Educação holística
Durante minha caminhada com a esposa, no final da tarde,
um senhor passou por nós e, logo adiante, encontrou
alguns amigos com os quais conversou rapidamente. Então,
ficamos sabendo que ele é professor da UnB. Lembrei-me,
na hora, dum debate sobre a pedagogia das virtudes,
transmitido pelo canal Supren, n.º 002 em Brasília,
entre três ilustres cidadãos: dois ex-reitores da UnB,
um deles senador, e um ex-presidente do STF.
Não me lembro qual deles defendeu sua tese de que a
ideologia não pode ser afastada da educação. Então
pensei: qual ideologia? Se cada governo que defenda
certa ideologia implantá-la na formação intelectual dos
alunos, essas crianças e jovens crescerão acreditando
nisso e uma catástrofe humanitária poderá advir de sua
implantação definitiva, em prejuízo de todas as
ideologias contrárias à dominante, sufocadas por esta.
De novo, pensei: por que não se propor uma educação
holística, em que as ciências humanas e naturais sejam
trabalhadas no aspecto global? No holismo, o modo de ver
cada ser integra-se ao da visão do mundo como um todo.
Mudança e evolução são conceitos holísticos respaldados
pelos Espíritos. Enfatizam a harmonia entre todos os
seres com a natureza e, consequentemente, a felicidade e
a alegria de viver.
Atualmente, a medicina está voltada para o tratamento
dos pacientes como um todo, ou seja, nos aspectos
físico, emocional, psíquico e espiritual. Corpo, mente e
espírito, na filosofia holística, fazem parte de todo
ser humano; assim como cada ser faz parte do organismo
social.
No Espiritismo, aprendemos que há, além de Deus,
inteligência suprema e causa primeira de todas as
coisas, dois elementos gerais no Universo: espírito e
matéria (questão n.º 27 d’O Livro dos Espíritos).
A vida real, entretanto, é a do espírito. Daí a
importância da educação com ênfase no aspecto espiritual
citada por um professor de psicologia nesse mesmo canal.
Esse pedagogo citou três aspectos importantes no ensino:
estado interno, foco e interação com os aprendizes,
destacando que, na realidade, “ninguém ensina ninguém”,
um conceito de Paulo Freire. O professor deve ser, antes
de tudo, um facilitador do conhecimento, disse aquele.
O foco na aula entendemos como abstração de tudo aquilo
que nos desvie a atenção do conteúdo e seja negativo.
Isso também é fundamental para que haja boa interação
entre os envolvidos no ensino aprendizagem. Mas o que
seria o estado interno do pedagogo, segundo a
proposta da pedagogia das virtudes? Acredito que seja a
alegria em compartilhar o conhecimento com respeito pelo
aluno e suas ideias, ainda que estejam patentemente
equivocadas, e a proposta para que seu pensamento seja
direcionado às opções globais consideradas ideais, mas
não ideológicas, não cerceadoras, limitadoras,
intimidativas...
Como exemplo de educação holística, nossas atitudes ante
as manifestações da religião e da filosofia devem
basear-se no respeito à diversidade cultural; na
medicina (ciência não exata), respeito às teorias e
procedimentos propostos pelas diversas escolas; nas
ciências exatas, respeito e acatamento do que está
comprovado; nas artes: respeito ao gosto de cada um e
valorização de todos em relação às suas preferências;
nos idiomas: respeito às tradições e aos processos
naturais de evolução linguística, sem criações
artificiais que visem a favorecer um grupo considerado
minoritário ou a uma ideologia em especial; nos
esportes: respeito às aptidões e gostos de todos; na
política: respeito ao direito de manifestação das
oposições; nas comunicações oficiais: respeito e
tratamento equânime das opiniões, com a escuta e
divulgação de ambos os lados duma questão, sem
envolvimento emocional do apresentador do programa ou
entrevistador...
Em suma: na educação holística, tudo começa pelo
respeito, sem imposições e violência às consciências
individuais e coletivas. Paz e luz!
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