O
Evangelho:
sentimento e
vida
O movimento
espírita tem
assistido nos
últimos tempos a
um grande fluxo
de palestras,
livros e vídeos
trazendo
valiosas quanto
oportunas
informações
sobre o
Evangelho, seja
do ponto de
vista histórico,
interpretativo
ou doutrinário,
e não poderíamos
deixar de
reconhecer a
validade desses
estudos, pois o
enriquecimento
cultural é
sempre
importante.
Diante desse
manancial
intelectual,
permitimo-nos
indagar sobre a
vivência das
lições
evangélicas, ou
seja, estamos
colocando em
prática as
sublimes lições
de Jesus, ou
estamos nos
deixando levar
pelo acumulo de
conhecimentos,
sem, de fato,
vivenciar com o
nosso próximo e
com a
coletividade o
amor, a
caridade, a
solidariedade?
Para melhor
compreensão do
tema e sua
importância,
recordamos
episódio
ocorrido em
reunião do grupo
de estudo do
Espiritismo do
qual fazemos
parte, quando
uma senhora
assídua aos
estudos,
cooperadora das
atividades,
relatou problema
que estava tendo
com um dos seus
vizinhos. Nesse
relato, afirmou
que se se
encontrasse com
ele na rua, iria
tirar
satisfações,
podendo até
dar-lhe uma
surra, e que
para resolver o
problema abriria
um processo na
justiça.
Ponderamos
quanto à
necessidade do
diálogo e da
vivência das
lições que
estudávamos,
pois que adianta
saber a teoria
se na prática
não a
utilizamos? O
fato serviu para
um debate geral
que, cremos, foi
muito útil.
Como vemos,
muitas vezes as
lições que
estudamos e que,
em princípio,
entendemos e
aceitamos, não
nos afetam como
deveriam, não
nos transformam,
não fazem com
que mudemos
nossos hábitos,
nossa maneira de
ser, apesar de
nos
maravilharmos
com o Evangelho
à luz da
imortalidade da
alma. Isso
acontece porque
mantemos essas
lições no nível
de teoria, de
conhecimento;
então nem o
Evangelho, nem o
Espiritismo,
fazem diferença.
Recordamos outro
episódio, quando
no grupo
espírita
estudávamos
determinado
assunto, e um
dos
participantes
disse enfático:
“Eu concordo com
o Espiritismo,
mas na minha
opinião...”.
Como podemos
perceber, há uma
grande
contradição
nessa frase. Se
concordamos com
o entendimento
espírita, como
podemos manter
um entendimento
pessoal
contrário? É a
mesma questão
quando, apesar
das leituras,
estudos e
atividades na
instituição
espírita,
mantemos nossa
zona de
conforto, ou
seja, nossos
hábitos, nossos
vícios, nossos
pensamentos,
pouca coisa
mudando no nosso
comportamento,
nas nossas
opiniões. Como
muito bem
classifica Allan
Kardec, temos aí
o espírita não
verdadeiro.
O conhecimento é
importante, já o
intelectualismo
pode ser
prejudicial
quando não
equilibrado com
o sentimento,
quando não é
acompanhado pela
vivência daquilo
que se conhece.
Podemos saber
muito sobre o
Evangelho, mas
isso não garante
nossa
transformação
moral, não é
sinônimo de
espiritualização,
nem mesmo
significa que
não manteremos
opiniões
pessoais que se
distanciam dos
princípios
espíritas.
Diz-nos Allan
Kardec que se
reconhece o
verdadeiro
espírita pelos
esforços que faz
para transformar
suas más
tendências, e
isso não se faz
apenas com
acúmulo de
conhecimentos, e
sim com o
esforço diário,
constante, de
amar o próximo,
de fazer a
caridade, de
controlar os
próprios
impulsos, ou
seja, com o
esforço de
colocar em
prática as
lições de Jesus,
o Mestre dos
mestres, o
espírito mais
perfeito que
Deus concedeu ao
homem conhecer.
A humanidade
passa por
momento
delicado, em que
o materialismo e
o sensualismo se
levantam em
defesa de suas
posições, mas é
chegada a hora
de os bons
deixarem a
timidez de lado
e enfrentarem
com coragem a
necessidade de
espiritualização
da sociedade
humana, que só
pode acontecer
com a
espiritualização
dos indivíduos,
o que o
Evangelho veio
propor com o
amai-vos uns aos
outros e com o
fazer ao próximo
somente o que
queremos que o
próximo nos
faça. E o
Espiritismo,
trazendo a
imortalidade da
alma e a
reencarnação,
veio facilitar
esse trabalho,
para que o amor
não seja letra
morta, mas sim o
espírito que
vivifica.
Se o estudo é
importante, se o
conhecimento é
necessário, a
vivência do que
se estuda e
conhece é ainda
mais importante,
é essencial. Com
essa visão, o
Espírito da
Verdade
proclamou a nós
espíritas:
Amai-vos, eis o
primeiro
mandamento;
instruí-vos, eis
o segundo. Será
que,
perigosamente,
não estamos
invertendo a
proclamação
enfática,
incisiva, desse
sublime
espírito,
coordenador da
implantação no
mundo da
terceira
revelação?
Estudemos, sim,
pois conhecer o
Evangelho e o
Espiritismo é
muito
importante, mas
é essencial,
fundamental, que
sejamos exemplo,
modelo do que
compreendemos e
apreendemos como
o melhor para
nossa vida e
para a
coletividade.
Teoria sem
prática é igual
a fé sem obras,
lembremo-nos
disso.
Marcus De Mario
é educador,
escritor e
palestrante.
Coordena o Seara
de Luz, grupo de
estudo on-line
do Espiritismo.
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