A
leitora Neusa M., em mensagem enviada à revista,
publicada na seção de Cartas desta mesma edição,
pergunta-nos: O que é passe magnético?
A
indagação demonstra, com absoluta clareza, que o público
leitor desta revista não é constituído apenas por
espíritas, mas por pessoas diversas e muitas são
absolutamente leigas em matéria de Espiritismo.
Todos os que costumam ir a um centro espírita em busca
de um passe sabem do que se trata, embora seja provável
que não consigam definir, em palavras, o que seja passe
magnético.
Para
compreender a questão é importante primeiro explicar o
significado da expressão magnetismo animal, de
que derivou, obviamente, a expressão passe magnético.
Magnetismo é um vocábulo que tem origem no grego
magnes, que significa ímã.
A
expressão magnetismo animal surgiu por analogia com
magnetismo mineral, embora essa analogia, como a
experiência comprovou, seja apenas aparente. Alguns
estudiosos tentaram substituí-la pelo termo mesmerismo,
mas essa ideia não prevaleceu.
No
livro Instruções Práticas sobre as Manifestações
Espíritas, publicado pela Edicel, pág. 190, Allan
Kardec assim define magnetismo animal:
“Ação recíproca de dois seres vivos por intermédio de um
agente especial chamado fluido magnético”.
Passe magnético é um dos meios pelos quais se exercita
essa ação recíproca.
Em
outro livro – Obras Póstumas – Allan Kardec
ensina que "cada ser tem seu fluido próprio que o
envolve, como a atmosfera envolve cada planeta". É esse
fluido que o médium passista – aquele que ministra o
passe – transmite ao paciente. Na linguagem espírita,
ele é chamado, indiferentemente, de fluido magnético,
fluido vital ou fluido elétrico animalizado.
Essa
transmissão é citada com toda a clareza por Emmanuel em
sua definição de passe magnético: "transfusão de
energias fisiopsíquicas, operação de boa vontade, dentro
da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em favor
de outrem”.
Em
depoimento acerca do tema, Divaldo Franco nos diz que o
que vamos transmitir no passe "é uma radiação que
fomenta no paciente uma reativação dos seus fulcros
energéticos para restabelecer-lhe o equilíbrio". "O
passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor."
André Luiz, tratando especificamente dos efeitos do
passe magnético, em sua obra Evolução em Dois Mundos,
2ª Parte, cap. XV, pp. 201 a 203, psicografada em
parceria pelos médiuns Waldo Vieira e Chico Xavier, diz
que, reconhecendo-se a capacidade do fluido magnético
para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com
muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as
entidades celulares do nosso corpo, particularmente as
sanguíneas e as histiocitárias, determinando-lhes o
nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade,
a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de
outros recursos combativos e imunológicos, na defesa
contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção
dos processos patogênicos.
Quanto à forma de aplicação do passe, os espíritas
radicados no Brasil seguem, em grande parte, a
orientação transmitida pelo estudioso espírita José
Herculano Pires em sua obra Obsessão, o passe, a
doutrinação (editora Paidéia, págs. 35 a 37):
"O
passe espírita é simplesmente a imposição das mãos,
usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos.
Origina-se das práticas de cura do Cristianismo
Primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de
Jesus. O passe espírita não comporta as encenações e
gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos
improvisados, geralmente ligados a antigas correntes
espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o
poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do
espírito e não da matéria, da assistência espiritual do
médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados
e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas,
magnéticas e hipnóticas de um passado há muito superado.
Os Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam
essas coisas, mas apenas a prece e a imposição das mãos.
Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém
da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as
ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações”.