Artigos

por Juan Carlos Orozco

 

A Doutrina da transformação moral


Esta reflexão destaca um dos propósitos do Espiritismo como codificação de esclarecimentos espirituais para estimular a transformação moral do ser humano, focando a importância de se praticar os ensinamentos e exemplos do Cristo em ações de servir mediante obras edificantes para a própria evolução moral e de seus semelhantes.

A Doutrina Espírita tem Jesus como modelo e guia, representando o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.

O Mestre revelou a verdade divina pela Palavra que liberta a todos que creem e praticam os seus ensinamentos e exemplos como roteiros de vida, conduzindo-os pelo caminho do progresso moral e espiritual.

O seu Evangelho é o maior código moral existente, ensinando a colocar em prática as leis de Deus. O amor a Deus não pode se dar sem o amor ao próximo em toda a sua abrangência e plenitude.

Assim, o Espiritismo foca a prática da caridade como meio de salvar a alma para promover o progresso espiritual na busca da perfeição.

A respeito desse foco, o Espírito Emmanuel, no livro Pão nosso, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, “No serviço cristão”, alerta para questões essenciais, em que determinados trabalhadores, aprendizes ou grupos espíritas concentram seus esforços tão somente em estudos e investigações de problemas, temas, assuntos ou fenômenos que não conduzem para a transformação moral do ser humano.

Emmanuel ensina:

“Não falta quem veja no Espiritismo mero campo de experimentação fenomênica, sem qualquer significação de ordem moral para as criaturas.

Muitos aprendizes da consoladora Doutrina, desse modo, limitam-se às investigações de laboratório ou a discussões filosóficas. (...)

Não vale pesquisar recursos que não nos dignifiquem. (...)

Não adianta guardar a certeza na sobrevivência da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida espiritual. E nesse esforço de habilitação, não dispomos de outro guia mais sábio e mais amoroso que o Cristo.

Somente à luz de suas lições sublimes é possível reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o coração. (...)

O problema não é apenas de saber. É o de reformar-se cada um para a extensão do bem.

Afeiçoemo-nos, pois, ao Evangelho sentido e vivido, compreendendo o imperativo de nossa iluminação interior, porque (...) ‘todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebermos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo, o bem ou o mal’.”

Emmanuel chama atenção acerca de estudos e debates que não conduzem para a transformação moral das pessoas.

Que adianta saber da imortalidade do Espírito se esse conhecimento não beneficia mudanças de comportamento mediante serviço edificante que prepare a futura morada?

Para que saber do perdão se sou incapaz de perdoar quem me ofende? Então, a oração do Pai Nosso é composta de palavras sem sentidos práticos.

Que importa saber do amor se mantenho o coração com sentimentos de ódio, raiva e rancor?

As consequências dos esclarecimentos espíritas devem estimular a reforma íntima na prática do bem para a construção do reino de Deus dentro de si. Por isso, imprescindível caminhar com Jesus pelas verdades divinas que libertam a alma em direção ao Pai.

A Doutrina Espírita procura elucidar o ensino moral cristão à luz da nova revelação, estimulando a reforma íntima, em que os ensinamentos do Mestre Jesus constituem roteiro de condutas para a conquista dos tesouros celestiais que nem a traça e a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

O Evangelho tem que ser compreendido, meditado, sentido e vivido, porquanto ele é referência para regenerar e retificar sentimentos e atitudes viciosas. São aprendizados renovadores que indicam o caminho, o roteiro de ação e a diretriz para o aperfeiçoamento de cada ser.

Pelo Evangelho redivivo, tem-se a oportunidade de reajustamento de todos os valores humanos, como processo libertador de consciência que produz resultados inestimáveis.

O Espírito esclarecido adquire nova visão da vida, de si mesmo e do outro. Permite perseguir parâmetros comportamentais que auxiliam a sua melhoria e do próprio mundo.

Tendo consciência de si mesmo, pelo autoconhecimento e autodescobrimento, o ser humano é estimulado a modificar-se para melhor, porque passa a compreender a necessidade de ser bom e progredir moralmente. Em decorrência, a alma tocada pelo amor divino persevera na prática do bem e passa a assumir responsabilidades, compromissos e deveres para combater as suas más tendências.

A Doutrina Espírita mostra o caminho a ser seguido em um longo processo evolutivo de pluralidade de existências, tendo por fundamento os ensinamentos do Cristo deixados em seu Evangelho de amor e luz.

A mensagem cristã do merecimento segundo as suas obras estimula o trabalho e o esforço individual como mola propulsora da construção do saber e da moralização, ainda que o Espírito viva em um mundo de expiações e provas.

As boas obras meritórias da caridade devem ser praticadas sem ostentação. O que precisamos da árvore são bons frutos, pois seremos julgados pelo que fizemos ou deixamos de fazer. Não se pode perder o foco do lema espírita: fora da caridade não tem salvação!

Nesse contexto, o espírita deve dar exemplo, confiabilidade e autoridade àquilo que prega e difunde.

O momento atual exige perseverança e vigilância por parte dos trabalhadores espíritas. A retidão de comportamento, atitude e procedimento no caminho do bem e da caridade terá efeito aglutinador pelo exemplo de fé, esperança e confiança em Deus e no Mestre Jesus.

Cresce de importância assimilar os verdadeiros entendimentos doutrinários espíritas, mediante a correta compreensão dos princípios do Espiritismo, estimulando a prática das verdades que libertam a alma.

Portanto, permanecendo na Palavra e conhecendo a verdade divina na busca da transformação moral libertadora, a perseverança e a vigilância surgem como essenciais preceitos de conduta nas lutas renovadoras, das quais somos convocados a fazer as escolhas mais acertadas em prol dos mais elevados sentimentos de fraternidade universal, pela prática da caridade conosco e aos nossos semelhantes.

 

Bibliografia:

EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Pão nosso. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Estudo aprofundado da Doutrina Espírita: filosofia e ciências espíritas. Livro V. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita