Cá e lá
Cada criatura na Terra permanece na linha de
conhecimento e mérito em que se coloca, e, no Além, cada
Espírito se encontra no degrau evolutivo que já
conquistou.
O túmulo é mera passagem para a renovação, tanto quanto
o berçário é apenas recurso de volta ao aprendizado.
Nascimento e morte se completam por estágios no caminho
da vida infinita.
Existem homens, partindo para o Mundo Maior, carregando
consigo todo um purgatório de revolta e desencanto, e há
quem volte do Plano Espiritual ao campo terrestre,
trazendo no próprio ser todo um turbilhão de desespero.
Em razão disso, vemos no mundo infantil comovedores
quadros de angústia que somente a chave da reencarnação
consegue compreender.
Nas rendas do berço, há minúsculos rostos que as úlceras
consomem e, em plena meninice, corpos tenros sofrem
mutilação e enfermidade.
Almas que ainda conservam, nas fibras mais íntimas, o
braseiro da rebelião e a cinza da amargura, retomam o
veículo físico em aflitivas condições, requisitando
comiseração e socorro.
Outras, nos primeiros dias da existência terrestre,
revelam nos gestos mais simples o ressentimento e o
azedume que herdaram do próprio passado delituoso.
Entendendo a realidade da vida imperecível que nos rege
os destinos recebamos, na criança de hoje, em pleno
mundo físico, o companheiro do pretérito que nos bate à
porta do coração, suplicando reajuste e socorro.
Lembremo-nos de que, mais tarde, provavelmente, chegará
nossa vez de implorar o auxílio daqueles que nos
deixaram na retaguarda e façamos pela infância de agora
o melhor que pudermos.
Estendamos a luz da educação e do amor, diminuindo as
sombras da penúria e da ignorância.
É possível que nossos filhos de hoje sejam nossos
avoengos de ontem. Com eles, talvez tenhamos assumido
graves compromissos diante da Lei. Por esse motivo,
irmanados uns aos outros, amparemo-nos reciprocamente,
compreendendo que, muito possivelmente, eles próprios
ser-nos-ão os instrutores e os parentes mais íntimos de
amanhã.
Do livro Família, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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