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por Lillian Rosendo

 

Na rota da Lei     


“A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se afasta.”1


Nascemos livres, e em uma sociedade que prima pela execução das Leis, da preservação da vida, da liberdade e, da propriedade, há o sentido de organização, fluidez e progresso.

A Lei natural, segundo São Tomás de Aquino, são as leis descobertas pela razão. Raciocinar corretamente é chegar à Lei eterna.2

Allan Kardec questiona aos Espíritos superiores se Deus facultou aos homens os meios de conhecer a lei natural e obteve a resposta de que todos podem conhecer, mas nem todos a compreendem, aqueles que decidem investigá-la são o que melhor a compreendem, e que um dia todos compreenderão, pois nisto consiste o progresso. 3

São Tomás de Aquino continua seu pensamento em que a lei natural é a participação do ser racional na Lei eterna, a lei eterna é a lei divina; é eterna e perfeita.

Na codificação kardequiana, aprendemos que a lei divina é eterna, imutável (como o próprio Deus), perfeita, igual para todos, inscrita na consciência dos homens e revelada em todos os tempos (de acordo com a capacidade e compreensão dos homens).

São Tomás de Aquino influencia com sua filosofia os aspectos da base ético-jurídica, no mundo material, e na relação com o entendimento da observância da lei natural.

Remontando aos primórdios, os egípcios antigos por volta de 5 mil anos A.C. sistematizaram preceitos religiosos intercalados com artigos de natureza civil e penal e foi codificado o Livro dos Mortos.

Os sistemas mais antigos são dos povos do Oriente Médio e o mais importante é o código de Hamurabi, com 282 leis que reunia várias decisões legais, sendo desenvolvido pelo reinado de Hamurabi.4

As leis são educadoras, norteiam os procederes, freiam os impulsos punindo quem infringe, leis humanas imperfeitas, ainda parciais, equivocadas e aplicadas de forma desigual.

Jesus Cristo ensina a um doutor da lei sobre o maior mandamento da lei, sintetizando os dez mandamentos, Amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos5. Como agimos em família e em sociedade exprime em qual pé está esse amor.

Paulo, em sua carta aos hebreus,6 nos alerta que estamos sob nuvens de testemunhas, mas o que faríamos se ninguém estivesse nos observando?

Nasce-se livre e essa liberdade significa ser quem realmente é, independentemente, com as limitações e virtudes de sua construção, respeitando da mesma forma como o seu semelhante é. Como seríamos como nos comportaríamos, se não fôssemos regidos pelas leis humanas e divinas, agiríamos de modo a fazer ao outro o que gostaríamos que nos fosse feito?

O progresso moral, o motivo de estarmos no planeta, está muito lento, as ações equivocadas, justificadas, dificultam a marcha. A natureza não dá saltos, é verdade, mas há dois mil anos a exemplificação e o ensinamento foram disponibilizados. O chamamento é para entender se a transformação interior é genuína, ou temerária daquelas nuvens de testemunhas e das consequências além-túmulo. Imaginemos uma situação em que ficássemos sem energia elétrica, comida e água, como agiríamos, quais leis nos segurariam?

Em nossa consciência estão gravadas as leis divinas e sempre temos uma intuição/inspiração sobre os atos que estamos prestes a cometer, tanto nas pequenas como nas grandes coisas, apelamos à misericórdia divina que é infinita, mas não devemos nos valer dessa condição, como aquela criança irresponsável que continua desobedecendo, sabendo que será perdoada pelos pais, mas, à medida que se confronta com as consequências, se torna um adulto estagnado e amargurado.

O momento que vivemos é uma oportunidade de reconhecer nossa essência e agradecer por ter experimentado tantas faces de si mesmo, de se conectar consigo e se desligar das efemeridades, das distrações prejudiciais.

A felicidade não é deste mundo, assim como a paz, ambas estão no mesmo patamar. Enquanto estamos neste estágio, neste mundo, ensaiamos como conquistar a felicidade e a paz e não há outra forma de não nos ajustarmos com as leis de amor e caridade.

Reconhecer a missão do Cristo em nos educar, e seguir o seu caminho a sua verdade, é se esforçar em cumprir seu maior mandamento.

 

Referências bibliográficas:

Kardec, A, O Livro dos Espíritos. Das Leis Morais. Da lei divina ou natural - questão 614.

2 Ariane Medeiros Teixeira.  O direito na filosofia de São Tomás de Aquino. Para acessar, clique aqui. Acesso em: 29 nov. 2020.

3 Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Das Leis Morais. Conhecimento da lei natural. Questão 619.

4 Redação. O ser humano precisou criar regras para resolver conflitos. Para acessar, clique aqui-2 >Acesso em 29 nov. 2020.

BIBLIA. Mateus 22:37.

6 BIBLIA. Hebreus 12:1.



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita