Assistencialismo
ou caridade?
Nossa sociedade
vem passando por
uma grande
transformação
socioeconômica,
nos levando a
questionar a
maneira correta
de ajudar as
pessoas
necessitadas.
A ideia de
caridade acaba
sendo confundida
com
assistencialismo
devido à crise
por que estamos
passando. Fica
difícil em
alguns momentos
realizar a
caridade e ao
mesmo tempo
promover um
esclarecimento,
de forma a
despertar nas
pessoas ajudadas
a
responsabilidade
individual de
procurar uma
alternativa para
as suas vidas.
O Espírito
Emmanuel no
livro Companheiro1,
psicografado por
Francisco
Cândido Xavier,
nos ensina:
“Quando
estiveres à
beira do
desalento
pergunta a ti
mesmo
se estás num
mundo em
construção ou se
estás numa
colônia de
férias.
“Não sofras
pensando nos
defeitos
alheios; os
outros são
espíritos,
quais nós
mesmos, em
preparação ou
tratamento para
a Vida Maior”.
A crise vivida
pelo nosso país
nos últimos anos
contribuiu para
um aumento
acentuado dos
moradores de rua
e das pessoas
situadas muito
abaixo da linha
da pobreza, ou
seja, da
miséria. Dessa
forma, em alguns
casos, existe a
urgência em se
realizar uma
distribuição de
alimentos aos
necessitados,
sem realizar
paralelamente um
trabalho de
conscientização
do contexto
social por meio
de uma equipe
com assistentes
sociais.
Isso nos faz
lembrar as
palavras do
sociólogo
Herbert de Souza, que
defendia, na
década de 1990,
a ideia de “quem
tem fome tem
pressa”.
Porém a ajuda
humanitária deve
ser acompanhada
de um trabalho
de integração do
cidadão ao
mercado de
trabalho, uma
ressocialização
das pessoas
abaixo da linha
da pobreza.
Existe uma
crítica muito
exacerbada com
relação ao
assistencialismo,
pois ele é
utilizado pelos
políticos numa
barganha pelos
votos, assim
como a maneira
que a
distribuição de
alimentos é
realizada, pois
não ajuda os
necessitados,
muito pelo
contrário, acaba
em alguns casos
gerando uma
relação de
dependência.
Sabemos que o
certo seria
realizar
previamente um
cadastro com as
famílias
necessitadas e,
através de um
trabalho
socioassistencial,
tentar ajudar
essas pessoas
reintegrando-as
na sociedade e
não simplesmente
distribuindo
alimentos.
Quando Chico
Xavier, em Pedro
Leopoldo, fazia
a distribuição
de cestas
básicas para as
pessoas da roça,
realizava uma
prece e a
leitura de uma
página do
Evangelho
debaixo do
abacateiro,
procurando
exortar a todos
à prática do bem
e ao exercício
da caridade.
Naquela época o
formato do
trabalho social
era muito
diferente do que
acontece hoje
nos grandes
centros urbanos,
onde existem
bolsões de
miséria que
parecem invisíveis aos
olhos dos
moradores e
principalmente
dos governantes.
Reflexo da
necessidade
reencarnatória e
provacional dos
grupos humanos
que vivem
próximos aos
centros urbanos.
Pessoas
invisíveis ao
nosso olhar, que
precisam receber
algum tipo de
ajuda. Dessa
forma, em alguns
momentos fica
difícil
estabelecer
normas ou
parâmetros para
distribuição de
alimentos no
formato do que
nós entendemos
como certo,
sendo obrigados
a realizar uma
ajuda pelo menos
até que a
situação de
necessidade seja
contornada.
Muitas casas
espíritas
procuram
cadastrar
famílias para
ajudar com
cestas básicas,
roupas e
material escolar
para as
crianças, porém
não conseguem
atender à
necessidade da
grande maioria
das pessoas,
devido à
desigualdade
socioeconômica e
à falta de
oportunidade de
emprego e
condições
básicas de
sobrevivência
para muitos
trabalhadores.
Isso acaba
tornando-se um
grande círculo
vicioso, pois
não querendo
realizar o
assistencialismo
muitos grupos
acabam sendo
obrigados a
fazê-lo, devido
ao acentuado
desequilíbrio
social e à
grande
desigualdade de
oportunidades na
nossa sociedade
dos últimos
anos.
Segundo Allan
Kardec em O
Livro dos
Espíritos2 no
cap. XI, vamos
encontrar o
verdadeiro
sentido da
caridade, quando
pergunta ao
Espírito da
Verdade: Qual
o verdadeiro
sentido da
palavra caridade
como entendia
Jesus?
“Benevolência
para com todos,
compaixão para
as imperfeições
dos outros,
perdão das
ofensas.”
Olhando a
situação pelo
lado espiritual,
compreendemos
que esse desafio
é recíproco,
pois sabemos que
nada levaremos
desta vida,
então a ajuda
pode ser feita e
a grande
preocupação é um
controle
equilibrado na
distribuição
para que todos
possam receber
uma cesta básica
e que ninguém
tire proveito
disso, levando
vantagem ou se
colocando na
condição de
necessitado,
enquanto na
verdade poderia
trabalhar ou
realizar algum
tipo de serviço.
Infelizmente
existem pessoas
que vivem à
margem da
sociedade, pela
idade, pela
falta de
escolaridade e
de qualificação,
e até por
problemas
físicos e
psiquiátricos,
aumentando ainda
mais o número de
pessoas fora do
mercado de
trabalho.
Sem o
esclarecimento
da Doutrina
Espírita, apenas
teríamos uma
visão
socioeconômica
do mundo em que
vivemos, pois
sabemos que a
riqueza e a
pobreza são
provas
solicitadas pelo
espírito antes
de reencarnar.
Podemos
compreender
melhor a questão
com a leitura da
obra O Livro
dos Espíritos2,
com as perguntas
132 e 133 e
depois das
perguntas 258 a
273. Isto é uma
interessante
exposição sobre
os diferentes
casos que
envolvem um
processo
reencarnatório,
assim como as
diferentes
escolhas
realizadas pelo
espírito.
Referências:
1) Xavier,
Francisco
Cândido; Companheiro;
Cap. 12 – Temas
de Esperança;
Ed. IDE.
2) Kardec,
Allan; O
Livro dos
Espíritos; 2a p.-
Cap. II –
Objetivo da
Encarnação; Cap.
VI - Escolha das
provas; Cap. XI
- Caridade e
amor do próximo:
FEB.
3) Wikipédia (Enciclopédia
livre).