O "milagre" da nossa
transformação
"Três dias depois, houve
um casamento em Caná da
Galileia, achando-se ali
a mãe de Jesus. Jesus
também foi convidado,
com os seus discípulos,
para o casamento. Tendo
acabado o vinho, a mãe
de Jesus lhe disse: Eles
não têm mais vinho. Mas
Jesus lhe disse: Mulher,
que tenho eu contigo?
Ainda não é chegada a
minha hora. Então, ela
falou aos serventes:
Fazei tudo o que ele vos
disser. Estavam ali seis
talhas de pedra, que os
judeus usavam para as
purificações, e cada uma
levava duas ou três
metretas.(1)
Jesus lhes disse: Enchei
de água as talhas. E
eles as encheram
totalmente. Então, lhes
determinou: Tirai agora
e levai ao mestre-sala.
Eles o fizeram. Tendo o
mestre-sala provado a
água transformada em
vinho (não sabendo donde
viera, se bem que o
sabiam os serventes que
haviam tirado a água),
chamou o noivo e lhe
disse: Todos costumam
pôr primeiro o bom vinho
e, quando já beberam
fartamente, servem o
inferior; tu, porém,
guardaste o bom vinho
até agora. Com este, deu
Jesus princípio a seus
sinais em Caná da
Galileia; manifestou a
sua glória, e os seus
discípulos creram nele.
Depois disso, desceu ele
para Cafarnaum, com sua
mãe, seus irmãos e seus
discípulos; e ficaram
ali muitos dias. (João,
2: 1 a 12)
Transformava Jesus a
água em vinho e iniciava
o ciclo a que se
convencionou chamar de
milagres, confirmando
assim a sua inigualável
espiritualidade.
Conhecedor profundo das
leis que regem o átomo,
servia-se delas para nos
encantar com seus
divinos feitos.
Aproveitava-se da água
para transformá-la em
vinho, como se utilizava
de nossos erros para
apresentar as belas
lições que nos dirigiam
para a luz dos acertos.
Maravilhamo-nos com as
transformações que fez,
mas por certo nos
maravilharíamos mais se
conseguíssemos ver
transformações mais
importantes que
conseguiu realizar, as
que se operam no íntimo
das almas. Veio para
transformar, não água em
vinho, mas toda a
Humanidade para melhor.
Serviu naquele instante
ao senhor da festa,
solucionando-lhe o
problema momentâneo,
assim como serviu
posteriormente a todos
nós, indicando-nos o
caminho a seguir.
Sabia o caminho que os
átomos deveriam
percorrer para que este
ou aquele fato viesse a
ocorrer na matéria,
assim como sabe todos os
caminhos que a alma deve
trilhar, para que fatos
belos lhe venham a
acontecer. Com a mesma
facilidade com que
manipulava as moléculas,
ministrava as divinas
lições que até os
presentes dias iluminam
o íntimo de cada um dos
que desejam segui-lo.
"Vai e não peques
mais...", dizia. "Ama o
teu irmão como a ti
mesmo..." "Perdoa tantas
vezes quantas se fizerem
necessárias...". Quantos
milagres encerram estes
ensinamentos, sem que
talvez consigamos
percebê-los?
Se ansiamos por novos
milagres, porque não
darmos créditos a seus
ensinamentos? Por acaso
haverá maior milagre do
que o de nos
transformarmos em luz,
pelo amor que tivermos
dado aos outros? Não há
dúvida que há mérito
imenso quando matamos a
fome de quem a tenha e
isso devemos fazer;
porém, não devemos
olvidar a grandeza do
gesto que é perdoar a
quem nos ofenda.
Devemos sempre dar
de beber ao sedento, mas
devemos também nos
transformar naqueles que
matam a sede das almas
que nos rodeiam, através
de exemplos cristãos,
dignos de serem
seguidos.
Seremos, sim, o maior de
seus milagres se lhe
seguimos as orientações.
Há quanto tempo nos
espera a transformação,
não da água para o
vinho, mas das trevas à
iluminação interior?
Quanto mais deverá nos
esperar? Quando será que
nos disporemos a
recebê-lo
incondicionalmente, para
que com os seus dons nos
ajude a evoluir
espiritualmente?
Assim como bastou apenas
um pouco da água para
que realizasse a
transformação, basta um
pouco de esforço nosso
para que nos visite o
coração e nos
multiplique as
possibilidades de
evolução. Eis o milagre
que anseia realizar,
basta que lhe
obedeçamos, conforme o
pedido de Maria.