O leitor Carlos Miguel M. Torres, em mensagem publicada
nesta mesma edição, escreveu-nos o seguinte:
Li em um site sobre assuntos espíritas o texto seguinte:
“De
acordo com pesquisadores, os bichinhos – sejam eles
cães, gatos ou formigas, pássaros e peixes – são, sim,
espíritos, assim como os humanos. No entanto, um dos
espíritos orientadores da SER Espírita, Antonio Grimm,
criou um termo mais apropriado para diferenciar os
espíritos dos animais e dos humanos: o protoespírito”.
Para ler o texto mencionado,
clique aqui
O termo “protoespírito” está usado corretamente?
O texto mencionado pelo leitor intitula-se “Animais
são espíritos?”,
de autoria de Flavia Zanforlim, Jaqueline Silva e Mara
Andrich, publicado originalmente na SER Espírita
impressa n.13
O termo “protoespírito” – que é estranho à obra de Allan
Kardec – não se encontra registrado no VOLP e nos
dicionários da língua portuguesa mais conhecidos. Também
não é mencionado no excelente Dicionário de
Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”, de João
Teixeira de Paula.
Trata-se, portanto, de um neologismo formado com o
vocábulo “proto”, que
nos veio do grego, um elemento de composição que
significa “primeiro” e aparece em palavras como
protótipo, proto-história e protoestrela.
Sendo um neologismo, o termo protoespírito é raramente
utilizado no meio espírita para indicar o estado da alma
em seu início, visto que, segundo aprendemos no
Espiritismo, a alma tem de passar, em seu processo
evolutivo, pelos reinos inferiores da criação, até
reunir as condições de ser considerada “Espírito” e
ingressar no chamado reino hominal, um assunto tratado
nesta revista em inúmeras oportunidades.
Apresentado por Kardec inicialmente como simples
hipótese, esse processo foi confirmado posteriormente
por diversos autores, como Galileu (Espírito), Gabriel
Delanne e André Luiz, respectivamente nas obras A
Gênese, cap. VI, itens 14, 15 e 19, A Evolução
Anímica, pp. 70 e 71, e Evolução em Dois Mundos,
Primeira Parte, cap. VII, pp. 56 e 57.
Em A Gênese, última obra publicada em vida por
Kardec, Galileu é taxativo: o Espírito não chega a
receber a iluminação divina, que lhe dá, com o
livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos
destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal
dos seres inferiores, entre os quais se elabora
lentamente a obra da sua individualização.
Um termo construído com o mesmo elemento (proto) é o
vocábulo protoforma, mencionado no Vocabulário Espírita
disponível em nosso site, o qual designa o instrumento
perispirítico do selvagem, extremamente condensado pela
sua integração com a matéria mais densa. No homem
primitivo a vida moral está começando a aparecer e o
perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso.
Não vemos, portanto, nenhum inconveniente em utilizar o
termo protoespírito para designar a alma nos primórdios
de sua caminhada evolutiva, ressaltando, porém, que não
se trata de uma palavra utilizada com frequência pelos
autores espíritas encarnados e desencarnados.