A busca por melhores práticas na
casa espírita
Considero chato e desagradável ficar tecendo
regras ou críticas, porém, algumas coisas
precisam ser reforçadas e nem só de simpatia,
amor e caridade se faz o mundo, os chatos são
necessários, e eis que me coloco, agora, na
posição de chato, de alguém que irá tecer
algumas palavras críticas ao movimento espírita.
Por conta do contato que estabeleci ao longo dos
anos dentro do Espiritismo, fiz muitos amigos
que aumentaram em quantidade por conta das redes
sociais. Então, com frequência recebo e-mails e
mensagens desses amigos a relatar o que ocorre
nos centros espíritas que frequentam.
Percebe-se o belo trabalho realizado pelos
espíritas, todavia, percebe-se, também, que este
trabalho carece, como tudo na vida, de análises
para que se possa adotar, tanto quanto possível,
as melhores práticas.
E um dos pontos que nós espíritas devemos
refletir é o nível de conhecimento doutrinário
que temos e o que está sendo ensinado nos
centros espíritas, principalmente no que se
refere ao acolhimento de quem chega pela
primeira vez ao centro espírita.
O que quero dizer com isto?
Quero dizer que boa vontade para recepcionar as
pessoas é muito bom, mas que só boa vontade não
resolve o problema. Às vezes, infelizmente, boa
vontade sem conhecimento acaba sendo muito
prejudicial para quem chega às portas do centro
espírita pela primeira vez.
Vamos aos casos:
Caso 1 - Relatou-me um amigo que ao chegar ao
centro espírita e falar de suas dificuldades,
angústias e incertezas, foi orientado por quem o
recebeu no centro espírita de que suas dores
eram por conta de inimigos de vidas passadas,
que ele deveria tomar muito cuidado com os
obsessores, que suas formas pensamentos poderiam
estar atrapalhando sua vida.
Caso 2 – Disse uma amiga que chegou ao centro
espírita com crises de ansiedade e ao falar de
seu problema foi desaconselhada a buscar o
tratamento médico convencional.
Vamos ao comentário referente ao primeiro caso:
Caso 1: Nenhum dirigente, médium, escritor,
orador ou quem quer que seja tem autoridade para
falar, com segurança, se o caso de A, B ou C
trata-se de interferência de inimigos do
passado. Claro que podemos ter inimigos do
passado, contudo, é impossível alguém saber
disso com precisão sem conhecer todo o histórico
espiritual da pessoa. Portanto, eis a razão pela
qual eu disse, acima, que não há quem, de fato,
tenha esse conhecimento assim tão cristalino. Em
verdade, informações deste tipo causam mais mal
do que bem às pessoas, pois deixam-nas
impressionadas e suscetíveis a considerar que
todo mal que lhes acomete tenha gênese na
obsessão, o que está bem longe de ser verdade.
Vamos ao comentário pertinente ao segundo caso:
Caso 2: Já falamos em diversas oportunidades que
os problemas devem ser tratados em três níveis:
A – Medicina convencional.
B – Busca de terapia, ir ao psicólogo é muito
bom.
C – Tratamento espiritual.
Essas áreas do conhecimento dialogam entre si e
podem oferecer a quem necessita de ajuda grandes
oportunidades de encontrar uma luz em seu
próprio túnel existencial. Deixar qualquer uma
delas de lado é renunciar a um tratamento
eficaz.
Diante de tudo isso, propomos que os centros
espíritas devem buscar meios de capacitar melhor
seus dirigentes e, após isto, oferecer
capacitações a seus trabalhadores e voluntários,
posto que todos lidam com as dores humanas, e
para lidar com a dor humana é necessário estar
em constante capacitação, fazendo a conexão
entre o que ensina o Espiritismo e as realidades
do mundo contemporâneo, posto que o Espiritismo
dialoga com a ciência e não abre mão dos
conhecimentos científicos, que são sempre
bem-vindos aos trabalhadores espíritas.
Eis, amigos, algumas impressões que temos
colhido no contato com pessoas que nos procuram
e, sem qualquer atitude de prepotência, pois que
nos colocamos também à mercê do estudo constante
e da busca por melhores práticas. Assim é que
trazemos, aqui, essas lições para que
reflitamos, todos.