Há 50 anos surgia em Londrina o
jornal Nosso Lar
Em
setembro de 1967, ou seja, 50 anos atrás, circulou pela
primeira vez em Londrina o jornal Nosso Lar,
órgão oficial do Centro Espírita Nosso Lar, a casa
espírita mais antiga da cidade. Como surgiu o jornal?
Qual a sua proposta? Como era o periódico e quais os
assuntos nele tratados?
Para
falar sobre esses assuntos ouvimos nosso colega e
Diretor de Redação desta revista e editor naquela
ocasião do jornal Nosso Lar, Astolfo Olegário de
Oliveira Filho, que contava 23 anos de idade quando o
periódico nasceu:
Como surgiu o jornal Nosso Lar?
A
criação do jornal fez parte de uma série de atividades
iniciadas no ano de 1967 pelo Centro Espírita Nosso Lar,
que até pouco tempo atrás atendia pelo nome de União
Espírita de Londrina. A mudança do nome
ocorreu em
13 de dezembro de 1966.
Eleita em março de 1967, sob a liderança do confrade
Célio Borges de Oliveira, então com 33 anos de idade, a
diretoria do Centro procedeu a uma reestruturação geral
das atividades da casa. Vários grupos espíritas que
funcionavam em residências particulares foram então
convidados a integrar-se ao centro. Com isso, foram
preenchidas com atividades públicas de divulgação todas
as noites da semana e implantado, no sábado à noite, um
Curso Metódico da Doutrina Espírita, embrião de vários
cursos doutrinários realizados ao longo dos anos pelo
Nosso Lar.
A
criação do jornal Nosso Lar foi, em verdade, mera
consequência das ideias que naquele tempo fervilhavam...
Qual era a proposta do jornal?
Ele
foi criado na condição de órgão oficial noticioso e
doutrinário do Nosso Lar. Como tal, divulgava a doutrina
e também os fatos ocorridos em Londrina e região, assim
como a programação das atividades da Casa, as
realizações dos vários departamentos do Centro, os temas
e os nomes dos expositores do Curso Metódico realizado
aos sábados, entre outros assuntos, que eram bem
diversificados.
Qual a tiragem do jornal e quantas edições dele foram
publicadas?
A
tiragem variava entre 250 e 300 exemplares. O jornal
circulou de setembro de 1967 a maio de 1969. Muitos
companheiros tiveram de mudar para outras localidades,
como foi o nosso caso, porque a partir de junho de 1969
fomos morar, por motivos profissionais, na capital do
Estado. Infelizmente, devido a isso, o periódico deixou
de circular.
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Reprodução da
primeira página da edição
de dezembro de 1967 |
Passados 50 anos, que apreciação você faz da experiência
de ter tido o Centro Espírita Nosso Lar um órgão
noticioso?
A
imprensa, quando séria e fiel aos fatos, é um bem
precioso de valor incalculável. É a memória viva de
acontecimentos que, sem registro, se perderiam ao longo
dos anos. Os exemplares que formam a coleção do jornal
Nosso Lar fornecem-nos informações valiosas que
mesmo os espíritas mais antigos na casa ignoram. Como
exemplo, na edição de novembro de 1967, o jornal
apresentou uma entrevista com o confrade João Sales
Coroa, ex-presidente da União Espírita de Londrina, o
homem que teve a coragem de demolir o antigo prédio e
dar início à construção da nova sede do Nosso Lar, que
se ergueu ao longo de vários anos, até chegar à condição
que todos nós hoje conhecemos.
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Imagem do antigo prédio
que foi
demolido em 1964 |
Em
janeiro de 1968, outra entrevista importante, feita com
nosso amigo Célio Borges de Oliveira, então presidente
da Casa, foi um dos destaques da edição.
Que outras informações importantes podemos colher nas
edições do jornal Nosso Lar?
São
elas inúmeras. Uma matéria sobre a vinda de Chico Xavier
a Londrina e sua presença no Centro foi o destaque da
edição de dezembro de 1967. O surgimento do programa
radiofônico “Momento Espírita”, transmitido pela Rádio
Tabajara de Londrina a partir do dia 14 de janeiro de
1968, constituiu uma matéria especial na edição daquele
mês. A inauguração da nova sede do “Nosso Lar”, ainda
muito modesta se comparada às condições atuais do mesmo
prédio, ocorrida no dia 5 de maio de 1968, foi destaque
na edição do mesmo mês.
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Imagem da nova sede cuja
inauguração
ocorreu em 1968 |
O
lançamento no dia 20 de abril de 1969, pela Rádio
Difusora de Londrina, do programa “Arauto Espírita”, foi
noticiado na edição de maio de 1969. O programa era
transmitido semanalmente, além do outro programa levado
ao ar pela Radio Tabajara, nos quais tivemos a
felicidade de trabalhar com nosso estimado confrade
Ezequiel Gonçalves, um jovem 25 anos de idade na época,
mas com larga experiência no trabalho em rádio. A ele,
que diligenciou e conseguiu os horários nas emissoras,
competia a apresentação radiofônica dos programas,
cabendo a nós a redação dos textos apresentados nas duas
emissoras, algo de que nos lembramos com saudade e que
teve, obviamente, inegável influência no trabalho de
divulgação espírita que faríamos mais tarde na “Folha de
Londrina”, no jornal “O Imortal” e na revista “O
Consolador”.