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Divaldo
Franco: “Vale a pena amar, vale a pena perdoar” |
Em nova passagem por terras gaúchas, Divaldo Franco
voltou a falar, no final de agosto, a um público
numeroso nas cidades de
Frederico Westphalen, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul e
Novo Hamburgo.
Veremos nesta edição como foram as atividades realizadas
pelo orador nas duas primeiras.
Frederico Westphalen, 27 de agosto
– Neste roteiro de luzes e bênçãos, Divaldo Franco se
fez acompanhar de seu dileto amigo Dr. Juan Danilo
Rodrígues, natural de Ambato e residente em Quito, ambas
no Equador. Médico, terapeuta holístico, psicólogo
transpessoal, fundador e atual presidente do Centro
Espírita Francisco de Assis, na capital equatoriana,
Juan Danilo é, também, fundador da Fundação Luz
Fraterna, dedicada ao tratamento da síndrome autista,
propiciando, para esses, uma vida de mais equilíbrio e
contato social, dignificando a criatura humana, e é
autor do livro Alliyana, que apresenta uma
abordagem sobre o tratamento do autismo. Alliyana
é uma palavra originária da língua quíchua, dos nativos
do Equador, e tem como significado sarar, que para a
cultura andina, sarar, curar é esclarecer.
Apresentando o abraço dos espíritas de sua cidade, em
especial do Centro Espírita Francisco de Assis, ele
destacou o infinito amor de Jesus, tendo legado um
tratado de convivência ética e moral para a humanidade.
Lembrou, igualmente, que a língua do Espiritismo é o
amor e a caridade. Tomado por esses sentimentos,
dedica-se, há 17 anos, a auxiliar, estendendo as mãos do
conhecimento aos necessitados. Certo dia uma mentora
incentivou-o a estudar o português, preparando-se para
melhor auxiliar e se fazer compreender. “O Espiritismo,
disse, propicia tantas alegrias e felicidades, e que
para fruí-las será necessário abrir o coração.”
Juan Danilo, externando a sua gratidão aos espíritas
brasileiros, e gaúchos em particular, afirmou que está
tendo a oportunidade de conhecer e aprender sobre o
movimento espírita brasileiro, já desejoso de voltar ao
convívio com os espíritas do Brasil, a quem é muito
grato.
A conferência de Divaldo
– O Peregrino de Jesus, tomando em suas mãos a tarefa de
divulgar o Espiritismo, congregar corações e semear o
amor, estava falando pela primeira vez em Frederico
Westphalen.
O evento, organizado pelos Centros Espíritas
Mensageiros da Luz e Caminhos da Luz, foi realizado no
Ginásio do Itapagé.
Durante a sessão de autógrafos, o
Semeador de Estrelas concedeu rápidas entrevistas às
Rádios Cruz Alta e Pop Rock FM; Rádio da Hora da
Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen; Rádio Landell FM, de Palmeira das Missões; e
para o jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen.
Um público de aproximadamente 3.500 pessoas foi
recepcionado por belas interpretações musicais,
harmonizando o ambiente. Divaldo, assomando à tribuna,
disse que é natural que a existência terrena apresente
eventos inesperados, intempestivamente, ocasionando
mudanças nos projetos de vida e conduzindo a criatura
para situações jamais imaginadas.
Iluminando corações, narrou comovente e real história
publicada em 1939 na obra Estes Dias Tumultuosos,
do escritor, jornalista holandês-canadense Pierre van
Paassen (1895-1968), pastor Luterano, consciente de que
o seu próximo deve ser compreendido e amado. A história
se refere a um jovem francês de nome Ugolin.
Pierre van Paassen perdeu todos os membros de sua
família na II Guerra Mundial. Ugolin foi um jovem
portador de deformações físicas provocadas pela
violência paterna e que vivia pelas ruas parisienses do
pós-guerra. Abandonado e excluído da sociedade, ele
vivia da generosidade alheia e de pequenos favores.
Órfão, possuía somente como família a irmã. Ela vivia da
prostituição.
Pierre van Paassen e Ugolin tornaram-se amigos. O afeto
mútuo os unia, plenificando-se em carinho e amor. No
desenrolar dos dias o convívio entre ambos se estreitou.
Como se aproximava o Natal, Ugolin solicitou de presente
um par de sapatos. O escritor aguardava a noite de Natal
para entregar a Ugolin o par de sapatos tão desejado. Na
véspera do Natal, Ugolin não apareceu. Um grupo de
jovens alcoolizados amarrou o jovem excluído a um poste,
após despi-lo, surrando-o barbaramente.
Diante da balbúrdia, o Abade de La Roudaire, sacerdote
da igreja local, interferiu, fazendo com que os
delinquentes fugissem. Retirando do poste o jovem
exangue, o abade levou-o até a casa paroquial para ali
passar a noite. Pela manhã, o religioso não o encontrou
no leito onde o tinha deixado. Mais tarde o abade soube
que Ugolin havia cometido suicídio. Sua irmã, ao tomar
conhecimento dos fatos, não suportando a dor e
desalentada, igualmente suicidou-se.
Apesar de a Igreja Luterana proibir atos litúrgicos aos
suicidas, o funeral de ambos foi oficiado pelo abade,
que, após orar junto aos corpos dos irmãos, cujas vidas
foram de aflições, sofrimento e abandono, dirigiu-se aos
fiéis que lotavam a igreja afirmando que aqueles jovens
infelizes não seriam considerados por Deus como
suicidas, mas na condição de assassinados pela maldade e
crueldades humanas. No sermão, o abade, dirigindo-se ao
público, formulou um questionamento hipotético de Deus:
- Abade de La Roudaire, que fizeste das ovelhas que
te confiei?
Feita essa pergunta três vezes, o abade respondeu:
- Não foram ovelhas que tu me mandaste, eram lobos
sob peles de ovelha.
Essa instigante, comovente e real história encontra-se
estampada, em detalhes, no livro Divaldo Franco e o
Jovem, da Editora LEAL.
A narrativa despertou a emotividade. Tanto o autor da
história, Pierre van Paassen, quanto o abade de La
Roudaire, não conseguiram consolar e auxiliar com
eficiência a Ugolin e sua irmã, pois que não aceitavam a
doutrina da pluralidade das existências e por essa razão
não conseguiram explicar as razões do grande sofrimento
de ambos ante a vida. Teria Deus esquecido os dois
irmãos ou se tratava de um castigo da Divindade? Era a
questão insistentemente formulada por Ugolin e que o
religioso e o escritor não conseguiram responder
adequadamente.
O princípio da reencarnação – associado ainda à
existência de Deus, à possibilidade de comunicação entre
ambos os planos da vida, à existência da alma e seu
progresso gradativo e à pluralidade dos mundos habitados
– forma a base da Doutrina Espírita.
O Espiritismo faculta o desenvolvimento de objetivos
transcendentais, além de ser O Consolador prometido
por Jesus que vem explicar que os sofrimentos têm uma
razão de ser. Não se trata de castigo, mas sim
oportunidades que a Divindade oferece – a lei de Ação e
Reação – ou por necessidade de evolução, criando
oportunidades para o desenvolvimento de qualidades. As
reencarnações, juntamente com a imortalidade da alma,
formam o magnífico mecanismo para o reajuste com as Leis
Soberanas. Compete ao ser humano, de posse desse
conhecimento libertador, tornar-se instrumento com o
qual irá construir a evolução moral e espiritual.
Não há, portanto, razão para que a criatura humana se
deixe envolver pelo pessimismo dos dias atuais e que
rondam a sociedade nos estertores deste mundo de Provas
e Expiações. Relacionando com a palpitante história,
Divaldo Franco foi alinhando formulações à luz do
Evangelho de Jesus, consolando e esclarecendo aqueles
miseráveis que perambulam pelas cidades. Saibamos,
disse Divaldo, descobrir os invisíveis da sociedade,
acolhendo-os, sendo-lhes solidários, fraternos e
caridosos. Amai-vos uns aos outros! Vale a pena
amar, repartir a esperança, acreditar no outro. Cada
indivíduo deveria sentir-se tocado pelas mãos de Deus,
que chega em forma de bênçãos generosas, tendo a honra
de fazer o bem. As mágoas devem ser deixadas de lado,
abrindo possibilidades para agradecer pela vida e como
ela se apresenta.
Apesar dos dias tumultuosos da atualidade, em que as
aflições, ódios, intolerâncias, sofrimentos e violências
imperam e em que as pessoas – ao invés de se amarem umas
às outras como preconizado por Jesus – elegem armar-se
umas contra as outras, no âmbito material e emocional,
urge aceitar e viver a proposta de Jesus, amando mais,
tornando-nos mais gentis, tolerantes, pacíficos e
mansos, em acordo com os ensinamentos registrados no
Sermão da Montanha, permitindo a formação de uma
humanidade mais justa e feliz. Declamando o Poema da
Gratidão, Divaldo Franco, ensejou a oportunidade para
muitas reflexões, convictos na reencarnação, na
imortalidade da alma e do ajuste às Leis Soberanas. Os
generosos aplausos foram os agradecimentos dos corações
ternos ao ínclito orador baiano.
Passo Fundo, 28 de agosto
– Retornando mais uma vez a Passo Fundo, Divaldo Franco
proferiu conferência no Centro de Eventos da
Universidade de Passo Fundo. No espaço de tempo dedicado
aos autógrafos, o lídimo trabalhador do Cristo concedeu
breves entrevistas para diversos órgãos de comunicação
social de Passo Fundo e região. A Prece de São Francisco
cantada e tocada ao violão, asserenou o público,
bastante disciplinado, dando início ao magnífico evento
que reuniu em torno de 7.000 mil pessoas, acomodadas em
ambientes internos e externos.
Fernando Carlos Bicca, líder do movimento espírita
regional e coordenador do evento, destacou sentir imensa
alegria, saudando os presentes e os internautas que
acompanhavam o evento virtualmente. Enaltecendo os
feitos de Divaldo em favor dos homens, frisou que o
Semeador de Estrelas tem contribuído grandemente para a
melhoria do planeta, melhorando as criaturas humanas,
tornando-as mais dignas, mais justas, honradas, éticas,
amorosas. “Por isso, Passo Fundo o recebia com carinho e
amor”, exclamou o confrade.
Chamado à tribuna, Divaldo Franco, ícone do Espiritismo
na atualidade, sensibilizado, agradeceu as referências
elogiosas a ele dirigidas, dizendo que havia aprendido a
amar Passo Fundo desde que a visitou pela primeira vez,
há mais de 50 anos.
“Se um único homem atingir o mais alto grau de amor,
será suficiente para neutralizar o ódio de milhões.”
(Mohandas Karamchand Gandhi).
Com esta frase, começou a excelente conferência.
Incomparável, Gandhi mudou o conceito de paz entre as
criaturas humanas.
Apoiando-se na obra Perdão Radical, de Brian
Zahnd, o conferencista narrou a história vivida por
Simon Wiesenthal (1908-2005), sobrevivente de campos de
concentração durante a Segunda Guerra Mundial, autor do
livro Os Girassóis.
Estando no campo de Mauthausen, durante o conflito, foi
ele procurado por uma enfermeira que o levou a visitar
um soldado alemão gravemente enfermo e que desejava
falar com um judeu e pedir-lhe perdão. Karl Silberbauer,
da Gestapo, já em seus últimos dias, implorou o perdão
de Simon. Karl havia sido educado no Cristianismo, mas,
fascinado pelo discurso de Hitler, ingressou na
juventude hitlerista, passando mais tarde a integrar a
Gestapo. Nessa condição havia cometido vários atos de
barbárie. Estava, no entanto, arrependido em seu leito
de morte. Tendo sido ferido, ele agonizava.
No diálogo com Wiesenthal, Karl procurou certificar-se
de que seu visitante era realmente judeu. Convencido,
solicitou dois favores. Um era dizer à sua mãe que
estava arrependido e que morrera cristão, relegando o
nazismo; o outro era ser perdoado por um judeu, levando
em conta as atrocidades que cometera. Wiesenthal cumpriu
o primeiro, já o segundo sentia-se incapaz de perdoar.
- Se fosse você, perdoaria? - perguntou Divaldo
ao público, levando a uma reflexão sobre o perdão.
Os quatro níveis de consciência
– O grande desafio da criatura humana é a própria
criatura humana. Interpretar a sua realidade é a
proposta do pensamento filosófico. Ela não encontrou
ainda a sua plenitude, a felicidade. Não logrou porque
não teve a coragem de fazer a viagem interior em uma
tentativa eficaz para autodescobrir-se, utilizando-se do
amor, compreendendo que é um ser específico.
Apoiando-se nos estudos de George Gurdjieff e de
seu discípulo Peter Ouspensky, Divaldo Franco,
com seu verbo iluminado, discorreu sobre os quatros
níveis de consciência do ser humano. De acordo com
Peter Ouspensky, o ser humano pode ser catalogado em
quatro níveis de consciência. Consciência de sono
é o primeiro nível. Neste está a grande maioria, com
raras exceções. É o estágio primário na escala de
evolução. Ouspensky afirmou que pelas
reencarnações o indivíduo vai adquirindo conhecimento e
despertando a consciência. O segundo nível é o de
consciência desperta. A criatura humana alcança o
discernimento, dá-se conta de que sua existência tem um
significado psicológico. Consciência de si mesmo
é o terceiro nível estabelecido por Ouspensky.
Neste nível o autor apresenta as funções da máquina – o
ser humano. A primeira função é a intelectiva. A segunda
é a emocional. Na ordem estão as funções instintiva,
motora e sexual. A sexta função é a emotiva superior e a
intelectiva superior é a sétima. Estas funções devem ser
administradas por essa consciência de si mesmo. Peter
Ouspensky denominou o quarto nível como o de
consciência objetiva, que Allan Kardec chamou de
consciência cósmica. O Espiritismo conduz a criatura
humana a ter vida em abundância, revelando com ênfase o
que o próprio Cristo ensinou.
Utilizando-se de técnicas para que o público se
descontraísse, Divaldo conduziu-os para o riso, uma
verdadeira terapia de enriquecimento humano, elevando o
padrão vibratório, destacando a certeza na imortalidade
da alma, seu crescimento com o emprego do perdão,
abandonando o ódio, a raiva, tornando-se amoroso,
fraterno e caridoso. Deixar de viver na angústia, adotar
a alegria de viver com amor, dando ao outro o direito de
ser como deseja, é tarefa que se impõe. Jesus disse ser
a luz do mundo. Para viver nele e na luz será necessário
realizar o exercício da solidariedade, servindo e amando
sempre. “Vale a pena amar, vale a pena perdoar”, afirmou
o estimado orador.
Finalizando o profícuo trabalho com o Poema da Gratidão,
de Amélia Rodrigues, Divaldo foi aplaudido de pé,
demoradamente. Envoltos em vibrações de amor e profundo
sentimento de servir, todos saíram levando em seus
corações a esperança em dias melhores, compreendendo que
todos somos os construtores da era nova, a era do amor.
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Divaldo com amigos em Passo Fundo |
Nota do autor:
As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge
Moehlecke.