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por Jorge Leite de Oliveira

 

Educação holística


Durante minha caminhada com a esposa, no final da tarde, um senhor passou por nós e, logo adiante, encontrou alguns amigos com os quais conversou rapidamente. Então, ficamos sabendo que ele é  professor da UnB. Lembrei-me, na hora, dum debate sobre a pedagogia das virtudes, transmitido pelo canal Supren, n.º 002 em Brasília, entre três ilustres cidadãos: dois ex-reitores da UnB, um deles senador, e um ex-presidente do STF.

Não me lembro qual deles defendeu sua tese de que a ideologia não pode ser afastada da educação. Então pensei: qual ideologia? Se cada governo que defenda certa ideologia implantá-la na formação intelectual dos alunos, essas crianças e jovens crescerão acreditando nisso e uma catástrofe humanitária poderá advir de sua implantação definitiva, em prejuízo de todas as ideologias contrárias à dominante, sufocadas por esta.

De novo, pensei: por que não se propor uma educação holística, em que as ciências humanas e naturais sejam trabalhadas no aspecto global? No holismo, o modo de ver cada ser integra-se ao da visão do mundo como um todo. Mudança e evolução são conceitos holísticos respaldados pelos Espíritos. Enfatizam a harmonia entre todos os seres com a natureza e, consequentemente, a felicidade e a alegria de viver.

Atualmente, a medicina está voltada para o tratamento dos pacientes como um todo, ou seja, nos aspectos físico, emocional, psíquico e espiritual. Corpo, mente e espírito, na filosofia holística, fazem parte de todo ser humano; assim como cada ser faz parte do organismo social.

No Espiritismo, aprendemos que há, além de Deus, inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas, dois elementos gerais no Universo: espírito e matéria (questão n.º 27 d’O Livro dos Espíritos). A vida real, entretanto, é a do espírito. Daí a importância da educação com ênfase no aspecto espiritual citada por um professor de psicologia nesse mesmo canal. Esse pedagogo citou três aspectos importantes no ensino: estado interno, foco e interação com os aprendizes, destacando que, na realidade, “ninguém ensina ninguém”, um conceito de Paulo Freire. O professor deve ser, antes de tudo, um facilitador do conhecimento, disse aquele.

O foco na aula entendemos como abstração de tudo aquilo que nos desvie a atenção do conteúdo e seja negativo. Isso também é fundamental para que haja boa interação entre os envolvidos no ensino aprendizagem. Mas o que seria o estado interno do pedagogo, segundo a proposta da pedagogia das virtudes? Acredito que seja a alegria em compartilhar o conhecimento com respeito pelo aluno e suas ideias, ainda que estejam patentemente equivocadas, e a proposta para que seu pensamento seja direcionado às opções globais consideradas ideais, mas não ideológicas, não cerceadoras, limitadoras, intimidativas...

Como exemplo de educação holística, nossas atitudes ante as manifestações da religião e da filosofia devem basear-se no respeito à diversidade cultural; na medicina (ciência não exata), respeito às teorias e procedimentos propostos pelas diversas escolas; nas ciências exatas, respeito e acatamento do que está comprovado; nas artes: respeito ao gosto de cada um e valorização de todos em relação às suas preferências; nos idiomas: respeito às tradições e aos processos naturais de evolução linguística, sem criações artificiais que visem a favorecer um grupo considerado minoritário ou a uma ideologia em especial; nos esportes: respeito às aptidões e gostos de todos; na política: respeito ao direito de manifestação das oposições; nas comunicações oficiais: respeito e tratamento equânime das opiniões, com a escuta e divulgação de ambos os lados duma questão, sem envolvimento emocional do apresentador do programa ou entrevistador...

Em suma: na educação holística, tudo começa pelo respeito, sem imposições e violência às consciências individuais e coletivas. Paz e luz!


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita