Os talentos e sua utilização
Quando Jesus disse que é mais fácil um camelo passar
pelo fundo de uma agulha do que o rico entrar no reino
dos céus, ele não quis desacreditar os possuidores de
fortuna. Na verdade, o Mestre quis mostrar que, estando
mais sujeito às tentações que o poder do dinheiro
oferece, o rico dispõe, mais do que o pobre, dos meios
de fazer o bem, só que muitos não fazem.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo - FEB,
tradução de Guillon Ribeiro, Não se pode servir a Deus e
a Mamon -, há a seguinte nota de rodapé sobre a palavra
"camelo": "Esta arrojada figura pode parecer um pouco
forçada, pois que não se percebe que relação possa
existir entre um camelo e uma agulha. Acontece, no
entanto, que, em hebreu, a mesma palavra serve para
designar um camelo e um cabo. Na tradução,
deram-lhe o primeiro desses significados; mas é provável
que Jesus a tenha empregado com a outra significação. É,
pelo menos, mais natural".
Quanto ao pobre, ou o que nada tem de seu, ou o que vive
na miséria e na penúria, dá-se o inverso do que ocorre
com o rico. Este é sempre levado a excessos e, ao pobre,
restam as lamúrias, lamentações e até impropérios contra
Deus.
Todas as provas são difíceis, verdadeiros testes. Cabe
ao homem, através do seu livre-arbítrio, sair-se bem
delas. Analisando mais detalhadamente a prova da
riqueza, que desperta, muitas vezes, inveja aos que
pouco ou nada têm, diz O Evangelho segundo o
Espiritismo, no capítulo citado, item: A verdadeira
propriedade: "O homem só possui em plena propriedade
aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra
ao chegar e deixa ao partir, goza ele enquanto aqui
permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso,
não tem das suas riquezas a posse real, mas,
simplesmente, o usufruto. Que é então que ele possui?
Nada que é do uso do corpo; tudo o que é do uso da alma:
a inteligência, os conhecimentos, as qualidades
morais..."
Logo se vê que é uma infantilidade muito grande a do
homem que amealha fortuna ilicitamente, que quer sempre
mais e mais, que vive de se esnobar pelo que possui. Por
outro lado, infantil também é aquele que, por nada ter,
não se conforma com a sua situação e até lança mão de
meios escusos, para conseguir posses materiais.
Ainda no capítulo XVI de O Evangelho segundo o
Espiritismo, a parábola dos talentos mostra-nos como
devemos proceder, no aproveitamento dos dons que Deus
nos confiou, não agindo como o servo que recebeu o
talento e o enterrou, mas como o que recebeu cinco
talentos e o outro que recebeu dois talentos e
multiplicaram o dinheiro recebido.
Ricos e pobres, façamos bom uso dos talentos recebidos
de Deus. E seremos recebidos na Espiritualidade com
honras e glórias, que possibilitarão voos cada vez mais
altos ao nosso Espírito, na sua caminhada evolutiva.
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