Espiritismo
para crianças

por Célia Xavier de Camargo

 
Todos somos iguais perante Deus


Beatriz estava caminhando pela rua quando viu um palhacinho muito triste a chorar. Aproximou-se e, sentando-se na calçada ao lado dele perguntou:

- Oi! O que aconteceu com você para estar tão triste, palhacinho?

O garoto enxugou os olhos, depois explicou:

- É que não sei o que fazer! Minha mãe está doente, meu pai faleceu e eu quero ajudá-la, mas não consigo. Ela está de cama e só chora o tempo todo. Não consigo ajudá-la!...

- Ah! Onde você mora, palhacinho?

- Eu moro aqui por perto e, para ajudar minha mãe, vendo algumas coisas que retirei lá de nossa casa, pois somos muito pobres. Quer ver o que tenho para vender?

- Quero sim! Você trabalha no circo como palhaço?

- Trabalho, só que o circo vai embora, está desmontando, e eu ficarei sem ter onde me apresentar!

- Não se preocupe. Vou falar com meu pai e ele sempre ajuda as pessoas quando eu peço. Venha comigo! Minha casa é logo ali!

Beatriz levou o palhacinho até a casa dela e eles entraram. A mãe da menina estava acabando de preparar o almoço que estava com cheiro ótimo.

Ao ver a filha junto com um menino vestido de palhaço, a mãe sorriu e cumprimentou o garoto:

- Bom dia, menino! Como se chama? Estou acabando de terminar o almoço! Está com fome?

O palhacinho inclinou-se, cumprimentando-a, como aprendera a fazer no circo, e respondeu:

- Sim, senhora, meu nome é Bento! Estou com muita fome! Eu trabalhava no circo, mas agora ele vai embora e ficarei sem serviço de novo. Só me deixaram ficar com a roupa de palhaço porque não vai servir para ninguém mesmo!

- Entendi, Bento. Eu me chamo Ana. Mas logo você arrumará outro serviço, pode acreditar. Venha, vamos nos sentar à mesa. Acomode-se ali, ao lado de Beatriz, e vou servi-los!

Animado, Bento sentou-se e pegou a colher todo satisfeito, enquanto a mãe servia a ambos. Entregando os pratos feitos, a mãe sorriu e disse:

- Agora nós vamos fazer uma oração a Jesus, agradecendo pelo alimento que vamos comer. O papai não virá hoje, pois está muito ocupado.

Eles fecharam os olhos, e a dona da casa fez uma oração suplicando ajuda para a casa deles e para a casa de Bento e seus familiares, deixando o garoto muito emocionado. Ele nunca tinha orado antes da refeição e ficou feliz.

Após o almoço, a dona da casa serviu um doce que ela fizera e que estava uma delícia! Ao terminar, Bento ergueu os olhos e sorriu:

- Muito obrigado, Dona Ana! A senhora sabe que é a melhor refeição que já comi na vida? E a sobremesa estava muito boa também! Obrigado por ter-me deixado almoçar aqui em sua casa. Depois, vou mostrar o que eu fazia no circo! Aprendi com o pessoal de lá.

Saindo da mesa, Bento pediu que elas se acomodassem no sofá da sala e saiu. Mãe e filha ficaram aguardando o que ele iria fazer. Logo, Bento surgiu na sala fazendo uma apresentação muito engraçada, criada por ele mesmo, fazendo com que mãe e filha dessem muitas risadas!

Ao terminar, elas bateram palmas contentes pela apresentação dele.

Então, Bento inclinou-se, cumprimentando as damas, e beijou suas mãos. Ao terminar, Bento estava contente por ver que elas haviam gostado da apresentação, e informou:

- Bem. Esse era o espetáculo que eu apresentava no circo! Pena que ele foi embora e não terei mais aonde mostra-lo.

- Não se preocupe, Bento. Nós mesmos poderemos pensar em arrumar apresentações para você! Até na empresa de meu marido!...

- É verdade, Dona Ana?        

- Sim! É só falar com ele! Muitas vezes meu marido promove festa na empresa e fazem apresentações!... Mas, temos coisa mais importante para fazer; vamos até sua casa ver como está sua mãe, Bento.

Com lágrimas nos olhos, ele agradeceu a gentileza de Dona Ana e foram até lá. A mãe de Bento continuava com muita febre e não tinha se alimentado ainda. Ana havia trazido uma vasilha com o que restara do almoço e ofereceu à doente, que aceitou agradecida. Depois, conversaram bastante, e a dona da casa agradeceu pelo almoço que deram a Bento e a ela mesma.

- Não se preocupe. Também já fui muito pobre e sei como é difícil não ter recursos para comprar alimentos. Sempre que precisar, poderá recorrer a nós, que somos seus amigos! De hoje em diante, nada faltará em sua casa, está ouvindo?

- Nem sei como lhe agradecer, Dona Ana! Só Jesus para poder abençoá-la!...

- Não. Você merece tudo de bom. Todos nós somos pessoas e temos direitos como seres humanos. Assim, não precisa me agradecer. Se eu tenho  mais do que você, tenho obrigação de ajudá-la, entendeu? Então, não se sinta menor do que ninguém. Perante Deus todos somos iguais!

 

MEIMEI

 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 30/10/2017.)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita