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por Rodinei Moura

 

A necessidade de Kardec
 

Estudar o Espiritismo é necessariamente estudar Kardec. Ou melhor dizendo, estudar as obras básicas desta doutrina codificada pelo Professor Rivail, que adotou o pseudônimo de Allan Kardec para que sua obra com a doutrina espírita não se confundisse com sua obra de pedagogo, anterior à codificação. Inclusive, como podemos constatar na introdução de O livro dos Espíritos, o codificador teve o cuidado de usar uma expressão nova, Espiritismo, para designar algo novo, mais uma vez se preocupando com uma possível confusão.
Podemos concluir disso que a preocupação de Kardec não era que ele estivesse em evidência. Mas sim a doutrina que tanto conforto tem oferecido a quem a busque. 
Pois bem, é muito comum na atualidade Kardec e as obras básicas serem esquecidos na casa espírita, que é o lugar responsável, em primeira mão, pela divulgação da doutrina dos Espíritos. E o Espiritismo corre um grande risco de descambar para uma doutrina mística e de achismo. Urge que façamos que o protagonista seja novamente o Cristo, incentivando, para isso, o estudo sério da doutrina, que é, aliás, o segundo mandamento espírita contido em O Evangelho segundo O Espiritismo: Instruir-vos.

Nas sagradas escrituras, buscando o espírito além das palavras, em João 3:30, vamos encontrar a seguinte referência: "É preciso que o Cristo cresça e que eu diminua". Numa conversa entre João Batista e alguns daqueles que viam Jesus praticar o batismo, ele afirma que Jesus, ou ainda, a mensagem de Jesus, é que deveria prevalecer. 

As obras básicas de Allan Kardec são o conjunto das respostas dos Espíritos responsáveis pela codificação do Espiritismo sob a supervisão de Jesus. Elas, e não os guias espirituais, é que devem ser buscadas quando temos alguma dúvida sobre o que preconiza o Espiritismo. Portanto, é de extrema importância que aquele que se propõe a divulgar a doutrina espírita tenha o cuidado de citar as fontes de suas citações em palestras ou artigos. Para que quem ouça ou leia possa ir buscar, inclusive, o contexto em que tal ou qual citação foi feita. 

O conhecimento liberta. Conhecereis a verdade e ela vos libertará, disse Jesus. O conhecimento espírita tem, com muito mais propriedade, essa função, já que não é feito de alegorias. Mas vem explicar aquilo que foi dito pelo Cristo em parábolas numa época em que as pessoas não estavam preparadas para tais ensinamentos de forma clara. 

A doutrina espírita não tem sacerdotes e nem dá exclusividades a ninguém sobre sua divulgação, já que nos ensina que nós fomos criados simples e ignorantes e somos nós mesmos os responsáveis pelas nossas conquistas morais e intelectuais. O que forma nossa individualidade, mas que, ao mesmo tempo, nos dá mais responsabilidades. Essa doutrina também nos deixa bem claro que devemos respeitar o livre-arbítrio de cada companheiro de jornada. 

Mas toda vez que tentamos manipular de alguma forma a divulgação da doutrina ou chamar a atenção para nós, simples instrumentos da espiritualidade, corremos o risco de desrespeitar nossos irmãos e prestamos um grande desserviço à divulgação em questão. Assim como corremos o risco de cair na obsessão identificada por Allan Kardec por Fascinação. 

E já que o foco da doutrina espírita deve ser primeiramente em nós mesmos, em nossa melhora íntima, a pergunta que devemos nos fazer constantemente, com muita calma e refletindo com ainda mais cuidado sobre a resposta, é: estou me comportando como instrumento do Cristo ou como alguém que se acha um Espírito superior. A nossa consciência quando consultada com sinceridade nos mostrará, não se, mas onde devemos melhorar. Pois não há dúvida quanto à existência dessa necessidade em nós.




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita