O leitor Antonio Kavaliunas Neto, de Porto Alegre (RS),
em mensagem publicada na seção de Cartas desta mesma
edição, escreveu-nos:
Por favor, tenho uma dúvida: Quanto à natureza
espiritual de Jesus Cristo, trata-se de um Espírito
Superior (de segunda ordem) ou Espírito Puro (de
primeira ordem)? Há dados concretos na Codificação
Espírita? Poderiam, por gentileza, expor?
A respeito de Jesus, a primeira informação que apareceu
nas obras fundamentais do Espiritismo foi a resposta
dada pelos instrutores espirituais à pergunta n. 625 d'
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:
- Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem,
para lhe servir de guia e de modelo?
“Vede Jesus."
Comentando a resposta, Allan Kardec escreveu: "Jesus é
para o homem o tipo da perfeição moral a que pode
aspirar a humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o
mais perfeito modelo, e a doutrina que ele ensinou é a
mais pura expressão de sua lei, porque ele estava
animado do espírito divino e foi o ser mais puro que já
apareceu sobre a Terra".
Acerca do caráter divino de sua missão, o codificador da
doutrina espírita foi ainda mais explícito em um texto
publicado no cap. 1, item 4, do seu livro O Evangelho
segundo o Espiritismo, no qual diz que o papel de
Jesus "não foi simplesmente o de um legislador moralista
sem outra autoridade além da palavra". "Ele veio cumprir
as profecias que haviam anunciado a sua vinda, e a sua
autoridade provinha da natureza excepcional do seu
Espírito e da sua missão divina."
Em outra oportunidade, no livro Obras Póstumas,
págs. 136 e seguintes, Kardec retomou o tema: "Jesus era
um messias divino pelo duplo motivo de que de Deus é que
tinha a sua missão e de que suas perfeições o punham em
relação direta com Deus", pensamento que ele confirmaria
em sua derradeira obra, A Gênese, cap. 15, em que
diz que, pelos imensos resultados que produziu, "a sua
encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma
dessas missões que a Divindade somente a seus
mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus
desígnios".
Note-se que em nenhum momento Kardec disse em que
posição da Escala Espírita Jesus se enquadraria, mas os
termos que ele utilizou na referência ao Mestre e à sua
missão deixam claro que, como “mensageiro direto” de
Deus, Jesus já havia, sem dúvida, alcançado a condição
de Espírito Puro, tal como é descrita nos itens 112 e
113 d´O Livro dos Espíritos, que informam que os
Espíritos Puros não sofrem nenhuma influência da matéria
e revelam superioridade intelectual e moral absoluta em
relação aos Espíritos das outras ordens. E mais:
“São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens
executam, para a manutenção da harmonia universal.
Dirigem a todos os Espíritos que lhes são inferiores,
ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas
missões. Assistir os homens nas suas angústias,
incitá-los ao bem ou a expiação de faltas que os
distanciam da felicidade suprema, é para eles uma
ocupação agradável”. (O Livro dos Espíritos, item
113.)
Além de Kardec, três autores respeitados no meio
espírita aludiram à qualidade excepcional de Jesus.
Referimo-nos a Léon Denis, J. Herculano Pires e
Emmanuel.
Léon Denis, falando sobre o Mestre, diz que Jesus
"ascendeu à eminência final da evolução" e o conceitua
como "governador espiritual deste planeta" (Cristianismo
e Espiritismo, pág. 79), bem antes de Emmanuel
descrever-lhe o papel como cocriador e orientador do
orbe em que vivemos.
Para J. Herculano Pires, numa referência às chamadas
três revelações da Lei de Deus, a Bíblia é a codificação
da primeira revelação, o Espiritismo, a codificação da
terceira revelação, e o Evangelho representa a segunda,
"a que brilha no centro da tríade dessas revelações",
tendo na figura do Cristo o sol que ilumina as duas
outras, uma como que "intervenção direta do Alto para a
reorientação do pensamento terreno". (Introdução ao
Livro dos Espíritos, LAKE, 3ª edição, abril de 1966,
págs. 11 e 12.)
Emmanuel, além de confirmar tudo o que acima se disse,
trouxe ao conhecimento dos espíritas um dado a mais que
nos permite entender quem, de fato, é Jesus:
“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção
de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma
Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor
Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as
rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e
perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao
que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas
proximidades da Terra, para a solução de problemas
decisivos da organização e da direção do nosso planeta,
por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A
primeira verificou-se quando o orbe terrestre se
desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem,
no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema
cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em
ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidiu a
vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família
humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e
redenção”. (A Caminho da Luz, obra psicografada
pelo médium Chico Xavier, cap. 1.)
Esperamos que os esclarecimentos acima satisfaçam à
expectativa do prezado leitor e de todos que se
interessam pelo assunto.