O Espiritismo responde

por Astolfo O. de Oliveira Filho

O leitor Luiz Carlos M. Trindade, de São Luiz Gonzaga (RS), em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, enviou-nos a seguinte pergunta:

Como definir ou exemplificar a expressão: "A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica", LE questão 136-a?

Para compreender a questão proposta e dar-lhe a resposta pertinente, é importante primeiro lembrar o que nos foi dito pelos instrutores espirituais nas questões 155 e 156 d´O Livro dos Espíritos:

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?

“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”

a) A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?

“Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.”

Comentário de Kardec: “Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi  toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas”.

156. A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica?

“Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma.”

Observa-se que o desprendimento total da alma é consequência da cessação da vida do corpo físico e, em casos excepcionais, do seu enfraquecimento quase completo, o que se verifica às vezes nos agonizantes.

Rotos os laços – como é dito na questão 155 – a alma se desprende, o que explica o fato de que a alma não pode animar um corpo sem vida.

A vida orgânica pode, no entanto, animar um corpo sem alma, como se dá no reino vegetal, em que uma planta qualquer, embora não tendo alma como nós a entendemos, nasce, cresce e vive.

Com relação aos seres humanos, temos pelo menos dois exemplos.

O primeiro é o citado na questão 156, em que na agonia a alma pode ter deixado o corpo e neste não haverá mais, a partir desse momento, senão vida orgânica.

O segundo é a curiosa gravidez sem que haja alma ligada ao feto, fato mencionado na questão 136 e seguintes d´O Livro dos Espíritos:

136. A alma independe do princípio vital?

“O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.”

a) Pode o corpo existir sem a alma?

“Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”

b) Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?

“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”

A informação acima é confirmada nas questões 355 e 356 d´O Livro dos Espíritos:

355. Há, de fato, como o indica a Ciência, crianças que já no seio materno não são vitais? Com que fim ocorre isso?

“Frequentemente isso se dá e Deus o permite como prova, quer para os pais do nascituro, quer para o Espírito designado a tomar lugar entre os vivos.”

356. Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?

“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vêm por seus pais.”

a) Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?

“Algumas vezes; mas não vive.”

b) Segue-se daí que toda criança que vive após o nascimento tem forçosamente encarnado em si um Espírito?

“Que seria ela, se assim não acontecesse? Não seria um ser humano.”

Quase um século depois, André Luiz tratou do assunto em seu livro Evolução em Dois Mundos, 2ª parte, cap. XIII, obra psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Chico Xavier, na qual nos transmitiu as informações abaixo resumidas:

1. Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos.

2. Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas em que a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe.

3. Ela impregna as células reprodutivas com elevada percentagem de atração magnética, pela qual consegue formar, com o auxílio da célula espermática, um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na medida da intensidade do pensamento maternal.

4. Seu pensamento opera por meio de impactos sucessivos condicionando as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão.

Esperamos que as explicações aqui prestadas satisfaçam à expectativa do leitor e dos demais interessados.

  
 


 
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