Influência dos espíritos
em nossos pensamentos e atos
É inconteste a influência dos Espíritos em
nossos pensamentos e atos. Alguns mais, outros
menos, mas todos recebemos suas interferências.
Os mais sensíveis percebem suas presenças com
maior intensidade. Tanto os bons, como os maus,
os familiares, os sofredores, os felizes ou
infelizes, os ignorantes ou letrados, os
conscientes ou não do estado de Espíritos
desencarnados se aproximam dos homens e podem
prejudicar ou ajudá-los, segundo a evolução
espiritual de cada um.
Em alguns casos a presença é nefasta e prejudica
as criaturas. São as chamadas obsessões, que
tanto desequilíbrio emocional e mental têm
causado aos “conhecidos“ doentes mentais. Muitos
se encontram internados em clínicas
especializadas e outros tantos, em busca da
cura, direito de todos, perambulam pelos
consultórios dos psiquiatras, neurologistas e
psicólogos. Muitos casos chamados depressivos,
o mal do século, explicam-se e são constatados
pela presença de Espíritos perturbadores.
O problema é muito mais sério do que imaginamos.
Tão sério que levou Kardec a preocupar-se com o
fenômeno e, nas suas constantes pesquisas,
chegou a essa constatação e, sempre interessado
na orientação dos homens, na questão 459 de O
Livro dos Espíritos, formulou aos
orientadores espirituais a pergunta: “Influem os
Espíritos em nossos pensamentos, e em nossos
atos?”. Responderam: “Muito mais do que
imaginais. Influem a tal ponto que, de
ordinário, são eles que vos dirigem”.
Foi tanta a preocupação de Kardec em nos
elucidar sobre o tema que o levou a escrever e
publicar artigos seus, nas edições da Revista
Espírita, edições de 1858 a 1868, durante dez
anos, os quais foram reunidos no livro
intitulado: “A Obsessão. Origens, Sintomas e
Curas”, editado pela União Espírita da Bélgica,
traduzido por Wallace Leal V. Rodrigues e
editado pela Casa Editora O Clarim, primeira
edição em 1969, onde costa talentoso e
esclarecedor prefácio do seu tradutor.
O estudo da obra citada é de grande importância
para os estudiosos e orientadores daqueles que,
despreocupados com o porquê da vida, se deixam
influenciar pela ação nefasta exercida pelos
Espíritos maldosos e vingativos que logram
descobrir brechas nos pensamentos das vítimas
encarnadas, iniciando assim o assédio espiritual
que, se não cuidado com seriedade, poderá causar
muitos sofrimentos e também a perda da atual
reencarnação.
Nos artigos citados, Kardec se esmerou em
facilitar a compreensão de todos, pois o
conhecimento antecipado da obsessão pode
colaborar com as vítimas dos Espíritos
obsessores, facultando-os à prevenção do mal.
Por aí podemos constatar que realmente a
influência espiritual em nossos pensamentos e
atos é uma verdade inquestionável.
Poder-se-ia perguntar: como procedem, os
Espíritos para nos influenciar? Diríamos que
pensar é vibrar, é entrar em relação com o
universo espiritual que nos envolve, e, conforme
a espécie das emissões mentais de cada ser,
elementos similares se lhe imantarão,
acentuando-lhes as disposições e cooperando com
ele em seu bem-estar ou transmitindo-lhe
sintomas de sofrimentos constrangedores,
provocando muitas quedas e deslizes que
comprometem seriamente o futuro dos menos
avisados.
Assim sendo é importante não descuidarmos de
nossa casa mental, pois as nossas companhias
espirituais serão sempre de acordo com o nosso
pensamento.
Tomando consciência de que o pensamento
exterioriza-se e projeta-se para fora de nós,
para nos livrarmos das más influências é
necessário que nos preparemos para o melhor
merecimento, pensando e praticando o bem. Foi
por isso que Jesus, o Mestre por excelência,
prelecionou com sabedoria: “a cada um segundo
suas obras” e por analogia, nos casos de
obsessão, poderemos afirmar: a cada um segundo
os seus pensamentos e atos.
Na renovação de nossa intimidade espiritual está
a segurança infalível para a prevenção contra o
assédio do mal em nossas vidas. Eduquemos nossos
pensamentos se desejarmos contar com companhia
dos bons Espíritos que nos protegem.
Muitos perguntarão: Quais procedimentos são
eficazes proceder para a renovação dos nossos
pensamentos, necessária à proteção dos bons
Espíritos? Ensina-nos Rodrigues Ferreira, em
curso de estudo: “Todo espírita esforçado,
desejoso de um crescimento interior, não pode
ignorar a providência que denominamos Reflexão
Individual Diária do Evangelho, que consiste em
ler diariamente um trecho dos ensinamentos de
Jesus explicados pelo Espiritismo, procurando
compreendê-lo.
“A boa leitura feita com interesse de
compreendê-la eleva algo em nós, o nosso
pensamento, que se liga a alguma coisa ou lugar,
sente-se viver aí, tem-se a impressão de
estarmos lá. Quando lemos com atenção, parece
que estamos vivendo a cena. Se a leitura é
elevada, nos elevamos também.
“O conteúdo ensinado no Evangelho sempre foi de
altíssimo nível, arrebatando-nos para o desejo
do mais perfeito comportamento de que estamos
capacitados a imaginar. Se conseguirmos manter
nossa vontade na procura de um procedimento
ideal estaremos ajuntando forças capazes de nos
permitir a troca gradual de nossos hábitos. Essa
tarefa, por lenta que seja, não deve desanimar
aqueles que compreenderam o grande valor do
objetivo final. “Ora, quem tem informações sobre
uma dada conduta possui muito mais chance de
acertar com ela do que quem não tem.
“É por isso que o estudo do EVANGELHO é tão
importante para todos: de um lado o conhecimento
leva ao procedimento; de outro, a mente ocupada
com os conteúdos elevados do ensinamento, irá
modificar o padrão vibratório, melhorando a
sintonia com Espíritos bons, o que,
automaticamente, desliga dos maus Espíritos”.
Emmanuel em psicografia do saudoso Chico Xavier,
em seu livro Pensamento e Vida, no capítulo
sobre obsessão, também colabora ditando a
seguinte orientação: “Urge, pois, que saibamos
fugir, desassombrados, aos enganos da inércia,
porque o espelho ocioso de nossa vida em sombra
pode ser longamente viciado e detido pelas
forças do mal que, em nos vampirizando, estendem
sobre os outros as teias infernais da miséria e
do crime.
“Dar novo pasto à mente pelo estudo que eleva e
consagrar-se em paz no serviço incessante é
formula ideal para libertar-se de todas as
algemas, pois que, na aquisição de bênçãos para
o Espírito e no auxílio espontâneo à vida que
nos cerca, refletiremos sempre a Esfera
Superior, avançando, por fim, da cegueira mental
para a divina luz da Divina Visão”.