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por José Lucas

 

Barbárie humana: dos EUA ao Oriente...


Um café, se faz favor”, pedi ao empregado que me veio servir à mesa da esplanada. Ao lado, a conversa em alta voz (um mau hábito, recorrente, com esta história dos telemóveis) entre dois homens, na casa dos 45 anos. Discutiam a questão em voga dos migrantes africanos, sírios, afegãos, mexicanos etc.….

Um deles (vamos chamar o Sr. A), bem nutrido (a barriguinha fazia a chamada “curva da felicidade” nos homens), bem-vestido, sentado numa esplanada num país em paz, onde o calor trazia um ar de Verão, do alto do seu “bem-estar” vociferou: “essa cambada, se fosse eu que mandasse, ia a nado para casa, nem sabemos se são terroristas ou não…”. O colega de mesa (vamos chamar o Sr. B) parecia ser menos reativo, mais habituado a medir as palavras e / ou os conceitos. Tinha aquilo a que se chama o ar de “boa pessoa”. O Sr. B falava de um modo diferente, falava dos direitos humanos e tentava esclarecer o amigo, tentando que ele se colocasse na posição dos migrantes. “E se fosses tu, pá?”… “E se fosses tu a tentar entrar nos EUA em busca de uma vida melhor e te tirassem os filhos menores para serem ‘presos’ longe de ti, juntamente com mais de 1.000 (mil) crianças?”

O Sr. A disparou logo: “isso é problema deles, que se amanhem, não venham é cá estragar o que é nosso”.

Confesso que fiquei um pouco nauseado, não pelo café que tinha acabado de beber, saboroso, mas por aquela dose auditiva de veneno tóxico que recebera – o egoísmo feroz.

Meditando no que tenho aprendido com a Doutrina dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina Espírita), senti-me mais aliviado por as minhas ondas mentais calcorrearem caminhos diferentes, caminhos de compreensão, fraternidade, irmandade universal, pese embora os muitos defeitos que ainda carrego.

Fiquei mais calmo… como que uma voz, mentalmente, me questionava: “será que aquele egoísta feroz tem o conhecimento da imortalidade do Espírito? Será que ele sabe que vai voltar à Terra, as vezes que forem necessárias, para evoluir espiritual e intelectualmente, em novos corpos (reencarnação)? Será que ele conhece a lei de causa e efeito, onde cada um colhe o que semeia (nesta vida e nas seguintes)?”

Fazer ao próximo o que desejamos para nós é a medida do bem-estar e da felicidade interior.

Pois é, pensei cá com os meus botões, ele não deve saber, não deve ter conhecimento que lhe permita pensar de maneira mais fraterna…

E aqueles que, tendo esse conhecimento, pensam e agem da mesma maneira? 
Esses são mais autorresponsáveis, moralmente falando…

Apeteceu-me entrar na conversa e dizer ao Sr. A: “Sabe por que você não é feliz? Porque o egoísmo é a mãe de todos os nossos vícios e, enquanto não nos libertarmos desse vício, entendendo a vida de modo holístico, não seremos felizes. Enquanto não fizermos ao próximo o que desejamos para nós, não teremos paz interior e exterior. Enquanto não nos conseguirmos colocar no lugar dos outros, não seremos felizes”.

Mas não era oportuno meter-me na conversa alheia.

Paguei o café, estava a ler o Jornal de Espiritismo, deixei-o em cima da mesa, na esperança que ele desse uma vista de olhos no jornal ali “esquecido”…

No livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”, um dos capítulos fala das qualidades do Homem de Bem.

Fui-me embora a meditar nesse belo texto, que serve de roteiro luminoso para a nossa evolução intelectual e moral, para o nosso bem-estar…

Como queremos o mundo em paz se as leis dos Homens estão tão longe das leis divinas ou lei natural?

Como queremos paz se fomentamos a guerra no nosso quotidiano, nas conversas com termos belicosos, nas leituras e programas de TV escandalosos, nas atitudes e reações agressivas, sem entendermos que o Amor é a grande estrada da evolução, como diz um amigo meu?

Por isso não somos (ainda) felizes, mas podemos mudar… quando quisermos, já hoje!

 



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita