Ao chegar a
casa, viu que a mãe estava sem nada para o almoço.
Enfiou a mão no bolso da calça e, sentindo a nota,
resolveu que não tinha importância não ganhar, mas
naquele momento precisava entregar a nota à mãe, de modo
a comprar algo para o almoço da família. O 2º
garoto, Miguel, chegou a casa pensando em como fazer a
nota produzir mais. Lembrou-se de que sua mãe gostava de
fazer doces, então disse à mãe: — Mãe, eu ganhei
10,00 reais e preciso aumentá-los, e lembrei que seus
doces são muito bons! Poderia fazê-los? A mãe
concordou. Logo após o almoço arrumou a cozinha e saiu
para comprar o que precisava. Ela gastou exatamente os
dez reais e voltou para casa. Colocou os ingredientes no
fogo e, após algum tempo, um cheiro bom de doce se
espalhava no ar. Ela tirou a panela do fogo e colocou o
doce numa bandeja, espalhou bem e depois cortou os
doces. Logo eles estavam secos e com cheiro apetitoso.
Miguel pegou uma cesta, colocou os doces dentro e saiu a
vendê-los. Meia-hora depois, voltou sem nada, e com o
bolso cheio de dinheiro. Os 30 doces renderam 30,00
reais! O 3º, João, pensava em como fazer render seu
dinheiro. Chegando a casa, porém, viu sua mãe aflita. O
filho de três anos caíra e se machucara, e a mãe
precisava comprar remédios para ele. João sentiu a nota
no bolso e respirou fundo; enfiou a mão no bolso e
entregou a nota para a mãe. Aliviada, ela foi à
farmácia, trouxe remédio para tirar a dor do filho e
ficou feliz. Logo, o pequeno estava dormindo, aliviado.
O 4º, Gabriel, deixou a escola pensando o que fazer com
seu dinheiro. Passando por uma pracinha, viu seus amigos
jogando bolinhas de gude valendo dinheiro. Então,
resolveu fazer o mesmo. Na sua vez, ganhou mais algumas
moedas. Animado, prosseguiu. Só que perdeu o que ganhou
e também o que recebera. Sem nada no bolso, voltou para
casa muito triste. O 5º, Murilo, sabia que a
situação em casa era grave. Não havia dinheiro para
nada. Com seu pai e sua mãe desempregados, a família não
tinha o que comer e seus irmãos choravam de fome. Então,
Murilo entregou os 10,00 reais para a mãe comprar algo
que os alimentasse. Naquele dia, Murilo sentiu-se feliz
ao ver o rosto alegre dos pequenos. Havia perdido a
oportunidade de fazer render seu dinheiro, porém estava
com a consciência tranquila. No dia marcado pelo
professor, após as aulas, os alunos escolhidos teriam
que explicar como usaram a nota de 10 reais, e cada um
deles foi falando o que fizera com o dinheiro que tinha
recebido. No final, o professor indagou aos alunos o que
acharam do resultado da experiência. Cada um deu sua
opinião sobre o que tinham feito com os 10,00 reais. E o
mestre explicou: — Perceberam? Cada um teve que usar
a cabeça para resolver como usar o dinheiro que tinha
recebido. Fiquei contente ao ver que, em geral, eles
agiram pensando na família, e não neles mesmos, notaram?
Todos concordaram. Mas Aline levantou a mão e
considerou: — De modo geral eles usaram bem seu
dinheiro. No entanto, tem alunos que pensaram mais nas
necessidades da família do que neles. Achei isso muito
importante, professor! Com exceção de Gabriel que se deu
mal, por ter pensado só nele mesmo. Ficou encantado por
ganhar mais dinheiro, que era dele, não se preocupando
com mais ninguém. Acho que ele mereceu perder.
Baixando a cabeça, envergonhado, Gabriel concordou com a
colega, dizendo: — Tem razão, Aline. Vendo como os
demais gastaram o dinheiro, entendi que eles foram muito
melhores que eu, e aprendi quanta necessidade existe que
nós desconhecemos. Os alunos bateram palmas e o
professor agradeceu a colaboração de todos. —
Entenderam o que eu desejava na prova? Que refletissem
sobre as situações de cada um e apresentassem a melhor
solução!
MEIMEI
(Recebida por Célia X.
de Camargo, em Rolândia, em 21/11/2016.)
|
|
|
|
|