Em
mensagem enviada à revista, publicada na seção de Cartas
desta edição, Maria Teresa Cavalcanti escreveu-nos o
seguinte:
Aprendemos no Espiritismo que o amor maternal decorre de
uma espécie de missão e faz parte das leis da natureza.
Se isso é verdade, por que a missão da maternidade nem
sempre é um mar de rosas?
De
fato, o papel dos pais constitui, sem dúvida nenhuma,
uma verdadeira missão, como está dito com clareza pelos
instrutores espirituais na resposta dada à questão 582
d´O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Quanto às dificuldades que pais e mães encontram no
desempenho dessa missão, é bom que a leitora leia os
ensinamentos contidos nas questões 890 a 892 da obra
acima mencionada.
O
coração materno é, na expressão de um Espírito amigo,
“uma taça de amor em que a vida se manifesta no mundo”,
mas grave é o ofício da verdadeira maternidade.
“Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e
devemo-los, em grande parte, às mães abnegadas e justas,
mas erguem-se penitenciárias sombrias e devemo-las, na
mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas”,
assevera Sebastiana Pires no cap. 3 do livro Luz no
Lar, obra mediúnica psicografada por Chico Xavier.
Ensina o Espiritismo que a Natureza deu à mãe o amor a
seus filhos no interesse da conservação deles. Entre os
animais, esse amor se limita às necessidades materiais e
cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No
homem, ele persiste pela vida inteira e comporta um
devotamento e uma abnegação que são virtudes,
sobrevivendo mesmo à morte e acompanhando o filho até no
além-túmulo.
Não
se deduza do fato de estar o amor maternal nas leis da
natureza que a missão materna seja algo fácil, porque
não o é. Trata-se, em verdade, de tarefa espinhosa em
que a renúncia e as lágrimas fazem morada.
Não
é difícil entender por que isso se dá. É que
habitualmente renascem juntas, sob os laços da
consanguinidade, pessoas que ainda não acertaram as
rodas do entendimento no carro da evolução, a fim de
trabalharem sobre as arestas que lhes impedem a
harmonia. Jungidas à máquina das convenções
respeitáveis, no instituto familiar, caminham lado a
lado, sob o aguilhão da responsabilidade e da
convivência compulsória, para sanarem velhas feridas.
Existem pais que não toleram os filhos e mães que se
voltam contra os próprios descendentes, tanto quanto há
filhos que se revelam inimigos de seus genitores e
irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado
da antipatia congênita.
A
missão materna reveste-se, portanto, de encargos
sublimes, sobretudo nos lares onde Espíritos
antagônicos, quando não inimigos, se encontram
temporariamente unidos pelos laços do parentesco. A
maternidade exige e desenvolve a sensibilidade, a
ternura, a paciência, aumentando a capacidade de amar na
mulher.
No
ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o
expoente divino de toda a compreensão espiritual e de
todos os sacrifícios pela paz da família. A missão
materna consiste em dar sempre aos filhos o amor que
flui de Deus, porque antes de tudo sabemos que nossos
filhos são, primeiramente, filhos de Deus.
Desde a infância, compete à mãe prepará-los para o
trabalho e para a luta que os espera. Desde os primeiros
anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da
liberdade, controlando-lhe as atitudes e consertando-lhe
as posições mentais, porque essa é a ocasião mais
propícia à edificação das bases de uma vida.
Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a
energia quando necessária. Sacrificar-se-á de todos os
modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes
que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante
é divino e que todo desperdício é falta grave.
Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio. Será
ela no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo
ao trabalho e a fonte de harmonia para todos. Buscará,
enfim, na piedosa mãe de Jesus o símbolo das virtudes
cristãs, ciente de que, como escreveu a leitora, a
missão da maternidade nem sempre é um mar de rosas.