Certa ocasião em que estava sendo entrevistado por Elias
Barbosa, Chico Xavier lembrou-se de um escritor de
renome que lhe foi solidário em relação à mediunidade e
ao Espiritismo. Era o poeta Olegário Mariano. Contou que
estava trabalhando em uma das exposições pecuárias da
cidade de Leopoldina, na Zona da Mata, quando ele foi
vê-lo na mesa de serviço em que se encontrava. Expressou
simpatia para com a situação do médium e disse saber
como ele (Chico) se encontrara pela primeira vez com o
Espírito Humberto de Campos, em 1935, através da leitura
de uma carta escrita a Manoel Quintão sobre o assunto e
que foi publicada em “Reformador”, órgão da FEB, no ano
citado.
Chico disse então que ficou admirado de que Olegário Mariano
guardasse a notícia de memória, acrescentando que ficou devendo
ao poeta sincero agradecimento pelo respeito com que se referiu
ao Espiritismo e à mediunidade.
Eis a carta que Chico Xavier escreveu a Manoel Quintão:
Pedro Leopoldo, 30-3-1935.
Bondoso amigo Sr. M. Quintão
Saudações, com os meus votos de paz.
Não sei se o amigo recebeu a minha última carta, mas mesmo sem
saber se o estou aborrecendo, envio-lhe outra, acompanhada de
duas produções mediúnicas recebidas por mim nesta semana.
Peço-lhe a sua opinião muito franca sobre elas, desejando que me
escreva em breves dias. Há mais de um mês tive um sonho
engraçado. Sonhei que uma pessoa me apresentou Humberto de
Campos, num lugar de céu muito azul e brilhante e no chão havia
uma espécie de vegetações que não me deixava ver a Terra. Não vi
casa alguma. O que me impressionou mais é que as pessoas que eu
via estavam sob uma árvore muito grande e tão branca que, quando
o sol batia nas suas frondes de folhas muito delgadas, parecia
uma grande árvore de cristal. Ele veio então ao meu lado e me
estendeu a mão com bondade, dizendo “Você é o menino do
Parnaso?” Disse-me mais coisas das quais não posso me recordar.
Que diz o amigo de tudo isto? Seria a minha imaginação? Não sei.
Em todo o caso, mando estas páginas para o senhor ler. Estão
certas as citações? Sem mais, esperando carta sua, espera as
suas desculpas o amigo e menor criado às ordens
Francisco Cândido Xavier.
Do livro No mundo de Chico Xavier, de
Elias Barbosa.
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