Aspectos
da fé
No capítulo XIX (A fé
que transporta
montanhas) de O
Evangelho Segundo o
Espiritismo, Allan
Kardec define a fé como
a confiança que se
deposita na realização
de uma determinada
coisa, a certeza de se
atingir um objetivo.
Em relação à religião,
"Fé é a crença nos
dogmas particulares que
constituem as diferentes
religiões, e todas elas
têm o seu artigo de fé.
Nesse sentido, a fé pode
ser raciocinada ou
cega". A fé raciocinada
baseia-se na compreensão
dos fatos e da lógica,
ao passo que a fé
cega quase sempre conduz
ao fanatismo, pois nada
examina, aceita o falso
e o verdadeiro, não
admite a compreensão, o
raciocínio nem o
livre-arbítrio.
Allan Kardec classifica
a fé em humana e divina,
conforme a aplicação que
o homem dê às suas
necessidades terrenas ou
às aspirações celestes e
futuras. O Codificador é
enfático: "Se todas as
criaturas encarnadas
estivessem
suficientemente
persuadidas da força que
trazem consigo, e se
quisessem pôr a sua
vontade a serviço dessa
força, seriam capazes de
realizar o que até hoje
chamais de prodígios e
que é simplesmente o
desenvolvimento das
faculdades humanas".
No item 11 do mesmo
capítulo do Evangelho,
a comunicação do
Espírito José diz: "Para
ser proveitosa, a fé tem
de ser ativa; não deve
entorpecer-se. Mãe de
todas as virtudes que
conduzem a Deus,
cumpre-lhe velar
atentamente pelo
desenvolvimento dos
filhos que gerou".
"Inspiração divina, a fé
desperta todos os
instintos nobres que
encaminham o homem para
o bem. É a base da
regeneração. Preciso é,
pois, que essa base seja
forte e durável,
porquanto, se a mais
ligeira dúvida a abalar,
que será do edifício que
sobre ela construirdes?
Levantai,
conseguintemente, esse
edifício sobre alicerces
inamovíveis. Seja mais
forte a vossa fé que os
sofismas e as zombarias
dos incrédulos, visto
que a fé que não afronta
o ridículo dos homens
não é fé verdadeira."
Que não se confunda fé
com presunção. A
presunção é menos fé do
que orgulho, e o orgulho
é sempre castigado, cedo
ou tarde, pela decepção
e pelos malogros que lhe
são infligidos. A
verdadeira fé está
aliada à humildade. Quem
a possui deposita mais
confiança em Deus que em
si próprio, pois sabe
que, sendo simples
instrumento da vontade
divina, nada pode sem
Deus. Por isso é que os
bons Espíritos sempre
lhe vêm em auxílio.
Por fim, lembremos esta
afirmação, constante do
item 7 do capítulo em
questão: "A fé
raciocinada, por se
apoiar nos fatos e na
lógica, nenhuma
obscuridade deixa. A
criatura então crê
porque tem certeza, e
ninguém tem certeza
senão porque
compreendeu. Eis porque
não se dobra. Fé inabalável
só é a que pode encarar
de frente a razão, em
todas as épocas da
Humanidade".
"A esse resultado conduz
o Espiritismo, pelo que
triunfa da
incredulidade, sempre
que não encontra
oposição sistemática e
interessada."
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