O leitor Carlos Augusto Benedetti enviou à revista a
mensagem abaixo:
Li num site espírita um artigo que se refere, de modo
superficial, a um texto em que o autor, cujo nome não
foi mencionado, diz que o futuro da humanidade se
resumiria a cinco alternativas, nada mais do que isso.
Quais são essas alternativas? Onde posso encontrar algo
sobre o assunto?
O autor, cujo nome não foi mencionado pelo leitor, é
Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita, que
tratou do assunto em um texto intitulado
As cinco alternativas da humanidade,
que integra a Primeira Parte do livro Obras
Póstumas,
publicado anos depois do seu falecimento.
Nas palavras abaixo, apresentamos uma síntese do
pensamento emitido pelo codificador do Espiritismo.
As opiniões sobre o futuro do homem, após encerrada a
existência corpórea, resumem-se a cinco alternativas
principais. Certamente pode haver outras, mas cinco
apresentam-se como as mais relevantes – as que resultam
das doutrinas do materialismo, do panteísmo,
do deísmo, do dogmatismo e do
Espiritismo.
De acordo com a doutrina materialista, a
inteligência do homem é uma propriedade da matéria; ela
nasce e morre com o organismo. O homem não é nada antes
nem depois da vida corpórea.
Segundo a corrente de pensamento dominante no
panteísmo, o princípio inteligente ou alma,
independente da matéria, é haurido no nascimento do todo
universal; individualiza-se em cada ser durante a vida
e, com a morte, retorna à massa comum, como as gotas de
chuva no oceano.
O deísmo compreende duas categorias bem distintas
de crentes: os deístas independentes e os
deístas providenciais. Os deístas independentes
creem em Deus; admitem todos os seus atributos como
criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerais
que regem o Universo, mas essas leis, uma vez criadas,
funcionam sozinhas e seu autor não se ocupa mais de
nada. As criaturas fazem o que querem ou o que podem,
sem que com isso se inquietem. Não existe a Providência;
não se ocupando Deus conosco, nada há a agradecer-lhe
nem a pedir-lhe.
Os deístas providenciais creem não só na
existência e no poder criador de Deus na origem das
coisas; creem também em sua intervenção incessante na
criação e a pedem, mas não admitem o culto exterior e o
dogmatismo atual.
De conformidade com as doutrinas dogmáticas –
entre as quais se insere o Catolicismo – a alma,
independente da matéria, é criada no nascimento de cada
ser; sobrevive e conserva a sua individualidade depois
da morte, mas sua sorte está, desde esse momento,
irrevogavelmente fixada; os seus progressos ulteriores
são nulos; ela será, consequentemente, por toda a
eternidade, intelectual e moralmente, o que era durante
a vida.
Sendo os maus condenados a castigos perpétuos e
irremissíveis no inferno, disso ressalta, para eles, a
inutilidade completa do arrependimento. Deus parece,
assim, recusar-se a lhes deixar a oportunidade de
reparar o mal que fizeram.
Segundo o Espiritismo, o princípio inteligente é
independente da matéria. A alma individual preexiste e
sobrevive ao corpo. É o mesmo o ponto de partida para
todas as almas, sem exceção nenhuma; todas são criadas
simples e ignorantes, e são submetidas ao progresso
indefinido. Nenhuma criatura é privilegiada ou
favorecida, mais do que as outras; os anjos são seres
chegados à perfeição depois de terem passado, como as
outras criaturas, por todos os graus da inferioridade.
As almas, ou Espíritos, progridem mais ou menos
rapidamente em virtude de seu livre-arbítrio, pelo seu
trabalho e sua boa vontade. A vida espiritual é a vida
normal; a vida corpórea é uma fase temporária da vida do
Espírito, durante a qual ele reveste, momentaneamente,
um envoltório material de que se despoja na morte. O
Espírito progride no estado corpóreo e no estado
espiritual. O estado corpóreo é necessário ao Espírito
até que ele atinja um certo grau de perfeição; nele se
desenvolve pelo trabalho a que está sujeito pelas suas
próprias necessidades, e adquire conhecimentos práticos
especiais. Sendo uma única existência corpórea
insuficiente para fazê-lo adquirir todas as perfeições,
retoma um corpo tão frequentemente quanto isso lhe seja
necessário e, a cada vez, a ele chega com o progresso
que alcançou em suas existências anteriores e na vida
espiritual.
Esperamos que estas explicações satisfaçam à expectativa
da pessoa que nos escreveu e dos nossos leitores em
geral.